Análise – Kingdom Hearts III – ReMind

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Lançado em janeiro de 2019, Kingdom Hearts III foi muito bem recebido pelos fãs, e apesar de ter pecado em alguns pontos, tornou-se um grande sucesso e também um dos 10 jogos mais vendidos do ano. A saga de Xehanort (supostamente) teve seu fim, mas ainda ficaram muitas dúvidas e mistérios pendentes a resolver, além de outras novas histórias começadas no jogo que não tiveram todo o desenvolvimento necessário. Estava claro que algum tipo de conteúdo extra se fazia necessário. Com o anúncio da DLC em abril, as expectativas foram criadas de que círculo finalmente poderia se fechar.

Mas era tudo ilusão.

O texto a seguir é apenas de todo o conteúdo extra adicionado em janeiro de 2020 no pacote Kingdom Hearts III Re:Mind. Caso queira saber o que achamos do jogo base, confira nossa análise aqui. Para jogar a nova parte da história é necessário um arquivo salvo após o término do chefe final. Neste review foi utilizado um save da dificuldade Proud.

Kingdom Hearts III Re:Mind
Os episódios extras e data greeting só aparecem no menu inicial após desbloqueá-los no jogo. Fonte: PS4 Share

Re:Mind se passa logo após o término da saga de Kingdom Hearts III. Seguindo a premissa da sinopse, Sora está determinado a salvar Kairi. Com isso, viaja até o “The Final World” e pede ajuda a Chirithy, que o auxilia ao utilizar o poder de retornar ao passado, lembrando de todos os riscos a se fazê-lo. Sendo assim, Sora usa seu poder e faz uma viagem no tempo para o começo do confronto final em Keyblade Graveyard, seguindo os rastros dos sete guardiões da luz através do coração de cada um.

O primeiro (e maior) problema de Re:Mind está logo aí. Na viagem no tempo. Apesar da ideia ser algo interessante, este é um tema polêmico na saga que acabou servindo como justificativa para fazer fan service e ressuscitar todo personagem que já havia passado no jogo. A principal crítica do jogo original está exatamente nesse caos que a história ficou em especial neste último mundo jogo. E na DLC temos exatamente mais um pouco disso. Esqueça todo o final do jogo: ele acontecerá de novo.

Kingdom Hearts III Re:Mind
A melhor parte de pular de coração em coração é ver as variações de “vitrais” de cada personagem. Fonte: PS4 Share

As duas primeiras lutas são interessantes e inéditas, dando aquele gostinho de que apesar de mais uma vez terem usado viagem no tempo para criar uma história ou justificar algo, teríamos um bom conteúdo. Tiro na água. Logo após visitar os primeiros corações, Sora volta para o labirinto de Keyblade Graveyard e você precisa fazer todo processo novamente. Mal comparando, a história seria basicamente um Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban onde você vê as mesmas coisas acontecerem novamente com algumas pequenas mudanças.

Mas essa Director’s Cut de Kingdom Hearts III (como carinhosamente gosto de me referir, já que é basicamente o que a nova história é) não é exatamente uma perda de tempo. Apesar de grande parte das cenas serem completamente iguais ao jogo original, parecendo até algo um pouco preguiçoso, em alguns momentos temos algumas mudanças que ou acrescentam um pequeno detalhe que ficou confuso e/ou em aberto ou então algo extra por conta da visita do Sora extracorpóreo do futuro. Além disso, em alguns dos momentos o jogar tem a opção de no lugar de Sora controlar Aqua, Roxas, Riku ou Kairi para fazer cada uma de suas respectivas batalhas contra a Real Organization XIII.

Kingdom Hearts III Re:Mind
Já que é para ser uma DLC com conteúdo novo então não há sentido algum em escolher Sora em qualquer uma destas lutas. Fonte: PS4 Share

Não duvido que tenha sido mais um pouco de fan service ter colocado a opção de utilizar outros personagens nas lutas, apenas acho estranho ainda não podermos jogar com Axel (ou Lea). Mas sendo ou não, essa inclusão foi ótima e nos dá um gameplay um pouco diferente para cada luta vista anteriormente. As batalhas também tornam-se um pouco mais complicadas, já que você não consegue personalizar habilidades, equipamentos ou atalhos e o HP dos personagens provavelmente está mais baixo que o de Sora (a não ser que você jogue utilizando a habilidade de não ganhar experiência, coragem). Por várias vezes usei um Elixir quando na verdade queria atacar com Thundaga.

Outra vantagem de reviver estes momentos do jogo é poder revisitar Scala ad Caelum, desta vez com um pouco mais de liberdade para explorar o local. O design dos mapas está lindo e bem completo, valendo a pena perder um tempinho conhecendo cada cantinho da cidade. Essa é a única parte da DLC que possui algum tipo de exploração em áreas novas, tendo acesso também a novos baús e alguns puzzles simples.

Kingdom Hearts III Re:Mind
É preciso vasculhar a cidade para encontrar fragmentos do coração de Kairi

No geral a parte de história apesar de ter um gameplay médio entre três e seis horas acaba acrescendo bem pouco de novidade. Para algo sendo vendido como um grande DLC de história com valor original de $29,99, que é um preço extremamente alto para algo extra, sinto que acabou deixando a desejar, faltando bastante conteúdo para justificar este preço elevado. Mal comparando, o pacote de DLC de Zelda: Breath of the Wild custou $19,99, foi criticado ao ser anunciado por ter um valor elevado mas acabou entregando conteúdos tão bons, novos e completos que toda a crítica virou elogio. Para Kingdom Hearts III Re:Mind que ainda chegou mais caro era esperado ao menos umas 10 horas de história inédita.

Terminando a história de Re:Mind você ganha acesso ao Limitcut Episode, onde é possível controlar Riku brevemente pela casa de Merlin em Hollow Bastion Radiant Garden antes de acessar o computador para controlar a versão de data de Sora. E quem também está no laboratório? Nossos queridos amigos da franquia de Final Fantasy que não apareceram em momento algum em Kingdom Hearts III, algo que os jogadores sentiram muita falta. Apesar da participação ser bem pequena, podendo dizer até mesmo inútil, conseguiu dar aquela pequena aquecida no coração e mostrar que mesmo fazendo fan service Nomura prestou atenção em algumas coisas que os fãs sentira falta (mas ainda quero o meu coliseu!).

Kingdom Hearts III Re:Mind
O cenário dá a sensação de que a casa é maior do que em Kingdom Hearts II. Fonte: PS4 Share

Ao acessar o computador que temos a melhor parte do pacote Re:Mind: as lutas contra a Real Organization XIII. Com o aproveitamento do conceito e mapa das data fights de Kingdom Hearts II, no DLC você tem disponível 13 novas lutas com uma dificuldade alta e ao contrário de seu jogo antecessor, nenhuma batalha se passa no mesmo cenário que a original do jogo. Todas são no circulo conceitual do jogo, aquele similar ao castelo de The World That Never Was. No começo apenas 11 portais estão disponíveis, tendo as duas últimas liberadas somente ao término das primeiras.

Kingdom Hearts III Re:Mind
Falam que Dark Riku é o mais fácil de todos, mas derrotei Ansem primeiro. Fonte: PS4 Share

As lutas são bem difíceis e isso que torna esta parte tão divertida. Estava no modo Proud, que por todo o jogo fiz a reclamação de que o tudo estava extremamente fácil. Acho que se dei 3 game over foi muito. Já nessas batalhas precisei retornar ao jogo principal, pegar equipamentos melhores, chegar no nível máximo, preparar bastante comida no bistrô e aí sim começar a encarar os desafios. Ainda assim perdi umas boas horas contra Xion. Infelizmente neste jogo não é possível refazer as batalhas para farmar itens, que nem em Kingdom Hearts II. A premiação é feita apenas na primeira vitória.

Completando todos as batalhas é liberado o Secret Episode, onde terá o chefe secreto, que de secreto não é nada já que todos já imaginavam quem fosse. A luta é extremamente difícil e a não há continue: caso perca você terá acesso a um final diferente daqueles que ganharem. Mas tudo bem, sempre é possível tentar novamente escolhendo este episódio no menu inicial. Nomura lança um easter egg bem esperto e nos deixa intrigado com o futuro da franquia e a possibilidade de outros jogos paralelos.

Kingdom Hearts III Re:Mind
Não poderia esperar outro lugar para a batalha secreta. Fonte: PS4 Share

Terminando toda a parte de história nova também é possível se divertir um pouco na função Data Greeting, liberada no Limitcut Episode. Nele você escolhe uma das dezenas de opções de cenários e vai inserindo personagens e objetos para montar a foto perfeita com seu Gummiphone. Alguns filtros e efeitos estão disponíveis para personalizar ainda mais o local. E, ao contrário do que as pessoas estavam imaginando com as imagens de divulgação, também estão disponíveis os mundos da Disney para montar o seu photoshoot.

As combinações possíveis são infinitas, ainda mais levando em consideração que ao colocar uma versão de Sora no ambiente, por exemplo, consegue-se customizar sua expressão facial com dezenas de opções. Combinando isso com as opções de cenário, efeitos e outros personagens, quem quiser perde um bom tempo tirando fotos. Passei pouco tempo no modo pois não me agradou muito. É até interessante mas nada que vale a pena de se pagar em um DLC.

Kingdom Hearts III Re:Mind
Em alguns cenários há restrições de personagens que podem ser colocados. Fonte: PS4 Share

Outro extra é o Slideshow. Você pode pegar um conjunto de fotos tiradas com o Gummiphone no jogo base, Re:Mind ou Data Greeting e fazer uma combinação de colagem junto com uma opção de música para uma pequena apresentação de slides. Não há mais o que se explicar deste conteúdo pois ele é somente isso: simples e desnecessário. Me parece como algo feito focado muito no público japonês, que gosta deste tipo de customização. Novamente, outro extra que não pagaria por ele.

Kingdom Hearts III Re:Mind
Além das fotos tiradas por você o jogo também acrescenta algumas imagens novas como opção para seu slide. Fonte: PS4 Share

Por fim, temos também o Premium Menu. Ao iniciar um novo jogo, após as escolhas de “personalidade” (se quer força, defesa, magia, etc) você terá um terceiro grupo de opções: se quer a aventura original, a versão com EZ Codes (fácil) ou PRO Codes (díficil).

Kingdom Hearts III Re:Mind
A escolha se dá antes do jogo de fato começar e não é possível mudá-la após isso. Fonte: PS4 Share

No modo fácil, códigos como 1-hit Kill, mais tempo de atrações ou recuperação automática de vida estão disponíveis. Cuidado para não utilizá-los em excesso e acabar tirando a graça do jogo. De fato não recomendo para quem não teve a experiência completa de Kingdom Hearts III ainda. Também são habilitados alguns desafios a serem feitos que rendem medalhas ao completá-las, como por exemplo de matar 13 inimigos no ar sem tocar no chão. Alguns parecem difíceis, mas utilizando os códigos certos e no local correto acaba sendo mais simples do que parece.

Enquanto isso, no modo Pro existe a opção de colocar sua defesa em 0 ou da proibição de itens de cura. O jogo fica extremamente difícil até mesmo no modo Beginner caso use a combinação certa de códigos. Ao contrário dos desafios no modo fácil, os Pro Codes te dão ranks ao utilizá-los contra os chefes de todos os mundos. Quanto mais códigos usar em uma luta, maior a sua pontuação. No restante do jogo não há pontuação. Caso queira chegar no rank máximo é preciso fazer todas as lutas do jogo base, do DLC Re:Mind e algumas data fights. Isso, é claro, se utilizar todos os códigos para ganhar a pontuação máxima. É uma tarefa bem difícil.

Kingdom Hearts III Re:Mind
Apenas os chefes aumentam sua pontuação no rank. Fonte: PS4 Share

Em suma, o premium menu apesar de ser uma adição interessante, acaba sendo algo desgastante. Para aqueles que tem interesse em fazer todos os extras e pegar todos os troféus, precisará no mínimo jogar o game inteiro mais duas vezes, uma em cada modo, para conseguir a conquista de todos os emblemas EZ e rank máximo no Pro. Caso queira menos estresse, recomendo que utilize os códigos difíceis no modo Beginner, pois ainda assim a dificuldade em alguns momentos pode ser maior até que no Critical.

Caso opte pela versão mais cara de Re:Mind, como extra virá um show da Kingdom Hearts Orchestra -World of Tres- gravado no dia 30 de abril de 2019. Esse vídeo não acrescenta em nada de gameplay no jogo e recomendo apenas a compra caso seja fã de orquestras. O show é muito bom e a edição está impecável, sendo uma chance interessante de assistir para aqueles que não conseguiram presenciar ao vivo no ano passado.

Veredito

O DLC de Kingdom Hearts III, Re:Mind, não entrega tudo aquilo que os fãs esperavam, sendo boa parte de sua história como uma versão do diretor do jogo original e pouco conteúdo novo, sem responder as perguntas que todos queriam. Para o que tivemos, o valor da DLC é muito cara e deveria ser ao menos metade do preço, não compensando para aqueles que não são muito fãs da franquia. Ainda assim, Re:Mind é divertido e acrescenta novas lutas incríveis que aumentam a vontade de jogar no pós-game.

Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Square Enix.

Veredito

85

Kingdom Hearts III

Fabricante: Square Enix

Plataforma: ps4

Gênero: RPG / Ação

Distribuidora: Square Enix

Lançamento: 29/01/2019

Dublado:

Legendado:

Troféus:

Comprar na

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The Kingdom Hearts III DLC, Re:Mind does not deliver everything that the fans expected, being something sort of a “director’s cut” of the original game with little new content, without answering the questions that everyone wanted. For what we received, the value of the DLC is very expensive and should be at least half the price, not making up for those who are not fans of the franchise. Still, Re:Mind is fun and adds incredible new fights that increase the desire to play post-game.

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The Kingdom Hearts III DLC, Re:Mind does not deliver everything that the fans expected, being something sort of a “director’s cut” of the original game with little new content, without answering the questions that everyone wanted. For what we received, the value of the DLC is very expensive and should be at least half the price, not making up for those who are not fans of the franchise. Still, Re:Mind is fun and adds incredible new fights that increase the desire to play post-game.

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Eric Oliveira

Tiro na água!

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