Durante algum tempo, jogos que usavam veículos para outros fins que não fosse necessariamente algum tipo de corrida estavam em alta e com grande apreço do público. Foi um período de imenso sucesso para jogos como Twisted Metal, Vigilante 8 e mais alguns, mas que logo após isso, nunca mais conseguiram agradar uma grande massa de jogadores.
Talvez o gênero de batalha de carros não tenha muito mais impacto hoje como já foi antes. A tentativa de reviver Twisted Metal ainda em 2012 mostrou que o interesse é mínimo e que seria necessário desenvolvedoras olharem para outras alternativas, como aconteceu com Rocket League. Apesar disso, outras tentativas de inovação se mostraram infrutíferas, como foi o caso de Onrush e demais títulos que tentaram mudar e sair da rotina dos títulos de corrida arcade e simulador.
Destruction AllStar é uma aposta da Lucid Games em parceria com a Sony para o PlayStation 5, tendo sido inclusive planejado como um dos jogos de lançamento para o novo console. Em uma revisão da estratégia de lançamento, o jogo foi movido para lançamento no plano PS+ de fevereiro de 2021 para todos os assinantes do serviço.
Sendo um título mais acessível para vários jogadores agora e com forte apelo no componente multijogador, poderia se esperar um sucesso considerável para o jogo, principalmente possuindo até um planejamento de conteúdos futuros a serem adicionados. Entretanto, o que a Lucid Games entrega no seu novo jogo de arena de destruição de veículos é um conteúdo raso, sem muito atrativo e que acaba não fazendo bom uso das características mais únicas que poderiam entregar.
Partindo do princípio, Destruction AllStars não é um jogo de corrida tradicional, mas também não é uma arena de batalha fervorosa e cheia de armamentos como Twisted Metal ou Vigilante 8. O jogo é uma espécie de bate-bate num ambiente fechado, usando personagens numa constante troca de veículos e busca por pontuação em modos de jogo diferentes. Cada personagem pode invocar um veículo único seu, usando de suas habilidades para facilitar o combate e conseguir vencer a partida para si ou seu time.
Jogue no modo solo com alguns desafios específicos contra a IA do jogo ou adentre nos modos online para poder se divertir. De certa forma, mesmo as opções do jogo são limitadas. Aproveitar o título sozinho é uma opção não muito interessante, já que os desafios são apenas metas predefinidas e dificilmente vão te desafiar no que o jogo propõe ou ser sequer algo divertido. Já os modos online, em time ou no famoso cada um por si, são a melhor opção, mas mostra rapidamente a falta de conteúdo do título.
Em resumo, o jogo te coloca como um personagem a pé em cada arena, onde se deve procurar um carro disponível, entrar nele e bater nos demais adversários para conseguir pontos. Eventualmente seu veículo será destruído e, ficando novamente a pé, deve-se procurar uma outra direção para repetir o processo. Nesse meio tempo, é possível coletar recursos nas arenas para invocar um veículo especial de cada personagem, que irá ter habilidades únicas e mais poderosas. Repita todo esse processo sem muitas novidades e terá o escopo de cada partida no jogo.
Novamente, a falta de conteúdo deixa a impressão de que o título não tem muito a oferecer, com mapas pouco variados e sem profundidade. Isso também é percebido na jogabilidade, já que, fora os veículos únicos de cada personagem e seus ataques exclusivos, o restante se limita a acelerar e usar um dash para atacar os inimigos, sem muita inovação. Inclusive, há aqui um desperdício imenso da criação única de cada personagem e seus veículos exclusivos, se tornando apenas algo que acontece rápido em partidas e não utilizando o potencial que cada um poderia oferecer. Seria muito melhor para o jogo se cada personagem sempre usasse seu veículo próprio, com habilidade e design únicos, ao invés de ficar andando em carros padrões no mapa e coletando recursos desnecessários.
De pontos positivos, podemos observar a boa criação de cada herói do jogo e suas histórias. Infelizmente isso não é utilizado o suficiente e de nada serve no fim. Falta um pouco mais de ousadia no jogo, seja para apresentar jogabilidade característica ao estilo de combates de carro e até um pouco de loucura, como é fácil ver nos exemplos citados no início do texto. Todos esses jogos de sucesso abraçaram a completa falta de lógica para entregar algo divertido, algo que aqui o título se limita demais e tenta dar razão para coisas desnecessárias.
Apesar de certa confusão causada pela interface e falta de clareza em muitos aspectos do jogo, ainda é possível entender e aproveitar o que é oferecido. Dirigir, acertar, bater, mover entre os veículos, procurar outro carro e repetir o processo funciona, ainda que seja tudo muito básico. A impressão é que o jogo carece de mais refinamento, polimento e detalhes, além de mais atrações para divertir o jogador.
Destruction AllStars apresenta ser mais um jogo para diversão descompromissada e passageira, sem muita profundidade. Mesmo que existam planos para adicionar conteúdo relevante com o tempo, é difícil imaginar isso mudando a estrutura base do título ou expandindo o que já existe a ponto de se tornar mais interessante. No final, o jogo é apenas uma arena de bate-bate com carros genéricos e não se destaca em nenhuma outra categoria, mesmo que possa ser divertido por algum tempo quando jogado com amigos e sem qualquer interesse maior.
Jogo analisado no PS5 com cópia obtida pelo plano PlayStation Plus.