Monster Hunter World

Facebook
Twitter
WhatsApp

É necessário um jogo muito especial para tornar um gênero ou sub-gênero intrinsecamente associado a sua franquia. Se recentemente vimos isso acontecer com os jogos ao estilo “soulsborne”, anos antes outro RPG japonês fez da sua proposta inovadora algo que viria a ser imitado por diversas outras desenvolvedoras, sem nunca alcançar o mesmo nível de excelência.

Nascida em 2004, no auge do ciclo do PlayStation 2, como uma das primeiras investidas da Capcom no nascente ramo dos jogos online em consoles, Monster Hunter transformou uma ideia simples em um sucesso estrondoso: um RPG de Ação focado não na história, mas em um sistema de combate aprimorado, grandes níveis de customização e um desafio constante, exigindo que o jogador domine-o mais do que os típicos jogos do gênero. Essa simplicidade foi o suficiente para tornar a série um sucesso gigantesco no Japão, mesmo sem nunca ter sido um nome tão forte no Ocidente como em terras orientais.

Apesar de nascida em uma plataforma Sony e ter tido muito do seu sucesso inicial atrelado a outra (com Monster Hunter Freedom 1, 2 e Unite no PSP), 2018 marca o aniversário de 10 anos desde o último lançamento da série principal em uma delas, com exceção de alguns spin-offs que nunca chegaram ao Ocidente. Essa longa ausência, felizmente, é recompensada em Monster Hunter World, primeiro lançamento simultâneo ao redor do globo para a série, com aquela que é a experiência definitiva de jogos de caça.

É fácil entender desde os primeiros minutos porque Monster Hunter é uma das principais franquias da Capcom hoje em dia e porque ela angaria milhões de fãs ao redor do mundo. Se as premissas e filosofias de design parecem simples, o que temos aqui é um jogo seguro de si, que faz com perfeição tudo a que se propõe, sabe a que quer e entrega tudo o que um jogador pode sonhar de um jogo: diversão honesta sem precisar se valer de artimanhas para compeli-lo a se entregar a ele.

Assumindo o lugar de um Caçador de Monstros enviado na 5ª Frota ao ‘Novo Mundo’, o jogador recebe desde o começo a missão de desvendar os motivos por trás da Migração dos Anciões, um misterioso evento envolvendo a partida dos Dragões Anciões para o Novo Mundo, e as mudanças que tal evento causa no ecossistema daquela região. A progressão é realizada de maneira bem simples, alternando missões de caça e expedições, e serve principalmente para apresentar aos poucos as diferentes espécies de monstros que habitam o mundo do jogo.

A história em si não é nada de muito especial, servindo como motivação suficiente para seguir em frente, mas não sendo, nem de longe, o principal chamariz do jogo. Ela faz um trabalho muito bom em apresentar novos jogadores à franquia e aprofundar a lore da série, mas nada muito além disso. Dificilmente é sobre a história que você falará quando lembrar de Monster Hunter World.

O que vai dar o que falar é o quão incrível o combate do jogo é. Considerando o quanto o jogo se foca na ação de “caçar monstros”, é fundamental que as batalhas sejam boas e, nisso, a equipe por trás do jogo soube caprichar. Cada caçada é única, tensa e envolvente, fazendo com que quase nenhuma luta pareça fácil ou impossível. Desde os primeiros passos tentando rastrear o monstro até o último golpe, há uma constante sensação de avanço e conquista, mesmo nas derrotas.

Algo que pode parecer estranho aos novatos é que não há um sistema de nível em MHW para o personagem principal. Apesar de se estar constantemente liberando mais e mais informações sobre os monstros, seus habitats, novas armas, armaduras, amuletos e outros itens para forjar e todo tipo de itens criáveis, o personagem em si não tem uma barra de experiência. Isso não significa que não há uma tangente sensação de evolução.

Caçar monstros mais poderosos exige constante melhoria técnica do jogador, um conhecimento cada vez maior das criaturas em si (seus hábitos, vulnerabilidades e pontos fracos são destravados à medida que o jogador obtém mais informações sobre elas), da maneira como você quer atacá-las, quais equipamentos usar (já que as habilidades são destravadas por meio deles) e, mesmo que o jogador perca o embate, é quase impossível não tirar algo útil para a próxima vez, seja sobre o local onde a luta ocorreu ou o padrão de ataque do monstro, ou culpar algum problema do jogo em si.

Falando em possíveis problemas no jogo, MHW é uma conquista técnica impressionante. As áreas são grandes e variadas, com ambientes abertos, corredores estreitos e diferentes tipos de ecossistemas para serem explorados nas seis diferentes áreas do jogo, cada qual com seus monstros e itens diferentes para coletar. A trilha sonora é incrível, contribuindo imensamente para a imersão e tensão do jogo. Os gráficos são bem impressionantes e a inteligência artificial dos monstros é assombrosa de tão boa. Os comandos também são muito responsivos, em especial a esquiva (que é fundamental), com o único problema realmente sendo algumas animações que são longas demais, principalmente para usar os itens, e que, se é possível se adaptar facilmente a elas, ainda são um pequeno incômodo.

A quantidade de armas e equipamentos forjáveis impressiona pela enorme quantidade de estilos, aparências e efeitos disponíveis em cada uma delas. Felizmente há a possibilidade de marcar os equipamentos que o jogador deseja criar e o jogo avisa automaticamente quando foram coletados itens suficientes para criar aquele item (é possível marcar até seis itens diferentes).

Mesmo que seja possível fazer as missões solo, o principal charme de Monster Hunter World é a possibilidade de se caçar monstros em equipes de até 4 jogadores. O netcode por trás do modo online do jogo é incrivelmente estável e jogar com outros caçadores torna a experiência ainda mais especial. Algo que pode assustar alguns jogadores é a necessidade de se criar uma sessão no início de cada partida, mas não há a exigência de conexão à internet para jogar, sendo perfeitamente possível jogar totalmente offline. Há até um companheiro de inteligência artificial (os populares Amigatos/Palicos sempre presentes na série) inteiramente customizável que acompanha o jogador em missões solo ou com mais um jogador.

Considerando esse foco no trabalho em equipe, MHW entrega uma enorme gama de papéis que o jogador pode preencher sem que, em momento algum, puna-o por suas escolhas. Existe um total de 14 diferentes tipos de arma para escolher, sendo que todos funcionam de maneira única, com diferentes vantagens e desvantagens e, mesmo que exista alguma intersecção entre algumas delas, em momento algum um tipo parece inútil quando comparado com outro. Há uma maneira de jogar para cada estilo de jogador, sendo que todos, de fato, influenciam as batalhas, seja como suporte, armas de curto alcance ou à distância.

Dizer que Monster Hunter World quase sufoca o jogador com a quantidade absurda de conteúdo, isso contribui imensamente para a vida útil do jogo. Há uma quantidade enorme de monstros e missões diferentes (mesmo que a esmagadora maioria seja para caçar ou capturar tipos específicos de monstros), divididas entre baixo e alto ranque de caçador, sendo que as missões de ranking alto liberam variações diferentes dos equipamentos dos monstros para serem forjadas. Somando a isso a promessa da Capcom de continuar atualizando o jogo com novos monstros gratuitamente, temos aqui um jogo que, se adota princípios comuns de jogos como serviço, o faz com perfeição. O fato de que as missões funcionam tão bem, seja em pequenas sessões de 15 ou 30 minutos, seja em longas jogatinas, é um bônus e torna a vida útil do jogo gigantesca.

Por fim, há um pequeno detalhe que torna tudo isso ainda melhor para os jogadores brasileiros: Monster Hunter World é o primeiro jogo da série inteiramente disponível em português, com os menus e legendas na nossa língua. Isso torna o jogo e sua enorme quantidade de menus e opções muito mais simples e acessível para nós e é notório o cuidado com a localização, tanto nos termos ou nas brincadeiras presentes no diálogo, sendo um belo exemplo de como trazer um jogo para terras brasileiras.

Monster Hunter World é a melhor maneira imaginável de se começar 2018. Mesmo que o jogo tenha alterado algumas de suas características mais orientais para se adaptar aos consoles de mesa e para chamar mais a atenção do público ocidental, ele ainda é, inegavelmente, um jogo que se orgulha do seu legado e sabe bem o porquê de ser referência a todo um sub-gênero e um dos melhores e mais importantes RPGs deste século. É um jogo desafiador, punitivo, mas justo e recompensador, mais uma prova de que a série ainda é a inconteste imperadora do gênero e que merece ser reconhecida como tal.


 

Jogo analisado com cópia digital fornecido pela Capcom.

Veredito

Monster Hunter World é uma obra-prima do seu gênero. Um RPG de ação incrível, acessível, envolvente, desafiador, divertido ao extremo e com um combate perfeitamente refinado. Isso faz valer cada segundo dedicado a ele, tornando-o obrigatório para fãs de longa data e para qualquer um que tenha o mínimo de interesse de conhecê-lo.

100

Monster Hunter World

Fabricante: Capcom

Plataforma: ps4

Gênero: RPG / Ação

Distribuidora: Capcom

Lançamento: 26/01/2018

Dublado:

Legendado:

Troféus:

Comprar na

[lightweight-accordion title="Veredict"]

Monster Hunter World is a masterpiece of its genre. It is an incredible, challenging, accessible and extremely fun action RPG with a perfectly refined combat. Monster Hunter World is a must-have for longtime fans and for all players that are interested in checking it out.

[/lightweight-accordion]

Monster Hunter World is a masterpiece of its genre. It is an incredible, challenging, accessible and extremely fun action RPG with a perfectly refined combat. Monster Hunter World is a must-have for longtime fans and for all players that are interested in checking it out.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo