[PSN] Outland
A Housemarque já se firmou como uma das melhores desenvolvedoras dessa geração. Com títulos excelentes como Super Stardust HD e Dead Nation, ambos exclusivos da PSN, essa empresa finlandesa tem lugar cativo no gosto dos donos de PlayStation 3. Agora ela volta ao centro das atenções com um novo jogo, Outland, um misto de jogos de diversos estilos que, apesar de alguns problemas, é um ótimo título que desde já figura entre os melhores da PSN.
Outland é essencialmente um jogo de plataforma 2D: você navega em um plano bidimensional, pulando entre plataformas e desviando de obstáculos para avançar de fase. Seu ataque básico é feito com a sua espada, mas você também possui um ataque especial na forma de um raio de energia, que só pode ser usado enquanto se tem pontos de magia. As fases têm vários níveis que podem ser explorados usando suas habilidades, que são descobertas ao longo do jogo. Depois de adquirir uma nova habilidade é possível retornar às fases já visitadas e usá-las para ir atrás dos colecionáveis do jogo.
A mecânica mais importante do jogo é a dualidade de alinhamentos tanto do protagonista quanto de seus inimigos: ambos podem estar na cor azul ou na cor alaranjada, e isso traz uma série de desafios para o jogo. Quando se está azul você é imune a tiros azuis, mas tiros alaranjados tiram sua vida e você só causa danos a inimigos alaranjados, e o mesmo acontece de forma invertida caso você esteja na cor alaranjada. Essa alternância de cores exige reflexos rápidos em vários momentos do jogo em que tiros de ambas as cores vêm simultaneamente na sua direção. É uma herança direta de Ikaruga, pra mim o melhor shooter já feito, e isso conta pontos muito positivos para o jogo.
O jogo oferece diversos tipos de inimigos e cada um exige uma estratégia diferente para ser derrotado. Alguns usam escudos e só recebem dano se acertados por trás, outros só são vulneráveis na cabeça, e outros são muito rápidos e podem atacar você antes que você perceba. Essa variedade fica ainda mais divertida na última área do jogo, onde os inimigos são muitos e mudam de cor constantemente.
Outland também se inspira em jogos com ênfase na exploração como Metroid e Castlevania, com áreas grandes e que devem ser exploradas aos poucos, com salas secretas bem escondidas e por vezes difíceis de serem descobertas, e itens para colecionar. Os principais itens a serem encontrados são as Masks of the Gods, que conforme vão sendo achadas liberam artworks e melhoram algumas de suas habilidades secundárias (como o tempo em que se pode ficar agarrado a uma parede). O jogo também oferece moedas para colecionar, que podem ser usadas para incrementar sua vida e sua magia.
Contudo, algo essencial de Ikaruga ficou de fora de Outland: o desafio. Em Ikaruga, caso você levasse um tiro da cor oposta você perdia uma vida instantaneamente, e a quantidade de vidas era muito limitada. Isso fazia com que você sempre se sentisse acuado e fazia com que você prestasse total atenção em tudo o que faz, e a cada vez que você jogasse uma fase, ia ficando melhor nela. Outland possui um sistema de pontos de vida, iniciando com poucos mas outros podem ser comprados em determinados pontos de algumas fases. A partir de um certo ponto você possui tantos pontos de vida que acaba se despreocupando com ela, e ao invés de pensar em como atravessar uma área, você vai acabar preferindo ir em frente e perder alguns pontos de vida, mas não perder seu tempo. É possível quebrar vasos e estátuas pelas fases que liberam moedas e pontos de vida em abundância, então sempre haverá algum perto de você quando levar dano.
O jogo também oferece diversos checkpoints pelas fases, tirando ainda mais do desafio. Todos esses fatores fazem Outland ser um jogo extremamente fácil, e isso me decepcionou um pouco. Há poucas consequências caso você leve dano ou até mesmo morra; no máximo, irá perder alguns segundos do seu tempo. Até os chefes são fáceis demais. Em alguns deles eu nem cheguei perto de morrer, e no último eu morri algumas vezes por falta de atenção minha, não pelo chefe ser difícil. Um nível de dificuldade maior, talvez com menos pontos de vida e menos checkpoints, faria o jogo ser mais recompensador e até mais longo e longevo. Outland também padece de ser curto, podendo ser terminado em poucas horas, e completado com 100% em um pouco mais.
Isso não quer dizer que o jogo seja ruim. Pelo contrário, é um jogo muito bom enquanto dura e que diverte bastante. Atravessar algumas seções do jogo exigem muita habilidade para acertar plataformas móveis enquanto se escapa de inimigos e de tiros de ambas as cores vindo de todas as direções, e quando você consegue se coordenar para avançar e alterar as cores sem errar, a satisfação é muito boa. Quando você não tenta correr como um louco pelos tiros e pára para analisar os padrões mais complexos, também é legal conseguir atravessar uma área que à primeira vista parecia intransponível.
Visualmente o jogo é fantástico, com cenários de fundo desenhados e de qualidade impressionante. As animações são muito fluidas e o jogo roda sempre liso a 60 quadros por segundo, sem quedas. Outland é dividido em áreas, indo de florestas a montanhas nevadas, e cada uma delas é mais bonita que a anterior. Isso é uma prova concreta de que a direção de arte de um jogo vale mais do que pura e simplesmente a quantidade de polígonos e shaders que um jogo possui. Os personagens de Outland são modelados em 3D e são muito simples, sem muitos detalhes no geral, mas como um todo o jogo é muito bonito e salta aos olhos quando é visto.
Essa beleza infelizmente não foi aplicada à interface com o usuário. Os menus são feios e parecem que foram feitos às pressas, pois destoam de todo o conjunto visual do jogo. Eles também são mal organizados: a galeria de artworks, por exemplo, fica escondida dentro do menu Help. Aliás, falando em artworks, elas me impressionaram de uma forma muito negativa: elas são de péssima resolução e aparecem borradas e serrilhadas na tela, reforçando a ideia de que o jogo foi apressado.
O jogo possui um modo principal, com uma história passável e mal contada por um narrador que tenta dar um tom épico para falas genéricas e falha constantemente. Além disso, há um modo Arcade, no qual as fases possuem tempo para serem terminadas e o seu objetivo é ser o mais rápido possível. Ambos esses modos podem ser jogados online com um amigo ou com pessoas aleatórias da PSN, uma adição interessante para quem quer explorar o mundo com um amigo. O jogo também oferece algumas salas com desafios específicos para dois jogadores: são salas não encontradas nos outros modos e que possuem regras levemente diferentes das tradicionais, estimulando a interação entre os dois jogadores para enfrentar inimigos e avançar nas fases.
Por mais legal que seja a ideia de multiplayer em Outland, a execução dela deixa muito a desejar. Em todas as partidas online que joguei o lag era insuportável, ao ponto de ser realmente injogável. Outland é um jogo de precisão, em que você deve saltar de plataformas usando um timing exato e deve desviar de tiros a todo momento enquanto se muda de alinhamento. Isso tudo fica muito difícil de ser feito quando a latência faz com que comandos demorem até 2 ou 3 segundos para serem processados depois de executados pelos jogadores. O lag faz a taxa de quadros por segundo do jogo desabar e você irá morrer frequentemente porque o jogo não consegue acompanhar dois jogadores online em um mapa simples.
Outland, portanto, é um jogo realmente de dualidades. Ele tem coisas muito boas e algumas ideias excelentes, mas também tem falhas sérias e que comprometem não só a qualidade do jogo mas também o tempo que os jogadores irão querer dedicar a ele. Se você quiser apenas um jogo single-player, com alguns colecionáveis e com uma dificuldade entre fácil e moderada, Outland é sem dúvidas o seu jogo. Seu visual impressionante e suas seções de plataforma irão agradar você do começo ao fim. Contudo, se você quer um jogo desafiador, que exija que você se supere a cada vez que joga, ou um jogo que possa ser jogado sem problemas com um amigo através da PSN, Outland pode não ser a melhor opção.
— Resumo —
+ Visual fantástico
+ Mecânica de jogo sólida
+ Controles precisos
+ Colecionáveis
+ Multiplayer cooperativo em todos os modos
+ Desafios especiais para dois jogadores
– Curto
– Fácil
– Menus mal feitos
– Lag insuportável no multiplayer