Análise – Shining Resonance Refrain

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Entre todas as clássicas franquias da Sega, a série Shining talvez seja a mais subvalorizada. Englobando vários sub-gêneros de RPG ao longo dos seus quase 30 anos de existência, desde o lançamento do dungeon crawler Shining in the Darkness para o Sega Mega Drive em 1991, passando por um dos melhores RPGs de Estratégia de todos os tempos em Shining Force II, até a migração para uma série de RPGs de Ação a partir da chegada da série ao PlayStation 2, o nome Shining tem um dos legados mais especiais que JRPGs podem oferecer.

Shining também é uma franquia com um histórico de localizações bastante esporádico. Shining Resonance Refrain, o relançamento para PlayStation 4 do jogo originalmente lançado para PlayStation 3, com várias adições de conteúdo, marca a primeira vez em que a franquia chega ao Ocidente em 11 anos (exceção feita a um spin-off exclusivo para PC e com seis lançamentos exclusivos no Japão, incluindo jogos para PS2 e PSP) e se mostra uma ótima porta de entrada para uma franquia que tem sido tristemente ignorada por fãs desse lado do globo.

Convenientemente, o jogo segue os mesmos moldes de séries como Final Fantasy e Tales of, em que cada novo título conta uma nova história, independente dos anteriores. Neste caso, Shining Resonance Refrain coloca o jogador na pele de um jovem chamado Yuma Ilvern, o receptáculo da alma do lendário Shining Dragon. O personagem é resgatado pela princesa, Sonia Blanche, do Reino de Astoria, de uma masmorra no qual ele era vítima de vários experimentos realizados pelo Império da Lombardia. Após o resgate, ele passa a ajudar o Reino em sua guerra contra o império maligno e sua tropa de Dracomachinas, robôs com a alma de dragões extintos há vários milênios.

Por mais que SRR tenha um roteiro bem genérico, ele acaba se sustentando na força dos seus personagens. Por mais que Yuma e Sonia sejam co-protagonistas bem clichê, com Yuma especialmente trilhando bem perigosamente a linha entre genérico/mediano e completo inútil e irritante, especialmente pela insistência do jogo em mantê-lo como herói misterioso e relutante, tudo funciona por ser bem amarrado e bem escrito. Os diálogos são orgânicos, os personagens, críveis, e a história consegue fugir de uma série de armadilhas e decisões bobas que afligem boa parte dos JRPGs, especialmente pela ambientação.

Shining Resonance Refrain, como o nome tenta fazer alusão, se vale bastante da temática musical e de uma forma bem esperta em que isso se integra facilmente ao mundo. Cada um dos personagens possui (ou adquire ao longo do jogo) um tipo especial de equipamento, chamado Armonic, que funciona tanto como uma arma quanto como um instrumento musical (Kirika tem um arco que também é uma lira, Agnum tem uma guitarra/machado, Sonia, uma espada e escudo que funcionam como violino, etc).

O jogador pode usar partituras especiais para melhorar o personagem ou afinar as Armonics para que elas adquiram uma ou outra habilidade especial (Sonia pode adicionar ataques extras ao combo ou adicionar elementos de gelo, Kirika pode decidir entre focar em dano ou cura e por aí vai, com novas variações sendo liberadas ao longo do jogo). Esse sistema, chamado Tuning, é o que mais adiciona customização à progressão dos personagens, já que ganhar níveis apenas aumenta HP, ataque, defesa, etc e desbloqueia habilidades em determinados níveis.

Não há nenhuma sacada de gênio ao longo das 40-50 horas de jogo, mas tudo se mantém divertido e caminhando em um ritmo que não cai na morosidade, além do que personagens como Kirika, Excella, Agnum e Rinna ajudam não só a contextualizar a aventura, como a temperá-la com mais charme e, com uma mecânica específica de relacionamento entre os personagens, é possível mudar a forma como os personagens interagem em batalha (com efeitos especiais ou bônus nas habilidades, por exemplo) e até ativar um mini-simulador de namoro. Além disso, contribui bastante para o jogo a alta qualidade e quantidade da dublagem, com a maior parte dos diálogos contendo áudio em inglês e japonês (infelizmente não há nem dublagem nem legendas em português).

Como mencionado antes, SRR é um relançamento e isso fica claro nos aspectos técnicos do jogo. Os ambientes são mais limitados do que vemos em jogos dessa geração (com uma série de mapas pequenos interconectados, ao invés de um mundo aberto que, no final, não faz tanta diferença) e, por mais que os ambientes do jogo sejam bonitos e exista uma considerável variedade de inimigos, fica claro que os modelos foram apenas melhorados para o PS4 e não feitos com ele em mente. O jogo roda bem, as animações, efeitos e cut-scenes são bem bonitas, mas ainda assim fica claro que é um JRPG típico do final do ciclo de vida do PS3 (o Shining Resonance original saiu em 2014 no Japão).

O conteúdo extra que essa versão traz faz essas pequenas limitações técnicas valerem a pena. Além de contar com todos os DLCs lançados para Shining Resonance, incluindo as várias roupas extras para os personagens, SRR adiciona uma nova história chamada Refrain Mode, que reconta a trama de um ponto de vista diferente, com outros personagens para controlar e perspectivas distintas dos personagens principais, sendo mais bem aproveitada pelo jogador após concluir o modo principal. Ele adiciona bastante ao jogo e vale muito a pena jogar.

Talvez a parte mais forte de SRR seja seu combate. Por mais que seja um RPG de ação bem direto, em que o jogador controla um personagem e os demais ficam a cargo da IA (com ataques comuns, break attacks para quebrar defesas e force attacks, que são golpes especiais mais poderosos e que consomem MP), os controles são simples e fáceis de aprender, se tornando intuitivos bem rapidamente. Fora isso, há uma quantidade considerável de sistemas que adicionam profundidade ao jogo, como a possibilidade de determinar as ações dos outros personagens, ataques simples que recuperam MP e alguns outros pequenos detalhes, especialmente, o Shining Dragon e a B.A.N.D.

Yuma possui a habilidade de se transformar no Shining Dragon em qualquer ponto do combate. Isso aumenta o poder de ataque e adiciona novas técnicas ao arsenal do jogador, entretanto, o MP vai sendo drenado a cada instante e, caso zere, Yuma entra em um estado de fúria, atacando aliados e inimigos. Ainda assim, nesse estado é possível controlar (ou evitar que ele entre) Yuma através da B.A.N.D., uma técnica com a qual uma barra é carregada e, ao atingir um determinado nível (existem três deles), pode ser ativada para que os personagens toquem uma música (é possível coletar várias ao longo do jogo e aumentar sua duração completando certas missões), o que causa diferentes efeitos (aumento da defesa, ataque, chance de dano crítico). Essas mecânicas se tornam bastante importantes, principalmente mais para o final do jogo, e se tornam bastante efetivas, principalmente contra chefes e inimigos especiais.

Diante desse foco tão grande em música, SRR felizmente entrega uma trilha sonora estelar. As canções beiram a perfeição e mesmo o design de som dos pontos mais simples do jogo parecem ter tido o máximo de atenção possível, sendo que tudo parece natural e característico daquele mundo e ajudam muito a imersão. Isso é especialmente real com as faixas principais (como as tocadas com a B.A.N.D.) e algumas delas merecem ser colocadas no alto panteão das trilhas sonoras de RPGs.

Há alguns problemas, claro, como a existência de um hub central (Marga, a capital de Astoria) sem fast travel (apenas para voltar), o que te obriga a ver os mesmos cenários várias vezes sem necessidade; o protagonista, como dito, é bem genérico e esquecível; e existem alguns pequenos problemas técnicos, como engasgues e faixas de áudio que não tocam no momento certo, mas nada muito atroz. No geral, Shining Resonance Refrain é um jogo muito bom, que deve agradar a qualquer fã do gênero, sendo uma ótima pedida principalmente nesse período sem tantos grandes lançamentos.

Jogo analisado com cópia digital fornecida pela SEGA.

Veredito

Shining Resonance Refrain é um passo na direção certa para a franquia, mostrando que ela está pronta para brilhar nos palcos novamente como um ótimo JRPG que, pode não ser uma obra-prima, mas ressoa com o jogador, diverte e envolve como uma boa canção.

80

Shining Resonance Refrain

Fabricante: Media.Vision / O-Two Inc.

Plataforma: ps4

Gênero: RPG / Ação

Distribuidora: SEGA

Lançamento: 10/07/2018

Dublado:

Legendado:

Troféus:

Comprar na

[lightweight-accordion title="Veredict"]

Shining Resonance Refrain is a step on the right direction for the franchise, showing that it’s ready to shine on stage again as a great JRPG that may not be a masterpiece, but resonates with the player, entertains and involves like a good song.

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Shining Resonance Refrain is a step on the right direction for the franchise, showing that it’s ready to shine on stage again as a great JRPG that may not be a masterpiece, but resonates with the player, entertains and involves like a good song.

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