[PSN] The Wolf Among Us: Episode 1 – Faith

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Seguindo uma estratégia de mercado cada vez mais recorrente, The Wolf Among us é fruto de mais um processo intermidiático. Derivado da HQ Fables, criada por Bill Willingham, o novo jogo episódico da Telltale segue uma estrutura de gameplay similar a seu antecessor espiritual – The Walking Dead (TWD). Trata-se de um adventure em que suas decisões tem papel fundamental no desenvolvimento da trama. O ritmo do jogo é também é o mesmo de TWD, as cenas de corte imperam e os momentos de interatividade oscilam entre exploração e ação-rápida com a predominância de quick time events (QTEs).

Um grande diferencial entre as duas franquias é o reconhecimento de público. Além das HQ’s, TWD da Telltale também embarcou no sucesso da série de TV, o que contribuiu para sua ampla difusão. Nesse ponto, The Wolf Among Us é menos popular, e dado o histórico de jogos de qualidades inconstantes da TellTale antes de TWD, é possível observar que há um certo ceticismo e o nível de interesse não é o mesmo em relação ao produto anterior da desenvolvedora.

Felizmente, a adaptação de Fables é mais um passo dado na direção certa pela Telltale. E não é um mero acerto, é uma evolução e um jogo com claro potencial para superar todos os outros produtos da companhia. E mesmo para os que desconhecem completamente a série, o game é convidativo o suficiente para te conquistar logo nesse primeiro episódio – Faith.

Um dos grandes méritos na narrativa de um produto intermidiático é deixar o usuário por dentro de seu contexto, de seu universo de forma simples e rápida. Nesse ponto, The Wolf Among Us executa esta introdução com muita eficiência. Em poucos minutos de jogo você se adapta ao clima Noir de Fables e já se encanta por seu mundo e personagens.

O único pré-requisito para compreender plenamente o game é conhecer alguns contos de fadas, que são essenciais à história. Contos como Chapéuzinho Vermelho, Branca de Neve e A Bela e a Fera são comuns no repertório dos brasileiros, mas outros como a história de Barba Azul, por exemplo, não são tão conhecidos, até mesmo por não serem tão disseminados em nossa cultura. Mas por meio de um extra do jogo, o “Book of Fables”, o jogador pode extrair algumas informações das personagens destes contos.

No controle do “sheriff” Bigby, o lobo mal, o jogador experiencia problemas em uma periferia do mundo real permeada por personagens destes contos. Cada indivíduo possui um drama próprio, pois a transição de seus respectivos mundos fantasiosos para o real, foi cruel para a maioria destes. A história é direcionada a um público adulto, isto é evidenciado pelo conteúdo veiculado no game; de muita violência e “gore”. O enredo é o aspecto mais atraente do produto, ele não falha em capturar a atenção do usuário e em evocar nossos sentimentos pelas personagens.

Os momentos de vivência e exploração no mundo de Fables são similares a TWD, com diversos objetos ou indivíduos compondo o cenário, fornecendo detalhes do universo quando selecionados. As partes com QTEs estão ainda mais dinâmicas e exigem uma rápida movimentação do cursor para acompanhar a ação na tela. As suas escolhas continuam a direcionar o rumo da história e apesar de ser impossível apontar com precisão o impacto delas (somente um capítulo disponível), constatei algumas mudanças relevantes – a prévia do segundo capítulo é modificada significativamente dependendo de certas decisões.

É fácil constatar o maior avanço em The Wolf Among Us, em relação aos demais jogos da produtora. Apesar de ainda não ser um supra-sumo visual, os visuais foram bastante aperfeiçoados quando comparados a TWD. Os contornos das personagens são feitos com traços espessos, as cores do jogo são fortes e vivas, as texturas no geral foram melhoradas, assim como a iluminação e projeção de sombras. Os gráficos são extremamente charmosos e só pecam por alguns elementos do cenário e pela animação – que ainda consiste de expressões faciais às vezes pobres e com um deslocamento isolado/assimétrico de partes do corpo, que em momentos lembram as animações típicas de flash.

Os diálogos são excelentes e preenchem a alma, a aura, o que dá autenticidade ao game. Todos os personagens são muito bem representados, o voice work não desaponta. A trilha sonora também é boa e contribui para permear o clima de suspense do jogo.

Até este ponto tudo parece perfeito, mas The Wolf Among Us para PS3 consta de um pequeno defeito, algo difícil de se relevar, mesmo para os jogadores menos exigentes. É muito comum se deparar com breves travadas ou “engasgadas” na transição de ambientes e na abertura de cenas de corte. Isso é um pouco frustrante, pois em determinadas ocasiões o jogo come legendas e o início de uma animação, e isso acontece bastante. Para piorar, o game ainda congelou uma vez comigo e perdi um pouco do meu progresso, no entanto não é algo usual. Vale ressaltar que os loadings são um pouquinho demorados também.

O episódio Faith conta com aproximadamente 2:30 ~ 3 horas de duração, encaixando com a expectativa de quem já conhece os produtos da Telltale. Contudo, é torturante ter que aguardar por meses para experienciar o próximo capítulo da história. Adquirir o season pass do game vai lhe exigir um pouco de paciência, mas ainda sim, é um investimento recomendado.

A Telltale começou a transcriação de Fables para os videogames com o pé direito. O primeiro episódio de The Wolf Among Us é excelente e a história absorve o usuário com facilidade. Consertando pequenos contratempos no quesito performance, o jogo certamente ganhará um reconhecimento similar ou até maior do que seu “irmão” The Walking Dead. Diante de um episódio tão convidativo, é impossível não se empolgar com o que está por vir.

Veredito

88

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