Pistol Whip – Review

A segunda metade do século XX foi marcada pela enorme quantidade de filmes de ação, com clássicos como Duro de Matar, Desejo de Matar, Um Tira da Pesada, 007 e muitos outros que sempre lotavam cinemas e locadoras. Com o tempo, a estrutura desse tipo de filme foi deixada de lado pelo público (salvo algumas exceções) para dar lugar a novas tendências, até ser finalmente resgatada por uma das franquias mais populares e influentes da atualidade: John Wick. É graças a essa obra que a Cloudhead Games produziu Pistol Whip, um jogo de ação rítmico sem igual para o PlayStation VR.

É impossível negar que os desenvolvedores de Pistol Whip se inspiraram nos elementos presentes em John Wick. Basta abrir o jogo para notar que os inimigos que se apresentam em ternos casuais, os cenários psicodélicos ao som de Techno e até mesmo os troféus são uma clara homenagem à franquia estrelada por Keanu Reeves. Mas colocando de lado as referências e easter eggs, a qualidade de um jogo não pode ser determinada por esses elementos, é preciso deixar claro que Pistol Whip apresenta uma das melhores e mais divertidas premissas já exploradas na realidade virtual. O conceito aqui é simples: eliminar tudo que se mova no ritmo da música com a sua pistola. Pode não soar tão empolgante, mas basta concluir um único estágio do game para não querer deixar de jogá-lo.

A apresentação do título é sensacional e o menu principal coloca você do lado de fora de um cinema, olhando para vários pôsteres presos na parede que representam as “cenas” (os estágios propriamente ditos). As cenas podem ser jogadas em qualquer ordem e cada uma tem sua própria música tema que dita a duração do estágio. Basta atirar na cena que se deseja jogar, selecionar a dificuldade e seremos teleportados para a ação instantaneamente. É tudo muito rápido, prático e direto ao ponto.

Os estágios são apresentados sob a forma de grandes corredores e, semelhante a um shooter sob trilhos, a movimentação é automática com a possibilidade para passos laterais (imagine-se em cima de uma longa esteira rolante). Conforme avançamos pelo cenário, inimigos aparecerão por várias direções e devemos eliminá-los com a nossa pistola para gerar pontos. Estes podem variar com base no quão sincronizados os nossos disparos estão em relação à batida da música. De início é um pouco complicado acertar o tempo exato dos disparos (ainda mais se você não está acostumado com a realidade virtual) mas existem pequenos azulejos brilhantes no chão que indicam o melhor momento para atirar. Há momentos pontuais na música em que os inimigos virão em nossa direção, exigindo reflexos rápidos para realizar o “pistol whip”, um movimento em que basicamente golpeamos o adversário com a pistola.

Sem sombra de dúvidas, Pistol Whip possui uma das melhores experiências audiovisuais presentes na realidade virtual. A parte gráfica do título é excepcional, com visuais psicodélicos e surrealistas, apelando para cores super saturadas e diversos efeitos de iluminação para criar um clima de rave aos cenários. Misture SUPERHOT com LSD e você terá mais ou menos o que temos aqui. Os cenários parecem organismos vivos se mexendo junto com a batida, com alguns se moldando e retorcendo enquanto passamos por eles.

Há três tipos de inimigos que aparecerão ao longo do game, tendo como única diferença a quantidade de tiros necessários para derrubá-los. O inimigo comum requer apenas um único tiro, o equipado com colete requer 2 disparos e por fim, o inimigo com armadura pesada requer 4. Essa variação entre os inimigos exige uma boa dose de raciocínio combinado a reflexos rápidos, para eliminá-los rapidamente e na ordem certa, de forma a não perder pontos com a batida da música.

Outra mecânica interessante presente em Pistol Whip se encontra nas linhas de aviso emitidas pelos inimigos. Essas linhas vermelhas indicam a trajetória percorrida pela bala disparada por eles, o que não só nos alerta da existência de mais alvos fora do campo de visão, como nos permite desviar das balas e contra-atacar. Isso é uma adição extremamente positiva que, em dificuldades mais elevadas, transforma as sequências de ação em complexas danças pela sobrevivência. Acredite se quiser, mas o trabalho físico e motor presente no título consegue ser maior do que em Beat Saber e dificilmente você não suará com as cenas presentes aqui.

O jogo atualmente apresenta cerca de 15 cenas disponíveis para serem jogadas, mas a desenvolvedora já prometeu que mais conteúdo chegará ao game nos próximos meses. Com relação às músicas presentes no título, temos um acervo excelente e diversificado de composições que  elevam a adrenalina a mil. A EDM (eletronic dance music) reina em Pistol Whip, com batidas de Dubstep, Synthwave, Riddim, Trance e Techno que certamente você adicionará à sua playlist. Assim como em Beat Saber, o potencial aqui é absurdo, e é muito provável que teremos colaborações com artistas famosos para trazer novos pacotes com músicas para o título.

O título apresenta controles muito simples e intuitivos, e requer apenas um único PlayStation Move para ser desfrutado. Claro, há um modificador que oferece a possibilidade de se utilizar duas pistolas (o que requer um segundo controle), mas o foco principal do título é a ação com uma só arma ao estilo John Wick.

Ao longo das cenas do game utilizamos o PS Move para mirar e o seu gatilho para atirar nos inimigos que aparecerão e, diferentemente da imensa maioria dos títulos do mercado, você não é obrigado a apertar um segundo botão pra recarregar sua arma. Aqui basta mirar para baixo e instantaneamente seu cartucho de balas será recarregado, algo bastante prático e muito utilizando em cabines de arcade clássicos como Time Crisis e The House of the Dead. A mecânica em si pode parecer insignificante, mas evita que o jogador se atrapalhe com os controles e traz maior dinamismo ao combate. Essa atenção em tornar o game o mais simples e acessível possível pode ser também vista através dos menus, que podem ser navegados apenas com o pressionar do gatilho do periférico e das suas diversas opções de acessibilidade que tornam a experiência muito confortável.

Assim como visto em Beat Saber, Pistol Whip também apresenta diversas opções de customização e modificares de gameplay que aumentam e muito o seu fator replay. Primeiramente, é possível escolher o modelo de pistola a ser utilizado dentro das cenas, havendo cerca de 6 ao todo, desde a compacta Glock à clássica Heckler & Koch P30L utilizada por John Wick. É preciso ressaltar porém que cada pistola tem sua própria quantidade de balas, o que por si só altera levemente a dificuldade do game. Além disso, podemos alterar as cores das armas, adicionar skins e até mesmo alterar o som emitido pelo disparo para dar um toque pessoal ao armamento.

Os modificadores por sua vez alteram completamente o gameplay dentro das cenas, podendo oferecer vantagens ou desvantagens e, com base neles, gerar bônus de pontuação. Por exemplo, há o modificador Deadeye, que desabilita a assistência de mira do jogo, obrigando a nos orientarmos pela mira presente na arma, tornando a experiência mais próxima da realidade, ou o No Fail que faz com que um único tiro errado resulte no fim da partida. Já outros modificadores ativam munição infinita, fazem com que os inimigos sejam eliminados com um único tiro ou ativam a dupla empunhadura.

Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Cloudhead Games.