Análise – The Surge 2

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São incontáveis os jogos que buscam seguir os passos deixados pela série Dark Souls a cada ano que passa, e poucos são aqueles que realmente se destacam na multidão. A Deck13 vem tentando replicar essa fórmula criada pela From Software desde 2014, quando lançou Lords of the Fallen, porém foi somente em 2017 que a desenvolvedora finalmente se destacou graças a The Surge. Agora, dois anos depois, finalmente recebemos sua sequência, que apesar de não consertar os erros cometidos por seu antecessor, eleva ainda mais as mecânicas que o tornaram tão singular.

O enredo do game tem início cerca de dois meses após os eventos ocorridos no primeiro jogo. Diferente deste último, The Surge 2 molda sua história ao redor de um novo personagem, criado inteiramente pelo jogador e que é o único sobrevivente de uma misteriosa queda de avião sobre a cidade fictícia de Jericho. Ao acordar de um estado de coma, semanas depois do acidente, encontramos uma terra devastada por um nanovírus que tem se espalhado através das máquinas e dos seres humanos, tornando tudo que toca em criaturas letais. Como forma de tentar conter a infecção, o governo colocou a cidade em quarentena e as únicas saídas foram completamente interditadas pelo exército.

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As ruas de Jericho foram tomadas por anarquistas, bandidos e arruaceiros com melhorias cibernéticas em seus corpos que aproveitaram toda a situação para espalhar o caos e terror entre a população. A pequena parcela desta, que possui dinheiro e poder, se isolou no topo arranha-céus, vivendo sem nenhuma preocupação, sob a falsa crença de que tudo se resolverá em questão de alguns dias. Até mesmo um culto se formou, profetizando o fim dos tempos e a inevitável ascensão das máquinas ao poder. Nossa única opção? Tentar encontrar uma saída antes que seja tarde demais.

Por melhor que sejam alguns de seus momentos, a narrativa em The Surge 2 sofre dos mesmos problemas encontrados no primeiro game, sendo inteiramente previsível e repleta de personagens secundários desinteressantes ou esquecíveis. Isso é algo que também permeia o protagonista, uma vez que este não tem nenhuma personalidade ou motivações próprias, tornando-o uma casca vazia que agrega pouquíssimo na narrativa. É algo diferente de Warren, personagem principal do título anterior, cujas motivações contrastam com outros ideais apresentados ao longo da história. Apesar de seus problemas, o enredo ainda consegue entregar alguns momentos divertidos ao jogador.

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A campanha pode ser concluída em torno de 25 a 30 horas, tempo que pode variar bastante com base nas habilidades do jogador, ou caso este opte por realizar missões secundárias e explorar tudo que o título tem a oferecer. O game ainda conta com dois finais, que podem ser diferentes com base em uma pequena decisão que pode ser tomada pouco antes de sua conclusão. Toda a experiência se encontra com legendas em português do Brasil.

Assim como no primeiro game, o título funciona como um RPG de ação com fortes elementos da série Souls embutidos tanto em suas mecânicas e game design. Frente a isso, não espere um título fácil ou pouco desafiante, uma vez que The Surge 2 é relativamente mais difícil que seu antecessor. Os controles respondem muito bem e se mantêm fiéis à fórmula já estabelecida anteriormente. Podemos realizar ataques fracos ou fortes, bloquear golpes inimigos e nos esquivar para qualquer direção. Como de costume, possuímos três barras que representam a vida, fôlego (stamina) e energia do nosso personagem, agora posicionadas no canto inferior central da tela.

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O gameplay de The Surge 2 apresenta evoluções significativas em relação ao primeiro jogo, que não apenas corrigem algumas falhas anteriores, como melhoram e muito o combate do game. Os confrontos são muito mais dinâmicos, divertidos e vorazes, assemelhando-se ao ritmo de jogo instaurado pela From Software em Bloodborne.  Isso acontece graças a algumas alterações nos injetáveis, consumíveis que podem ser utilizados para curar o jogador ou lhe conceder bônus diversificados. Agora, ao invés de possuírem uma quantidade pré-definida de cargas, eles podem ser usados à vontade pelo jogador em troca de certa quantia da barra de energia. Dessa forma somos incentivados a tomar posturas mais agressivas, uma vez que podemos regenerar nosso personagem após algum movimento arriscado, tornando cada confronto contra os inimigos algo gratificante.

Algo que tornou o combate ainda mais interessante foi o sistema de parry, que agora funciona de forma semelhante ao que existe em For Honor. Ao travar a mira no inimigo, podemos visualizar uma das quatro direções em que ele poderá atacar. Ao movimentar o analógico direito, na direção do golpe no momento exato, nosso personagem será capaz de aparar o golpe inimigo, seja ele qual for, desequilibrando-o e gerando uma excelente oportunidade para contra-atacar.

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O cerne do jogo continua sendo desmembrar os inimigos a cada batalha e obter gradativamente novas partes para anexar em nosso exoesqueleto. Para isso, o jogador deve focar em uma das seis partes do corpo do inimigo (cabeça, braços, tórax pernas) e após infligida uma certa quantia de dano, poderemos finalizar o oponente de uma forma brutal ao segurar o botão quadrado. Infelizmente, a animação em slow-motion acaba se tornando cansativa com o tempo, porém é possível desligá-la através das opções no menu.

Os drones companheiros foram mantidos e continuam sendo uma boa opção para aqueles que desejam atacar à distância ou maximizar o dano causado em seus ataques. Há uma enorme variação de módulos que podem ser equipados, permitindo que o drone funcione como uma metralhadora giratória, atire granadas, minas de proximidade, pulso eletromagnético dentre outras opções. Os módulos ainda podem ser alternados facilmente durante o combate através de uma roda de seleção, que pode ser acessada ao segurar o botão esquerdo, das setas direcionais.

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O arsenal de armas foi expandido, tanto em quantidade quanto em variedade, e agora possuímos 9 classes de armamentos no total, sendo 4 destas novas adições feitas pelo game. Cada arma possui um vasto repertório de combos, que podem ser utilizados ao se combinar golpes fracos e fortes e, assim como no primeiro jogo, cada arma possui um tipo diferente de finalização com base no membro que desejamos cortar do inimigo.

Uma grande adição são as armas de dupla função, que assim como os equipamentos de Bloodborne, podem alternar sua forma com base nos intervalos em que pressionamos os botões de ataque. Imagine, por exemplo, que sua forma normal é a de uma foice e, caso você ataque com intervalos longos entre os comandos, a arma desferirá golpes poderosos e lentos. Porém, caso aperte rapidamente os botões, o personagem irá dividi-la em dois machados menores, e realizará ataques consecutivos porém fracos. Essa é uma mecânica incrivelmente útil que pode ser usada a qualquer momento durante o combate para gerar combos devastadores e diversificados nos inimigos.

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As armaduras continuam extremamente diversificadas e, assim como no título anterior, usar o conjunto completo de um equipamento garante algum tipo de bônus, como aumento de velocidade ou regeneração de vida. Como forma de diversificar isso, agora o game oferece um bônus parcial, que pode ser obtido ao se utilizar 3 peças do conjunto. Como nosso personagem pode utilizar 6 peças ao todo, isso permite que seja possível combinar diferentes partes de armadura para se aproveitar de seus benefícios parciais. Com isso há a possibilidade de montar builds diversificadas, que se adaptem ao estilo de combate que o jogador mais preferir.

Todos os equipamentos podem ser melhorados utilizando sucata, obtida automaticamente através da eliminação de inimigos, exploração do cenário e cumprimento de side-quests. Para isso é necessário acessar os medcentros, estações que restauram a vida do personagem e funcionam como checkpoints, localizados por todo o mapa. Nesses locais também é possível subir o nível de nosso personagem e construir novas partes para anexar ao nosso exoesqueleto.

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Infelizmente, a Deck13 seguiu os passos do primeiro jogo e não implementou nenhum tipo de co-op ou PvP no game, que de certa forma é algo frustrante, visto que títulos como Ni-Oh ou Bloodborne oferecem este tipo de funcionalidade. Apesar disso, existem algumas interações online, como a possibilidade de encontrar corpos de jogadores pelo mapa e deixar mensagens de grafite nas paredes para sinalizar sobre algum item, inimigo ou segredo. Há ainda um pequeno mini-game em que podemos esconder uma bandeira em alguma parte do mapa e quanto mais tempo ela ficar sem ser descoberta, maior será nossa recompensa.

O game design é muito bom e oferece variadas formas de se chegar ao seu objetivo, cada uma com seus próprios desafios e recompensas. Isso acaba tornando relativamente difícil e imprevisível a tarefa de descobrir o lar do próximo chefe. Eventualmente, o jogador desbloqueará diversos atalhos que facilitarão a locomoção entre as diferentes áreas de Jericho City, entretanto diferente de Dark Souls ou Bloodborne, o mundo é dividido em grandes mapas separados por meio de telas de loading.

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The Surge 2 se mantém linear quanto sua progressão, infelizmente, e não é possível avançar no game sem antes obter algum equipamento que conceda ao jogador acesso a novas áreas. O ritmo é sempre ir do ponto A ao B, e de B para C, sem oferecer opções de pular alguma dessas etapas, como o que é feito na série Souls, por exemplo. Apesar disso, o título incentiva que o jogador retorne a mapas já explorados para obter recompensas, acessando áreas previamente inacessíveis, por falta de alguma chave ou habilidade.

Os inimigos são bem diversificados, levando em consideração que a grande maioria consiste de seres humanos com equipamentos e armas diferentes, que podem ser brutalmente desmembrados pelo jogador para aumentar seu arsenal. Todo encontro com um novo oponente é empolgante, seja pela questão do desconhecido, ou pelo desejo de acoplar alguma parte de sua armadura à nossa, e raramente os combates se tornam cansativos. A inteligência artificial permanece inalterada, e por conta disso é fácil enganar os inimigos com elementos do próprio cenário para explorar suas fraquezas.

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Os desenvolvedores não aproveitaram o fato do game se passar em uma grande cidade e perderam a oportunidade de adicionar mais inimigos robóticos, algo que já era escasso no título anterior, o que é um pouco decepcionante. Felizmente, os que estão presentes aqui serão um excelente desafio para os jogadores que tiverem coragem o suficiente de enfrentá-los. Os chefes por sua vez são um outro espetáculo a parte, sejam em termos de design ou de dificuldade, alguns ainda mudam sua forma de ataque e tornam-se mais agressivos quando uma certa quantidade de vida é retirada.

The Surge 2 está lotado de problemas técnicos que podem acabar impactando seriamente a experiência do jogador. Inicialmente, é preciso destacar que o game possui atrasos gritantes na renderização das texturas presentes no cenário e personagens. Algumas das texturas simplesmente não carregam devidamente, dando a sensação de que estamos jogando algo do início da geração passada (recomendo ver a imagem a seguir com calma). Por conta disso, há um uso excessivo de motion blur no título, que pode ser desativado por meio das opções do menu.

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Os cenários sofrem com a iluminação superexposta presente no título, que além de tornar mais evidente as falhas gráficas, ofuscam a visão do jogador em certos momentos. Certos objetos e partículas não reagem de acordo com a física e ficam eternamente flutuando no ar, como fragmentos de caixas e inimigos mortos. Há constantes quedas de framerate e dificilmente o jogo consegue se manter operando a 30 quadros por segundo no PlayStation 4 padrão. Isso piora durante as finalizações ou quando a tela está repleta de inimigos. Outra coisa comum é o personagem ficar preso em diversos locais do cenário e, caso isso ocorra, é necessário voltar ao menu principal e recarregar o último ponto de salvamento.

Veredito

The Surge 2 é um game extremamente viciante e agradável, graças ao seu combate dinâmico e divertido. Em termos de mecânicas e gameplay, o jogo é uma melhoria significativa em relação ao seu antecessor. Infelizmente, ele acaba falhando nos mesmos aspectos que o primeiro título. Tudo isso, associado aos diversos problemas de performance, acaba removendo parte do brilho que The Surge 2 tinha a oferecer.

Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Focus Home Interactive.

Veredito

80

The Surge 2

Fabricante: Deck13

Plataforma: ps4

Gênero: Ação / Aventura

Distribuidora: Focus Home Interactive

Lançamento: 24/09/2019

Dublado:

Legendado:

Troféus:

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[lightweight-accordion title="Veredict"]

The Surge 2 is an extremely addictive and enjoyable game, thanks to its dynamic and fun combat. In terms of mechanics and gameplay, the game is a significant improvement over its predecessor. Unfortunately it ends up failing in the same aspects as the first game. All of this, coupled with various performance issues, eventually takes away some of the brilliance the title had to offer.

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The Surge 2 is an extremely addictive and enjoyable game, thanks to its dynamic and fun combat. In terms of mechanics and gameplay, the game is a significant improvement over its predecessor. Unfortunately it ends up failing in the same aspects as the first game. All of this, coupled with various performance issues, eventually takes away some of the brilliance the title had to offer.

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