Dragon Quest é a epítome do que é um JRPG. Enquanto outras franquias foram se expandindo e se tornando mais famosas ao redor do Globo, DQ nunca se afastou das suas origens, tendo construído uma legião de fãs no Japão apaixonada por cada pequeno detalhe tradicional da franquia, sendo uma das poucas que a cada jogo consegue se manter atual, mas evocando um sentimento de nostalgia único.
Natural então que, quando ela finalmente entrou na atual onda de remakes pela qual a indústria vem passando, o clamor pelo seu lançamento fosse gigantesco, especialmente por fãs do gênero. A escolha de reconstruir um jogo ao redor do lendas urbanas surgiram, inclusive a de que teria sido responsável pela proibição do lançamento de jogos da série no meio da semana (e prisões reais aconteceram por estudantes faltaram às aulas para jogá-lo), seria a mais intuitiva então.
E é assim que caminhamos para o lançamento de Dragon Quest III HD-2D Remake, um jogo que não só é o título mais vendido da franquia até hoje no Japão, mas um dos mais aclamados, agora chegando para plataformas modernas com a esteticamente incrível roupagem HD-2D que se tornou uma das marcas registradas da Square Enix desde o lançamento de Octopath Traveler. E, felizmente, o PSX Brasil recebeu o convite da publisher para testar as primeiras horas do jogo antes do seu lançamento.
Desenvolvido pela Artdink, estúdio que já havia trabalhado com a Square Enix no desenvolvimento de Triangle Strategy, outro jogo com a mesma identidade visual, esse não é o primeiro remake dele, com, além do original de NES, tendo recebido versões para SNES, Game Boy Color, Wii, Android e iOS (que é como eu joguei a versão original). Mas é o primeiro remake a trazer conteúdos inéditos ao jogo.
Cronologicamente, Dragon Quest III HD-2D Remake é o primeiro jogo da Erdrick Trilogy, se passando alguns anos antes do primeiro Dragon Quest e, consequentemente, de Dragon Quest II que fecha todo o arco (os demais jogos serão lançados também em HD-2D em 2025). O jogador assume o papel do Hero, filho de uma lendária figura chamada Ortega, que recebe a missão de recrutar três aliados e partir em uma jornada para enfrentar um poderoso demônio que está ameaçando destruir o mundo.
À primeira vista, tudo muito claro, tudo muito simples. Afinal, estamos falando de um jogo que foi lançado originalmente em 1988, quase 40 anos atrás, muito antes de várias das expectativas que foram construídas justamente por desenvolvedores inspirados direta ou indiretamente pelo que temos aqui. Dito isso, mesmo em seus primeiros momentos, ele consegue capturar algo que poucos jogos fazem bem até hoje: o sentimento de aventura.
Mesmo tendo se mantido consideravelmente fiel ao original, Dragon Quest III HD-2D Remake é imensamente divertido de explorar, muito graças à natureza um pouco mais aberta desse título. É claro, ainda há um certo direcionamento do que fazer e como fazer cada ponto, mas essa maior liberdade traz uma perspectiva bem legal à experiência e, sinceramente, com o quão belo o remake ficou, essa liberdade só alimenta a vontade de passar algumas boas horas admirando os pequenos detalhes.
Em termos de gameplay, não há muito o que dizer, já que ele é, essencialmente, o que se espera de um JRPG bem tradicional, então se prepare para excelentes batalhas por turnos. A grande novidade fica por conta da modernização dos sistemas vistos aqui para serem mais em par com as novidades que a franquia foi adicionando ao longo da década. São adições muito bem-vindas de melhoria de qualidade de vida, com monstros totalmente animados, dublagem, configurações de aumento de velocidade das batalhas e diferentes modos de dificuldade que, num todo, tornam a experiência customizável e, consequentemente, mais acessível.
Existem várias outras melhorias prometidas para o Remake mas que eu ainda não tive a oportunidade de testar nas horas em que jogamos, como uma nova vocação, novos personagens, novos segmentos de história, novos cenários e mudanças na monster arena, então ainda há algumas dezenas de horas para vivenciar antes de entregarmos o nosso review.
A única reclamação que eu tenho do jogo até aqui é que, embora traga legendas em vários idiomas, incluindo espanhol e espanhol latino-americano, a falta de legendas em português é notória e devem afetar fãs do gênero que não tem domínio de outro idioma, mas que vinham tendo o prazer de ver mais e mais JRPGs chegando com legendas em nossa língua. Algo especialmente triste quando se considera o quão importante Dragon Quest III HD-2D Remake é para trazer novos olhos para um dos mais importantes e influentes clássicos do gênero.
Fora esse pequeno problema, Dragon Quest III HD-2D Remake é, até aqui, um título imensamente promissor e que vai não só fazendo jus ao original, mas sendo mais uma prova do quão bem a Square Enix tem conseguido modernizar clássicos importantes da sua rica história. Resta nos ver o que a experiência nos oferecerá daqui pra frente mas, pelo que temos aqui, ele vem pra fechar com chave de ouro um ano brilhante da produtora japonesa no gênero que a consagrou: seus RPGs.
Preview elaborado com um código fornecido pela Square Enix.