FIFA é uma franquia anualizada e isso acaba sendo motivo de reclamação por vários jogadores no mundo todo. Entretanto, com as mudanças no mundo do futebol acontecendo a todo momento, principalmente com jogadores trocando de clubes e estes sempre com alterações constantes, torna-se quase entendível o motivo disso. Mas quando tratamos apenas do jogo, há motivo suficiente para investir a cada ano no mesmo título?
A resposta para isso não é algo fácil de encontrar. Aficionados por futebol, pelo esporte em si, podem não achar tão vantajoso os valores apenas pela parte mais visível, no caso as atualizações de elenco. Já os entusiastas do jogo, da competição online e mais, veem em cada ano um frescor para sua franquia querida, com alguma alteração no FUT ou partidas online que corrigem problemas anteriores e justificam o preço.
FIFA 21 tem uma missão complicada, assim como FIFA 14 teve, mas mostrou algum resultado. No limiar da mudança de geração, os potentes novos consoles vão impulsionar o visual do jogo de alguma maneira. Já quanto ao conteúdo, muitos se perguntam se um jogo entre transições de geração pode ser o ideal ou é melhor esperar a versão já feita definitivamente para a próxima geração.
Boa parte das novidades do jogo já sabemos de antemão. A atualização de elencos, mais times licenciados e também competições oficiais são o atrativo inicial para todos. Fora isso, o que tivemos em FIFA 21 foi apenas melhoria aos modos já existentes, como modificações no FUT, uma expansão do modo VOLTA e, finalmente, dedicação maior ao modo carreira.
Vamos ao princípio aqui. Jogadores de FIFA e PES sempre se digladiaram em defender sua franquia favorita e isso passa principalmente pela jogabilidade. Enquanto PES tenta ser um jogo mais coletivo e numa representação maior de simulação de futebol, FIFA é um jogo de liberdade, entretenimento fácil à primeira vista mas com uma certa profundidade para se tirar o melhor de sua jogabilidade. A ideia é de que FIFA traz uma exploração mais individual de cada jogador e suas qualidades, explorando a habilidade que cada jogador possui.
Não há nada de errado nas abordagens apresentadas nos jogos, mas como um esporte que depende do coletivo, que se destaca sempre por isso, FIFA acaba ficando um passo atrás, mais por investir nas possibilidades que um jogador pode fazer de forma individual do que onde uma equipe pode se chegar com as peças certas, sem depender de estrelas. De toda forma, como já dito, é uma decisão do jogo e funciona bem, até porque atrai um público que busca isso e se diverte dessa maneira.
Mesmo entendendo tudo isso, acaba sendo fácil notar que FIFA se tornou uma melhoria constante, aperfeiçoando o que alcançou, mas nunca revolucionando em sua fórmula. A última grande reinvenção da jogabilidade aqui aconteceu há bastante tempo, com o jogo tendo investido mais e mais no desenvolvimento do FUT e daquilo que real dá retorno financeiro a empresa. Entretanto, sem uma grande melhoria ou atualização, principalmente agora com novos e poderosos consoles no horizonte, a franquia tende a ficar obsoleta, principalmente por não investir numa jogabilidade mais atual.
Na questão técnica, que vai englobar animações, visual de jogadores, detalhamento de estádios, apresentações de jogo e mais, o padrão também continua, não sendo nada excepcional, mas de boa qualidade. É esperado que isso melhore consideravelmente para os próximos lançamentos, principalmente com modelos mais realistas, tanto de jogadores quanto dos famosos treinadores inseridos no jogos. Algo a destacar são as animações de jogadores durante as partidas, com colisões mais realistas, movimentos melhorados e mais.
FIFA acabou negligenciando um modo de de jogo ainda querido por vários jogadores e que talvez tenha sido um motivo do jogo ter crescido tanto após as versão de 2005 e 2006, que foi o modo carreiras. As poucas inovações ou até nenhum investimento nisso em alguns anos foi um desânimo para muitos, mesmo que a maioria dos jogadores e o próprio título tenha se empenhando mais no FUT nos últimos anos.
Agora, pelo menos nessa edição 21, o modo carreira recebeu uma atenção especial. Melhorias nas contratações, manutenção de equipes, treinos, montagem do seu plantel e algumas opções táticas dão uma certa rejuvenescida aqui. Talvez seja uma opção de jogo procurada pelos jogadores mais antigos da franquia ou que querem uma experiência mais tranquila sem todo o stress dos modos online, mas de toda forma ainda é importante e há interessados nela, e agora com as melhorias apresentadas, se tornou uma opção válida e bastante divertida no jogo.
Além disso, um modo de jogo que teve mais destaque foi o VOLTA, versão do futebol de rua e que foi implementado no último FIFA 20. Por mais que tenha mais modos de jogo, uma nova história, melhor desenvolvimento da jogabilidade e mais, ainda não é o FIFA STREET que todos esperavam. Talvez até nunca será, mas é impossível não assimilar o modo de jogo com o título que fez imenso sucesso aqui, principalmente na época do PS2.
VOLTA é uma experiência divertida, descompromissada e que preza mais pelo jogo de leve. Novos “estádios”, ambientes diversos pelo mundo, modos online e mais dão uma sobrevida ao modo e deve angariar alguns mais interessados, entretanto, falta de profundidade aqui deixa essa opção como algo mais corriqueiro e talvez nunca será o foco de alguém que vá comprar FIFA 21.
Finalmente indo ao gigante de FIFA dos últimos anos, FUT continua como sempre, focando em tentar ao máximo trazer lucro via micro transações e, mesmo com melhorias, bastante desbalanceado. Os novos sistemas de rankings, temporadas e divisões tem como objetivo criar um certo equilíbrio entre jogadores mais experientes e novatos, criando competições onde cada um encontra adversários do seu nível. Entretanto, ainda não é o que acontece.
Digamos que você seja um veterano no modo, já sabe estrutura seu time com o que te é dado, é bom no jogo e ainda tem sorte com algumas contratações, pode ter certeza que terá vida fácil no início. Se você é um novato e tudo isso é estranho, prepare-se para sofrer. A questão é que o matchmaking não funciona de forma a dar chance aos novatos ou criar o desafio esperado para os veteranos. Começar um time novo no FUT, com jogadores entre 60 a 70 de ranking geral, com um ou outro atleta acima disso, ainda é possível criar um time competitivo para sua categoria, mas pode acabar te colocando com jogadores em um time acima, até 80 de geral para jogadores, na mesma divisão, na mesma categoria.
Ainda que o modo de jogo tenha como objetivo prender o jogador na busca de melhores cartas de jogadores, manutenção do elenco e evolução do time, a forma como a estrutura de partidas funciona e o matchmaking do jogo só vão privilegiar aqueles que já sabem como tirar o melhor disso. A experiência pode ser frustrante com o tempo, com o sistema de divisões. Por mais que um novato aprenda a subir seu nível e melhorar o time, mudar para divisões maiores se torna algo não divertido. Logicamente, para aqueles que já adoram o modo e entendem seu funcionamento, a estrutura e competitividade pode não ter tanta interferência na sua diversão.
FIFA 21 não revoluciona a franquia, não faz o suficiente para ser uma experiência que soe diferente da anterior e ainda se prende demais em um modo de jogo apenas, buscando apenas o retorno financeiro que isso pode dar. Continua sendo algo divertido, mas bastante descompromissada para os que não vão investir no FUT. As melhorias no modo carreira vão atrair jogadores mais antigos da franquia, mas ainda é difícil presumir que estes ficarão nela sem muito mais no que se divertir.
Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Electronic Arts.
Veredito
FIFA 21 não faz o suficiente para mostrar o poder da franquia. Continua uma experiência igual às anteriores, mas ainda divertida em alguns pontos. A jogabilidade ainda privilegia mais o individualismo do que o coletivo, isso num esporte em que o coletivo é tudo. O modo carreira é com certeza o mais beneficiado nesta versão, mas a maioria dos jogadores ainda investirão num modo FUT, que é desbalanceado e prioriza o mercado de microtransações.
FIFA 21 does not do enough to show the power of the franchise. It remains an experience just like the previous ones, but still fun in some points. Gameplay still favors individualism more than the collective, this in a sport where the collective is everything. The career mode is certainly the most benefited in this version, but most players will still invest in the FUT mode, which is unbalanced and prioritizes the microtransaction market.
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