Depois do Hype #1 – Final Fantasy XV: Royal Edition
Olá, caro leitor. Como você bem sabe, nós do PSX Brasil analisamos dezenas de jogos para trazer sempre as melhores opções de compra. Porém, sabemos que muitos dos títulos aqui analisados, num primeiro momento, podem não ser recomendados por diversos fatores. Pensando nisso, nós da redação decidimos criar uma nova coluna: o Depois do Hype.
Como você pôde perceber pelo nome, o Depois do Hype vai mostrar jogos que foram super hypados em seu lançamento, mas que de alguma forma, falharam com o público. Para a estreia desse novo especial, nós vamos “reanalisar” Final Fantasy XV: Royal Edition, a versão “definitiva” do jogo da Square Enix. Afinal, muita coisa mudou de 2016 pra cá, certo?
Sem mais delongas, abaixo você confere nossa crítica pós-hype de Final Fantasy XV e saberá se ele ainda vale ou não o investimento.
O mundo ao redor de Noctis
Noctis, filho do Rei Luci, parte em uma viagem para encontrar-se com Lunafreya, sua prometida há anos. Nessa jornada, Prompto, Ignis e Gladiolus seguem o príncipe como guarda-costas para protegê-lo e fazer com que chegue são e salvo a seu destino.
Embora tudo parecesse perfeito, Noctis vê sua vida virar de cabeça para baixo ao perceber que a cidade da coroa, Insomnia, foi alvo de um golpe, e que agora cabe a ele reaver o trono deixado por seu pai.
Final Fantasy XV parece muito direto em sua história. Direto até demais, diga-se de passagem. Na época de seu lançamento ele deixou muitos buracos na narrativa, e o jogador era “obrigado” a assistir outros conteúdos da série para entender um pouco mais desse universo.
Digo isso porque ninguém é obrigado a ir atrás de conteúdos extras, obviamente, mas caso você sentisse a necessidade (e tivesse paciência) de preencher os buracos deixados no jogo, era preciso ir atrás de produtos como Kingslaive: Final Fantasy XV e Brotherhood Final Fantasy XV, por exemplo.
Mas não pense você que estou transformando esses itens extras em algo ruim. Longe disso! Assistir a filmes, animes ou ler HQs sobre uma série específica é incrível. Mas isso só se torna prazeroso quando não te obrigam a partir pra esse lado, como acontece em The Last of Us e Tomb Raider, por exemplo. Onde embora ambos os jogos tenham HQs, acabam servindo como complementos ricos e prazerosos, não apenas “tapa-buracos” do jogo principal.
Após muitos anos de seu lançamento oficial, podemos dizer que Final Fantasy XV está melhor no quesito narrativa. Na verdade, ele melhorou a forma de explicar os acontecimentos ao jogador. Além da história em si, existem diversos documentos espalhados pelo mundo que contam vários detalhes de casos do passado e até mesmo dos “contos de fada”, que justificam alguns acontecimentos do jogo principal.
Para complementar ainda mais o mundo de Final Fantasy, a Square Enix adicionou um bestiário e um database com a história dos personagens mais importantes da trama, mostrando mais do passado e do presente. Pode parecer algo bobo, mas aqui faz toda diferença.
Histórias que se completam
Embora Noctis seja extremamente poderoso, ele ainda não consegue se portar como um verdadeiro rei. Para ajudá-lo a tornar-se o governante que o povo precisa, ele conta com a ajuda de Prompto, Ignis e Gladiolus, seus amigos e protetores.
Durante a aventura, eventos levam Gladios, Prompto e Ignis a caminhos diferentes durante algum tempo, e para preencher esses buracos na história, a Square Enix lançou três DLCs: Episódio Gladiolus, Prompto e Ignis, que mostram o que aconteceu com os personagens ao se separarem de Noctis.
Dois anos depois do Episódio Ignis a Square Enix lançou no mercado o Episódio Ardyn, que conta a história pelo ponto de vista do vilão principal. Infelizmente esse conteúdo não está incluso no pacote Royal, então com isso em vista, iremos falar aqui apenas dos três DLCs inclusos.
Episódio Gladiolus
O episódio de Gladiolus (ou Gladio para os íntimos) narra a história do escudeiro real em busca da aprovação do Blade Master, o escudeiro mais poderoso que já protegeu a família real de Lucis.
O DLC de Gladiolus é o mais fraco de todos no quesito história. Ele não adiciona absolutamente nada de interessante no enredo principal e mostra apenas como ele conseguiu as cicatrizes na testa e no peito. Todo aquele plot de conseguir aprovação do Blade Master é pura encheção de linguiça.
A jogabilidade, por sua vez, é muito diferente. Gladios não se teleporta como Noctis, no entanto, ele possui habilidades poderosas o suficiente para varrer os inimigos da tela sem muito esforço. Em contrapartida, ele é lento, o que pode ser chato para quem está acostumado com os combos velozes e mais diversificados do rei de Insomnia.
Embora o episódio não seja lá grande coisa, ele possui alguns modos extras que aumentam um pouco o fator replay. A verdade é que jogar o DLC novamente só vale a pena por dois motivos: troféus e novos equipamentos para a campanha principal.
O episódio de Gladios tem cerca de 1 hora de duração e muitos bugs, que vão de coisas leves até aqueles que te obrigam a resetar o console. A parte boa é que ao menos a dublagem está mais decente que a da campanha principal.
Episódio Prompto
Após a queda de Prompto do trem, ele vai parar em um lugar completamente desconhecido. Em meio a uma nevasca enorme, ele precisa não só descobrir o que está acontecendo nesse local remoto, mas também saber a verdadeira origem de seu passado.
Em termos de narrativa, podemos dizer que Prompto se sai muito melhor que Gladios. São vários documentos com a história do local, bem como áudios que falam sobre a criação dos Magitek e o plano de atacar Insomnia.
Já o mapa do episódio Prompto, embora seja maior e conte com algumas side quests, é vazio e desnecessário. A única vantagem em concluir as missões secundárias está na possibilidade de ganhar recursos para aprimorar sua “motoca da neve”, mas nada além disso.
Embora o epísódio Prompto ganhe pontos em narrativa, ele perde MUITOS em jogabilidade. Primeiro que o gameplay muda completamente do que é visto na campanha principal e nos dois outros DLCs. Os botões de esquiva, ataque e especial são diferentes, o que pode confundir muito os jogadores.
Além do gameplay de Prompto em terra ser ruim, é preciso deixar claro que o uso da “moto” no gelo deixa tudo pior ainda. Ela é extremamente difícil de controlar e serve apenas para chegar a locais muito distantes em menos tempo. Até o uso da arma fica ruim quando se está no veículo.
Assim como o episódio Gladiolus, o de Prompto traz dois extras: o treinamento intensivo com Aranea e uma corrida de motos na neve. Devo avisá-lo que, caso esteja buscando 100% dos troféus, é melhor se preparar para uma das competições mais irritantes e frustrantes de sua vida.
Episódio Ignis
O episódio de Ignis (se compararmos com os anteriores) é o melhor no quesito técnico. A jogabilidade é muito mais dinâmica, e Ignis tem a vantagem de ter três elementos de ataque à sua disposição: gelo, fogo e raio. Essa diversidade permite que o jogador tenha mais opções em combate, o que os torna menos tediosos.
Embora o episódio de Ignis ganhe mais pontos em jogabilidade, ele perde em história e mecânicas de mapa. O enredo é bem curto, mas adiciona alguns (poucos) pontos importantes para a trama principal. É preciso dizer também que em determinados você pode sentir que está jogando Resident Evil 4, pois algumas cenas – como a do barco e os grappling hook nos prédios, por exemplo – fazem lembrar (e muito) do survival-horror da Capcom.
O mapa desse DLC, por sua vez, é bem confuso. Como ele se passa durante a batalha de Altissia, tudo está destruído, e isso aumenta as chances de você se perder no meio do caos. Além disso, existe também um sistema de “áreas conquistadas”, como em um título de RPG tático. Os locais demarcados em vermelho mostram onde os inimigos dominam, enquanto que as azuis mostram as conquistadas por você.
Para fechar, é preciso dizer que embora os DLCS de Final Fantasy XV: Royal Edition entreguem mais conteúdos para a história principal, eles acabam sendo bem fracos. Cada um deles apresenta um design totalmente diferente para cada personagem, o que pode deixar o jogador confuso, como acontece no episódio Prompto, principalmente, que muda até o gameplay geral.
Infelizmente, para aqueles que querem saber da história completa, os DLCs tornam-se obrigatórios. Caso queira uma diversão extra, existe o conteúdo (pago) de Ardyn, que narra a história do vilão do jogo. Se você terminá-lo, ganhará um acessório que te torna imune aos lasers de Omega, um dos inimigos mais poderosos de Final Fantasy XV: Royal Edition.
Um mundo de aventuras
Até o momento, nós demos muita ênfase na narrativa e nos DLCs, que complementam a história do enredo principal. No entanto, chegou o momento de vermos como ficou o mundo geral de Final Fantasy XV: Royal Edition após tantos anos de seu lançamento original.
Desde o seu lançamento, FF XV não se mostrou lá muito evoluído na jogabilidade. As lutas continuam as mesmas e os Chocobos ainda são um meio de transporte com um gameplay horrível. Porém, foram adicionados alguns extras que devem ser mencionados.
A árvore de habilidades, por exemplo, recebeu um upgrade. Em meio a grande quantidade de skills, três delas se destacam: as que permitem controlar Gladios, Prompto e Ignis nas batalhas. Esse recurso não existia no lançamento, sendo implementado nos updates posteriores. Embora o recurso não seja algo inovador para um título do gênero, ele faz toda diferença em Final Fantasy XV: Royal Edition.
Outro adicional no gameplay está em alguns novos sistemas implementados nos combates. Para começar, vamos falar do Cross Link Chain Attacks. Ao contrário dos outros já existentes (que formam um combo entre Noctis e um de seus companheiros), o Cross Link Chain cria um tipo de “ataque em grupo”. Aqui é preciso que você aperte o botão no momento correto para que todos os integrantes ataquem para que no fim, um dano massivo atinja o inimigo.
Em segundo lugar temos o upgrade do sistema Armiger, que é o ataque especial de Noctis com as Royal Arms. Com o item “Founder King’s Sigil” em mãos e devidamente equipado, você transforma o simples Armiger em Armiger Unleashed, um poderosíssimo ataque que, além de aumentar e muito a duração do Armiger, garante a Noctis outros golpes incrivelmente fortes.
Se por um lado nós temos um sistema de combates mais dinâmico e divertido, por outro existem duas coisas que também chamam a atenção em Final Fantasy XV Royal Edition: veículos para se locomover pelo mundo e side quests.
Caso você tenha tido contato com a versão padrão de Final Fantasy XV, vai se lembrar que existiam (a princípio) apenas dois modos de viajar: via Regalia ou Chocobos. Perto do fim do jogo, existia a possibilidade de transformar seu “simples” carro no Regalia Type-F, modelo que dava – literalmente – asas ao transporte real e o fazia voar pelo continente.
Embora a intenção da Square Enix fosse a de facilitar as viagens, eles na verdade tornaram tudo mais complicado. O Regalia Type-F é algo puramente visual, que serve apenas para mostrar a beleza do cenário de Final Fantasy XV. Na prática, os controles são péssimos, e além de não poder aterrissar em qualquer terreno, é preciso ter boa coordenação para não explodir o carro e receber um belo Game Over.
Pensando nos problemas do Type-F, foi adicionada uma nova modificação para o Regalia: o Type-D. Esse carro é basicamente um 4×4 que pode além de pular, andar em qualquer terreno. Tendo isso em vista, pode-se dizer que este é um dos melhores adicionais de Final Fantasy XV: Royal Edition, já que facilita MUITO o caminho para as missões secundárias, principalmente as de caça, que costumam acontecer no meio do nada.
Como estamos falando do mundo geral de Final Fantasy XV: Royal Edition (e já mencionamos no parágrafo anterior), é preciso falar agora das famosas side quests.
Existem dezenas de side quests no mundo de Final Fantasy XV: Royal Edition. Quando você pensa que acabou, o jogo vai lá e te joga mais algumas para aproveitar o máximo de tempo possível. Esse fato, inclusive, pode tirar completamente o foco das missões principais, já que há uma enorme quantidade de coisas a se fazer já no início da campanha.
Embora a versão base já apresentasse uma grande quantidade de missões secundárias, Final Fantasy XV: Royal Edition fez questão de implementar ainda mais coisas para se fazer. São novos monstros para caçar, novas atividades e a chegada das Timed Quests.
As Timed Quests são missões que exigem que você derrote uma determinada quantidade de inimigos no tempo estipulado. Todos os dias elas mudam de local, então é preciso ficar atento.
Outro ponto a se enfatizar aqui é que, graças a essas Timed Quests, é possível subir de nível rapidamente. Uma dica é esperar que a missão dos Cactuars esteja disponível para o caso de você querer farmar alguns níveis. Embora os inimigos sejam difíceis, vale muito a pena.
Ao completar essas novas missões secundárias, é possível acumular pontos para trocar por itens exclusivos na loja do menu. Embora este seja um ponto positivo, também torna-se desnecessário, pois a quantidade de produtos é muito pequena e não vale tanto o esforço, já que muitos itens mais poderosos podem ser adquiridos na campanha.
Depois do Hype…
…Final Fantasy XV: Royal Edition transformou aquele jogo que parecia incompleto em algo muito bom. Após tantos updates, um dos mais famosos títulos da Square Enix finalmente está no ponto certo; são diversas novas armas, side quests, locais, inimigos, enfim. Foram muitas adições que apenas realçaram a qualidade do jogo, transformando-o em um dos RPGs obrigatórios na coleção.