Análise – Resident Evil 2
Resident Evil 2 é um clássico da história dos videogames. Mesmo mais de 20 anos depois de seu lançamento, o título ainda é encontrado nas listas de melhores Resident Evil, assim como nos rankings de melhores jogos de todos os tempos. Dito isso, é uma tarefa árdua remasterizar ou fazer um remake de um game dessa magnitude. A Capcom acabou aceitando o desafio, depois de ver que existia muita demanda dos fãs para isso e principalmente pela ótima recepção que Resident Evil 7 biohazard teve.
Resident Evil 2 está quase entre nós (seu lançamento é no dia 25 de janeiro) e tentarei, neste texto, explicar que você deve, sem falta, conferir esta reimaginação.
Antes de começarmos a análise, é preciso que algo fique bastante claro. Note a palavra que eu usei no parágrafo anterior: “reimaginação”. Resident Evil 2 é um remake, mas você não encontrará aqui o jogo original idêntico, apenas com gráficos aprimorados (e a câmera em terceira pessoa). Várias coisas mudaram em relação ao original, principalmente os puzzles. Você, sem dúvida, verá em breve várias listas que os fãs montarão do que mudou no remake. Nossa intenção nesta análise não é essa. Portanto, o que quero dizer com este prefácio é que você tenha a mente aberta e aceite as novidades. Se você for jogar esperando encontrar a mesma coisa vista em 1998, acabará se decepcionando.
Dito isso, a análise considerará Resident Evil 2 como um novo jogo. Não ficarei comparando a todo instante o que é igual ou diferente do original de 1998.
Resident Evil 2 possibilita que o usuário aproveite a campanha através da visão de dois personagens: Leon Kennedy e Claire Redfield. Leon é um jovem policial que está em seu primeiro dia de trabalho na polícia de Raccoon City. Porém, com a demora do pedido de comparecimento à estação, Leon decidiu investigar o que estava acontecendo. Ao parar num posto de gasolina próximo a Raccoon City e após os primeiros encontros com zumbis, Leon acaba se deparando com Claire Redfield. Claire, por sua vez, está indo para Raccoon City em busca do seu irmão, Chris.
Leon e Claire acabam fugindo do posto de gasolina e indo juntos para Raccoon City. A cidade, como esperado, está infestada de zumbis e um caminhão acaba batendo neles e separando os dois. Leon e Claire decidem se encontrar na delegacia de polícia.
Você pode começar a história com qualquer um dos dois e, ao terminá-la, é possível jogar a campanha com o personagem que restou. Neste caso, você terá duas opções: jogar do zero novamente com o personagem ou continuar como uma segunda jornada. Se optar pelo segundo caso, algumas coisas serão diferentes (por exemplo, o início será adaptado para o que você viu com o primeiro personagem) e também verá o final verdadeiro do título. Para os que estão se indagando: sim, são os cenários A e B de Leon e Claire, porém modernizados e adaptados.
Explicando melhor a diferença entre as campanhas, sem fornecer spoiler: se você começar com Leon, cedo ou tarde você chegará na delegacia de polícia e jogará o que viu na 1-Shot Demo. Ou seja, logo que entra na delegacia, Leon procura no computador por sobreviventes. Mais tarde, Leon encontra Claire no pátio da delegacia. Se você começar o jogo com Claire, o papel será trocado. Claire é quem chegará na delegacia e checará o monitor em busca de seu irmão Chris, mas acabará vendo a mesma coisa que Leon (o policial pedindo ajuda). Na segunda jornada, se tiver finalizado com Leon primeiro, você começará jogando com Claire no pátio da delegacia – que é onde Leon a encontrou.
Em outras palavras, Resident Evil 2 possui quatro campanhas, cada uma com rank (definido pelo seu tempo, principalmente) e dificuldade atrelados. Apesar de possuir quatro campanhas, tenha em mente que elas são similares entre si. Obviamente, o arco com Ada acontece com Leon e o de Sherry com Claire (ambas, inclusive, são jogáveis com gameplay inédito), mas os ambientes a serem explorados, assim como os puzzles, são muito parecidos. Há mudanças, é claro – não são exatamente iguais (principalmente na segunda jornada você notará essas mudanças nos puzzles). Então, dessa forma, podemos dizer que há quatro campanhas, mas que na realidade são quatro releituras (seja no gameplay ou na história) de um mesmo fluxo.
Resident Evil 2 foi desenvolvido na RE Engine, a mesma de RE7 Biohazard e que está sendo usada em Devil May Cry 5. É uma engine com gráficos extremamente realistas, principalmene quando falamos de seu ambiente. Os gráficos são algo fora de série e merecem todos os elogios. Mas algo que também precisa ser mencionado são os sons. Além de realistas, os efeitos sonoros são incrivelmente imersivos e, sem dúvida, ajudam o jogador de diversas formas, como saber a posição de um zumbi no local.
O gameplay, como você já está cansado de saber, é em terceira pessoa. Se jogou a 1-Shot Demo, já teve um gostinho dele. Os comandos são responsivos, o layout no controle possui uma lógica bem definida e, apesar de certas coisas precisarem de um pouco de treino de sua memória muscular (até hoje, mesmo finalizando as duas campanhas, não me acostumei com L1 ser usado para granada e a faca), é tudo bastante funcional.
Para quem não jogou a demo, aqui vai um breve resumo: L2 serve para mirar com sua arma de fogo, enquanto que R2 atira com ela. L1 ativa o uso da arma secundária, como granadas e faca (pressione R2 para usá-las). Quando um zumbi o agarra, L1 também serve para gastar essa granada ou faca para que ele se afaste de você (e sua vida não seja perdida no processo). X interage com o ambiente, quadrado recarrega a munição, bola e para trás faz um giro 180 graus, triângulo abre o inventário de itens e o Touch Pad abre o mapa. O menu com o inventário é o mesmo do mapa – basta trocar de aba quando estiver nesta tela. Por fim, L3 anda (ao pressionar, corre) e R3 é a câmera. E, sim, é possível andar e atirar.
Resident Evil 2 é bastante focado no Survival Horror que os fãs tanto desejavam. Há uma quantidade significativa de puzzles a serem solucionados, seja para avançar na história ou pegar itens que facilitam a jornada. Além disso, apesar da demo ter passado uma impressão de que há munição de sobra, ouso dizer que a campanha não fornece tanta munição assim, principalmente na segunda jornada. O que há de sobra, porém, é a vida (ao menos na dificuldade Normal, chamada de Padrão): há inúmeras ervas e spray de primeiros socorros. Mas sempre vale ressaltar que há uma dificuldade maior, chamada de Intenso (Hardcore) que obviamente complica esse ponto.
A escassez de recursos existirá se você não souber administrá-los. Ou seja, se você decidir matar todo zumbi que ver na tela, não chegará muito longe na aventura. É preciso aprender a desviar deles e também planejar rotas olhando o mapa. Você deve analisar mentalmente para onde quer ir e ver qual é o caminho mais seguro (ou mais rápido) para chegar lá. Isso será bastante comum em sua jogatina.
Além disso, muitas vezes você pensará se realmente vale a pena ir buscar aquela munição que ficou para trás (o inventário é pequeno e você pode expandi-lo, mas acredite que muitas vezes você será obrigado a ignorar os itens por falta de espaço ou porque um item da história era mais importante). Você fará cálculos mentais do tipo: há quatro salas repletas de zumbis no caminho de um local que possui munição de Shotgun, mas vou gastar provavelmente um tanto de munição para sobreviver e posso perder vida no processo. “É melhor deixar quieto e seguir viagem”, será sua decisão final. Isso que ainda há os chefes. É sempre bom ter munição de armas poderosas sobrando para essas situações.
Isso que comentei acima fica cada vez mais presente em sua mente quando as salas e corredores ficarem repletos de Lickers e, principalmente, quando o Tyrant entrar na jogada. Apesar dele ser lento e facilmente enganado (ele sempre seguirá você pelos corredores a uma velocidade constante), um erro de cálculo pode ser fatal.
Para poder escrever esta análise, finalizei a campanha de Leon, assim como a de Claire na “segunda jornada”. Joguei também o início da campanha normal de Claire para poder comparar as diferenças com a de Leon (e também com a da própria Claire pela segunda vez). Dito isso, o jogo acusa que levei 6 horas para finalizar a de Leon e 5 horas a de Claire, ambas, portanto, pela primeira vez. Porém, esses números não são realistas. O que acontece é que, como explicado anteriormente, você fará muitos caminhos mentais para onde deve ir no game. Ao executar, se achei que foi desperdício ir até aquele local, seja de recursos ou de tempo, eu dava load no meu save mais recente. Em outras palavras, joguei mais do que 6 e 5 horas, respectivamente. Diria que a média foi, na verdade, umas 10 e 7 horas para cada campanha. Ou seja, levei cerca de 17 horas para finalizar o game.
Dizer “finalizar” seria um equívoco na verdade. Após terminar as duas campanhas e ver o final verdadeiro, você abrirá o The 4th Survivor com Hunk. Basicamente, você começa com Hunk (repleto de itens) em um certo local (que você já passou com Leon e Claire) e deve ir até a entrada da delegacia de polícia. É um modo bastante desafiador, pois há uma quantidade enorme de inimigos – muito mais que Leon e Claire tiveram que encarar. Portanto, esse modo é uma mini-campanha que dura cerca de 10 a 20 minutos na primeira vez que tentá-lo.
Além de Hunk, há também Tofu, mas esse deixarei como surpresa para você descobrir como funciona. Infelizmente, no entanto, Resident Evil 2 não conta com um Mercenaries ou algum modo mais “Arcade”. Se parar para pensar, todos os jogos da série tiveram algo assim desde RE3, sendo que no caso de RE7 tivemos via DLC pago algo similar.
Apesar disso, a Capcom revelou hoje (22) que Resident Evil 2 receberá o modo The Ghost Survivors gratuitamente num futuro próximo (ainda sem data). Esse modo permitirá que você jogue com diversos personagens, oferecerá elementos aleatórios, uma loja in-game (não é microtransação, é loja para obter itens com os pontos obtidos na partida) e é para ser jogado diversas vezes. Ou seja, é similar a um Raid Mode e não um Mercenaries, mas é uma adição muito bem-vinda e esperamos que Resident Evil 2 tenha ainda mais suporte com mais modos desse tipo, sejam via DLC pago ou gratuito.
Outro ponto negativo seria a possibilidade de usar itens na campanha já finalizada. Uma das coisas que eu mais gostava de Resident Evil 4 e Resident Evil 5 era o fato de poder usar as armas pegas em sua primeira campanha e utilizá-las desde o início em uma segunda jornada. RE2 não mostrou tal possibilidade, infelizmente. Porém, é compreensível: devo ter terminado as duas campanhas com poucos recursos e seria quase a mesma coisa que começar com nada.
Para compensar esse lado, RE2 possui diversos destraváveis. São inúmeros objetivos (chamados de Registros no menu de Bônus, sendo que boa parte deles são os mesmos requisitos dos troféus da PSN) que, ao completá-los, liberam artes conceituais e modelos em 3D dos personagens, inimigos e armas. Em um desses registros, por exemplo, diz que a arma Samurai Edge com munição infinita será dada ao usuário. Mas obtê-la não será algo simples, já fica o aviso.
De modo geral, Resident Evil 2 possui um fator replay alto. Mesmo tendo jogado mais de 20 horas, ainda tenho vontade de voltar a Raccoon City e rejogar as campanhas, a fim de obter ranks melhores e conseguir esses destraváveis mencionados no parágrafo anterior.
Resident Evil 2 é um título obrigatório. Há falhas mínimas que foram mencionadas nesta análise, mas o pacote geral é de tirar o chapéu (de um Tyrant). Como dito no início, aqueles mais puristas que esperam um remake idêntico ao original ficarão um pouco decepcionados. Mas acredite: a mudança vale a pena e traz um ar de novo para todos os jogadores.
Ressalto mais uma vez: Resident Evil 2 é excelente. Considerando o que nos foi apresentado neste remake, torço fortemente para que a Capcom siga este mesmo caminho para Resident Evil 8.
Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Capcom.
Veredito
Resident Evil 2 é um excelente título. O Survival Horror que os fãs tanto almejam está presente, o aspecto técnico é impressionante e as diversas campanhas (mesmo que tenham elementos muito similares) aumentam a vida útil consideravelmente. Apesar do remake não ser exatamente idêntico ao original, a essência do game de 1998 continua presente. Resident Evil 2 é um título obrigatório em sua coleção.
Resident Evil 2 is an excellent game. The Survival Horror that fans wanted so much is here, the technical aspect is impressive and the various campaigns (even if they have very similar elements) increase the lifespan considerably. Although the remake is not exactly identical to the original, the essence of the 1998 game remains present. Resident Evil 2 is a must-have title in your collection.
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