Desde o lançamento do primeiro jogo, ainda lá em 2013, The Last of Us foi uma franquia que ficou comigo. A narrativa impecável, os personagens envolventes e toda a trama elevaram essa história para muito além do que “mais um jogo de zumbi”. Perdi as contas de quantas vezes terminei o primeiro jogo, variando entre replays do original, da versão remasterizada no PS4, do remake no PS5 e do port de PC. Entendo a comicidade que é um único jogo ter mais versões de relançamento do que novos jogos na franquia, mas ainda assim, não sinto vergonha de ser uma dessas pessoas que a cada novo re-re-re-relançamento estava lá para experienciar tudo de novo.
Dito isso, não consegui jogar The Last of Us Part II mais do que uma vez. Tanto que minha platina ficou esquecida e nunca mais retornei ao jogo para um novo playthrough. Não é porque o jogo é ruim ou eu não tenha gostado, longe disso. O motivo envolve mais questões pessoais e sentimentais do que eu gostaria.
Pouco tempo depois que o jogo havia sido lançado, perdi familiares importantes, a pandemia começou a pegar no tranco e aí foi só ladeira abaixo. Por pura contiguidade desses acontecimentos com o lançamento, relembrá-lo trazia, em sua maioria, lembranças amargas. A história de vingança de Ellie e Abby também descia como um espinho na garganta, difícil de engolir. Presenciar duas protagonistas tão queridas mas tão antagônicas em um embate sangrento era de uma dor sem fim. Eu sou envolvido demais com esses personagens, era complicado não me importar.
O tempo passou e, para a surpresa de ninguém, mais um relançamento na franquia chegou. The Last of Us Part II Remastered estreou para PCs tardiamente, mas trouxe um pacote completo (e definitivo) de se experienciar. Quase cinco anos depois, era hora de enfrentar novamente essa história que me causou tanto desconforto.
Trago boas notícias para quem estava preocupado com esse port após a presepada colossal que foi o Part I no PC: TLoU Part II não só funciona bem, como é um excelente port. As preces foram ouvidas e a Nixxes (em parceria com a Iron Galaxy Studios) entregou um ótimo trabalho.
No quesito gráfico, o jogo entrega tudo o que o PS5 possibilita e vai um pouco além. A qualidade da imagem está bem legal, o menu de configurações gráficas conta com diversas opções que são bem escaláveis para atingir um nível de performance adequado dependendo do seu hardware. O jogo também conta com tudo o que vimos até aqui nos ports da Sony: tecnologias de reconstrução de imagem, como AMD FSR (versão 3.1 e 4.0 com frame generation), DLSS 3 e Intel XeSS; suporte a telas ultra-wide, e também para HDR e DirectStorage. A melhor parte pra mim, como um jogador veterano de shooters, foi o ótimo suporte a mouse e teclado. Mirar e atirar usando o mouse é anos-luz mais fácil e satisfatório. Entretanto, para quem não curte, o jogo também tem acesso total às funcionalidades do DualSense.
Sobre performance, fiquei bem satisfeito com o que vi. Passei por diversos momentos com muita ação na história e, nesse meio tempo, não presenciei nenhuma queda brusca de FPS ou gargalos malucos. Não fiquei de olho o tempo inteiro, mas quando estava analisando as métricas, meu gameplay não caiu pra baixo dos 60-70 FPS em basicamente hora nenhuma. O jogo não conta com ray tracing e nenhum outro recurso gráfico muito pesado, então a performance deve ser aceitável mesmo em PCs mais antigos ou mais fracos. Pelo game não contar com um dinamismo de luz e sombra muito extenso (por consequência, os cenários são mais estáticos), os artistas da Naughty Dog ainda conseguiram trazer realismo e estética de uma forma leve para hardware da época.
O único problema que pude presenciar foi o de alguns bugs gráficos bem esporádicos ao longo do meu tempo com o jogo. Texturas que piscavam ou não carregavam direito, objetos flutuando no cenário e outras pequenas bizarrices assim, mas nada muito sério ou que atrapalhasse a minha imersão. Aliás, houve sim um momento de quebra da imersão: o taco de golfe na mão da Abby ficou “voando” durante uma certa cena. Foi… curioso, pra dizer o mínimo.
Fora esses pequenos detalhes, não tenho muito mais o que apontar ou reclamar aqui. Roda liso, está bonito e joga bem. Imagino que deva rodar bem nos portáteis tipo Steam Deck e Asus Rog Ally, por conta das configurações gráficas adaptáveis.
Eu diria que essa é a versão definitiva para se jogar The Last of Us Part II. Conta com todas as melhorias recebidas no PS5, como o modo No Return e mais uma série de novidades técnicas que só estão disponíveis no PC. Posso dizer que meu retorno a TLoU II foi melhor do que eu esperava – não apenas superando meus traumas com essa história e tudo o que ela implica, mas também como um bom e competente port, gostoso de se jogar.
Jogo analisado no PC com código fornecido pela Sony Interactive Entertainment.
PC utilizado na análise:
- Processador: AMD Ryzen 7 5700X
- Placa de vídeo: RTX 4070 GALAX 1-Click OC 2X
- Placa-mãe: ASUS TUF B450M-Plus Gaming
- Memória RAM: 32GB (16×2) Kingston Fury Renegade 3600MHz
- SSD: NVME Crucial P1 1TB