Jogos indies de terror e survival-horror têm sido uma constante na atual geração. Mesmo com a falta de alguns clássicos, como Dead Space, os títulos atuais conseguem se virar bem. Talvez não muito bem, mas o suficiente para que as produtoras independentes invistam em novos trabalhos, como Dollhouse.
Criado pela Creazn Studio, Dollhouse se agarra no terror psicológico e traz uma experiência intensa, amedrontadora e repetitiva.
Se você quer saber o porque da “Casa de Bonecas” ser tão frustrante, leia nossa análise para entender essa aventura abarrotada de manequins assassinos e coisas estranhas.
Dollhouse narra a história de Marie, uma mulher considerada a maior detetive do mundo. O jogo mostra como ela (após um acidente que também atingiu sua filha) deve lutar para recuperar suas memórias e se livrar de um mundo onde os manequins são os vilões.
A princípio, toda essa história pode parecer uma verdadeira loucura, porém, no decorrer do jogo você descobre quem são essas “bonecas do mal” e acaba aceitando. Afinal, como diz o ditado: “aceita que dói menos”.
No papel da detetive, será preciso solucionar alguns casos. Para isso, você deverá coletar diversas evidências nos diferentes cenários (jardim, casa, hotel…) e resolver a situação que assombra cada um desses locais. Parece simples, certo? Errado. O grande problema dos ambientes é a confusão que eles causam. Além de não passarem de enormes labirintos, não possuem um design agradável aos olhos. Tudo é muito igual, aumentando as chances do jogador que busca diversidade se frustrar.
Os manequins comuns ficam espalhados pelo cenário e em níveis de dificuldade elevados, atacam. No modo fácil, você apenas recebe condições especiais, como ter que jogar com os comandos invertidos por um tempo. Em outras palavras: o único inimigo a se temer é o manequim mestre, que fica vagando pelo ambiente à espreita, esperando a hora certa de tirar a vida de Marie com apenas um golpe.
E por falar em golpes de misericórdia, um dos pontos mais chatos do título está no fato de perder tudo caso morra. Isso mesmo. Todos os filmes de memória, níveis, perfumes…absolutamente tudo é perdido. É possível recuperar os objetos caso você encontre o local exato da morte, porém, se antes disso o manequim te matar novamente, será preciso coletar tudo de novo. Um trabalho totalmente chato e desnecessário, tendo em vista que o título não possui a elaboração de um Bloodborne ou Dark Souls, por exemplo.
Em momentos chave do jogo, uma mulher chamada Rose passa certas informações a você via rádio. Some isso a mais alguns elementos do título e você terá uma clara referência a Bioshock. O quanto isso é bom, é difícil dizer, já que o sistema de morte à lá Dark Souls faz um tipo de “linha cruzada”, o que faz o título perder um pouco de identidade.
Para compensar algumas falhas técnicas, Dollhouse traz uma trilha sonora pra lá de assustadora. Muito focado naqueles filmes de mistério da década de 50, o título consegue levar a tensão para o jogador no momento certo. Usando o headset da Logitech G935 com o sistema 7.1, foi possível captar sons de fundo que o home theater 5.1 não foi capaz, como o choro de um bebê no capítulo 3, por exemplo.
Há diversos outros momentos em que o título prega peças no jogador. Com um som estrondoso, ele tenta “alertar” que o “manequim do mal supremo” está por perto, porém, tudo não passa de um truque para aumentar ainda mais o medo e a tensão. Mas é preciso ficar atento, pois em algumas outras situações o alerta é real.
Os gráficos não ficam atrás e, embora não sejam a sétima maravilha do mundo, conseguem entregar ao jogador uma ambientação bem sombria, casando muito bem com a proposta do título.
Nos dias atuais, a maioria dos jogos possui um sistema de habilidades, sejam elas úteis ou não. Dollhouse faz parte da seção em que elas não são apenas inúteis, mas também horríveis de serem desbloqueadas, tendo em vista que o sistema de níveis também é falho.
Para liberar novas habilidades é preciso encontrar filmes de memórias específicos e usá-los nas máquinas verdes do cenário. Elas podem ser ativas ou passivas, mas no fim não fazem muita diferença.
Uma das habilidades presente é o de correr sem perder estamina por alguns segundos. Ela pode ser muito boa quando se tenta fugir dos manequins, porém, para correr é preciso manter o L3 pressionado. Isso mesmo. Nada de apenas apertar o botão, é preciso mantê-lo. Diversas vezes Marie encontrou a morte por causa dessa jogabilidade e skill mal aproveitada.
Embora Dollhouse tenha um modo online, o mesmo encontra-se em fase BETA. Diversos erros ao iniciar impediram que o mesmo fosse jogado, o que é uma pena.
O jogo faz diversas referências ao álcool, sexo e drogas. Nas memórias coletadas, é possível ver filmes de pessoas reais fazendo coisas bizarras. Tráfico de pessoas e prostituição são apenas algumas das cenas pesadas presentes. Nos próprios cenários há manequins em poses sexuais, o que pode deixar alguns jogadores desconfortáveis.
Para aproveitar ao máximo o título, é preciso estar disposto a enfrentar certas frustrações e medos ao mesmo tempo. A história é meio confusa, bem como a jogabilidade, porém, é possível se divertir caso tenha interesse em tomar alguns sustos. Só não vá com muita sede ao pote.
Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela SOEDESCO.
Veredito
Dollhouse até consegue trazer tensão e medo, porém, há uma narrativa confusa como pano de fundo e um sistema um tanto quanto falho.
Dollhouse can offer some jump scares, but with the confuse story and a gameplay that doesn’t work very well, you could be frustrated.
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