Análises

The Dark Pictures Anthology: House of Ashes – Review

Mais um ano chega, e um novo episódio da série The Dark Pìctures Anthology sai para os consoles. Lançado originalmente em 2019 pela Supermassive Games, a mesma de Until Dawn, e distribuído pela Bandai Namco, a série narra, de forma individual, diversas histórias de terror interativas. Desta vez, o jogador deve encarar todos os seus medos em The Dark Pictures Anthology: House of Ashes.

House of Ashes
A Supermassive Games sempre dá spoiler do próximo episódio em seus jogos. Fonte: PS5 Create

O ano é 2003, você e seu time precisam invadir uma área no Iraque em busca de armas químicas que iriam ser supostamente usadas na guerra. Ao chegar no local e após alguns eventos, um terremoto anormal acontece na região e leva alguns dos principais personagens às profundezas do desconhecido.

No papel de Rachel (Ashley Tisdale), Eric, Nick, Jason e outros integrantes, você deve encarar uma caverna cheia de segredos assustadores e claro, decidir quem vive e quem morre nessa história interativa.

Falar sobre a série The Dark Pictures Anthology é um tanto quanto complicado. O 1º e o 2º título trouxeram suas peculiaridades, que equilibravam bem o gameplay. Em House of Ashes, porém, a coisa não funciona muito bem assim, já que ele basicamente une tudo que já foi visto e traz a sensação de se estar jogando a mesma coisa. Isto, na prática, não é mentira, já que estamos falando de uma antologia que provavelmente continuará nesse caminho.

As decisões, por outro lado, continuam atrativas. Suas atitudes no agora, podem mudar completamente o futuro. Às vezes, inclusive, o que está por vir não traz um diálogo de escolha, mas sim um acontecimento automático com base no que foi feito no passado. Isso é bem legal, pois mostra que, embora exista o controle em cima do destino dos personagens, podem haver reviravoltas surpreendentes.

Algo que deve ser levantado, no entanto, é a grande quantidade de QTE (Quick Time Events) que eles colocaram aqui. Em Little Hope, eu elogiei o fato deles terem conseguido equilibrar isso em realação a Man of Medan, mas parece que voltaram atrás e decidiram deixar o “esmaga” botões mais presente desta vez. O que é cansativo, diga-se de passagem.

House of Ashes
Em modos mais difíceis, o botão de ação contínuo pode mudar aleatoriamente, o que pode confundir o jogador e levá-lo a um erro mortal. Fonte: PS5 Create

Em questões de gameplay, The Dark Pictures Anthology nunca foi um bom exemplo. O fato dele ser focado na história, faz com que você tenha um contato mínimo com os comandos em si. Mas não pense que isso é ruim. Na verdade, você vai agradecer quando não tiver que controlá-los

As poucas vezes que você controlar alguém em House of Ashes, perceberá o quanto a jogabilidade é dura e confusa. Às vezes os comandos simplesmente não respondem e frustração é o único sentimento possível neste momento. Isso torna-se pior ainda em ambientes fechados e apertados (que são vários), onde o personagem fica louco e não responde às ações dadas.

O fato da jogabilidade não ser tão boa, afeta também os eventos de QTE. Em alguns momentos você pode perder o timing da ação pelo simples fato do botão não ter sido reconhecido. Claro, existem momentos que exigem raciocínio rápido e não há segunda chance quando se erra. Porém, neste caso, quando o acontecimento é apenas uma repetição, o mínimo que se espera é que o jogo reconheça, mas infelizmente, isso não acontece como deveria.

E por falar em QTE, devo dizer que este é o título com mais cutscenes até agora. Quando você pensa que vai começar a controlar o personagem, vem uma cena extra e acaba com seu momento. Não que ter o controle de um deles seja a coisa mais legal do mundo pois, como eu disse, a jogabilidade não é tão boa. Mas eu, particularmente, perdi um pouco da paciência com alguns filmes que pareciam não ter fim.

É preciso sim, ter paciência com um título que se vende como filme interativo, pois cenas muito longas fazem parte do roteiro. No entanto, é preciso saber medir as coisas para não ficar tão exaustivo, já que no fim das contas, The Dark Pictures: House of Ashes, continua sendo um jogo.

House of Ashes
A participação do curador neste episódio da Antologia é quase inexistente. Fonte: PS5 Create

Se comparado com os outros jogos da série, House of Ashes tem a melhor história e os melhores gráficos. Com o poder do PS5, é possível distinguir muito bem os elementos do cenário, além dos efeitos de luz e sombra serem muito bem feitos. Os personagens foram muito bem desenhados, com exceção da Ashley Tisdale, que seria o “às” na manga da Supermassive Games.

Neste episódio, eu demorei um tempo até entender que a personagem Rachel era interpretada pela Ashley Tisdale. Talvez o cabelo preso e o formato do resto tenham dificultado o reconhecimento, mas tendo em vista que este é um dos pontos fortes do jogo, isso não deveria acontecer. Em Little Hope, por exemplo, o ator Will Poulter (Midsommar, Maze Runner), que interpretou um dos personagens, foi fielmente transportado para o título, fato que, infelizmente, não aconteceu tão bem com a atriz aqui.

Outro ponto que deve ser levantado é que, mesmo com gráficos lindos graças ao poder do PS5, existem alguns problemas com textura. Em transições de cenas rápidas, você percebe os detalhes ainda carregando. Além disso, a performance durante as cutscenes é muito boa, mas no jogo em si parece que – com exceção dos gráficos – continua a mesma coisa que a versão de PS4.

House of Ashes
Mesmo sem um modo foto, o jogo te dá ângulos favoráveis para várias capturas de tela bacanas. Fonte: PS5 Create

Como eu disse aqui, a história de House of Ashes é a melhor já apresentada. O jogo tem, inclusive, um pequeno easter egg de Little Hope, o que mostra que embora eles não se conectem diretamente, conseguem trazer passagens bem legais pelos títulos anteriores. Mas nem tudo são flores.

The Dark Pictures Anthology: House of Ashes é um jogo com uma excelente narrativa, no entanto, não há novidade nenhuma nas mecânicas apresentadas aqui e o gameplay é ruim, fato que é menos favorecido ainda pelos cenários.

Em contrapartida aos pontos negativos, este episódio foi o único que me deu vontade de jogar mais de uma vez. Não pelas mecânicas, claro, mas sim pelo enredo e os personagens, que são extremamente carismáticos e cativam o jogador logo de cara. Mas de resto, House of Ashes não traz nada de surpreendente em relação ao 1º título da saga.

Curiosidade: Man of Medan e Little Hope foram lançados no dia 30 de outubro de 2019 e 2020, respectivamente, um dia antes do Halloween. House of Ashes acabou quebrando isso, pois o jogo chegou ao mercado no dia 22 de outubro.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Bandai Namco.

Rui Celso

Jornalista que decidiu se aventurar no mundo gamer desde o tempo em que as revistas eram a principal fonte de informação deste mundo do entretenimento. Hoje eu expandi meu universo e também faço parte do backstage deste universo atuando como Assessor de Imprensa. Só pra constar: Paper Mario é o meu jogo favorito da vida.

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