Análise – Days Gone

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Arriscar em novas franquias tem sido um movimento complicado nos últimos anos. Logicamente que várias novas propriedades intelectuais deram certo e se tornaram sucessos, mas em mesma proporção houve falhas e resultados nada positivos. A proposta da Bend Studio com Days Gone é quase uma mescla de apostar e se manter no seguro.

É interessante lembrar que um jogo da Bend Studios é praticamente um aposta aos jogadores apenas do console de mesa da Sony. O estúdio ficou por anos apenas desenvolvendo jogos para as plataformas portáteis da Sony, como Uncharted Golden Abyss, e é principalmente conhecido pela série Syphon Filter. Entretanto, não se engane caso ache o histórico da equipe singelo demais. Days Gone mostra exatamente o contrário.

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O novo exclusivo da Sony pode até usar elementos já “batidos” e difundidos no universo dos videogames. Mundo pós-apocalíptico, humanos infectados por vírus, desolação e destruição da sociedade como conhecemos e por aí vai. Days Gone inicialmente passa a imagem de um jogo genérico e não muito diferente disso, mas basta algumas horas para entender que não é bem assim.

A jornada de Deacon St. John é intensa, profunda e divertida. O ex-militar, mecânico e fiel participante de um clube de motoqueiros vê sua vida mudar totalmente dois anos antes do ponto de onde o jogo começa. Fugindo a todo custo do misterioso desastre que acontece na humanidade, o protagonista já é forçado a fazer escolhas que vão culminar na perda de pessoas muito queridas e importantes para ele. Muito disso molda o caráter e a personalidade do excelente protagonista de Days Gone.

O caminho percorrido por Deacon não é algo direcionado desde o início, com um objetivo final. A história vai se moldando aos poucos, com eventos que vão preparando no caminho para culminar no objetivo final no terceiro ato do jogo. Muito disso é pelo ótimo trabalho que a narrativa faz num jogo de mundo aberto. Não existe aquele excesso de missões apenas para popular certas áreas do jogo, mas sim atividades que vão se interligando e formando o caminho para uma excelente conclusão.

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Deacon tem muito o que enfrentar e descobrir em sua jornada. Desde a tratar o luto que o consome e a tentar descobrir mistérios que o cercam, como até eventos do surto do vírus e das organizações governamentais que ainda surgem sem muita explicação. Há muito o que fazer em Days Gone e tudo é interessante de acompanhar. Dificilmente o jogo se perde naquilo que deseja contar ou desenvolver em seus personagens. Um único porém, principalmente quanto ao desenvolvimento dos personagens, é que Deacon é bastante definido e focado, demonstra toda a raiva contra aqueles que ele vê como merecedores e mostra todo sentimentalismo quanto ao luto e suas perdas. Isso faz com que ele fique muito acima de outros personagens, o que o destoa bastante e, talvez, até deprecia os demais personagens secundários.

Logicamente é difícil fugir de clichês e maneirismos em um jogo do gênero, principalmente usando o tema “zumbis” ou “infectados” já bastante exauridos no universo do entretenimento. Porém, o que vale exaltar é a qualidade com que a Bend Studio trata sua história, não focando apenas na ameaça direta dos infectados, mas abrindo o leque para um mundo muito mais perigoso além dos monstros ali presente.

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Os frenéticos, como são chamados os “zumbis” do jogo, são a ameaça mais frequente encontrada no estado do Oregon, onde se passa o jogo, porém não são a única. Desde as florestas aos campos desertos e as regiões pantanosas, não existe lugar seguro no mundo de Days Gone. Todo ambiente é nocivo aos humanos sobreviventes, seja pelo perigo dos infectados, de outros humanos, bandidos e seitas agressivas ou a própria natureza que ainda resiste, como ursos, pumas e lobos. Não há como sobreviver apenas andando a esmo e eliminando o que encontrar pela frente.

A jogabilidade do título é excelente e prazerosa. Atirar ou atacar com armas brancas qualquer inimigo é funcional ao extremo. O combate é frequentemente usado e em nenhum momento se torna tedioso. O uso de vários itens e equipamentos ajuda na variedade de abordagens, desde a explosivos diretos, molotovs para grupos de frenéticos, pedras e itens que atraem atenção de inimigos para que Deacon ataque sorrateiramente. Days Gone é um playground de possibilidades e diversão, mesmo que isso signifique perder às vezes. Acredite, não dá para enfrentar grandes grupos de inimigos sempre e sair vitorioso.

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Sempre é necessário recolher itens espalhados pelo mapa e montar seus equipamentos. Desde galhos, raízes, garrafas e líquidos inflamáveis, Deacon é capaz de criar setas de besta e molotovs para usar. Muito disso acaba lembrando os sistemas de criação de The Last of Us e até de Horizon: Zero Dawn, nos quais sempre é obrigatório refazer seu inventário, mesmo que o jogo seja generoso em recursos. Mesmo assim, enfrentar as gigantescas hordas de 400 a 600 frenéticos não é tarefa fácil. Nessas horas, melhor correr para sua moto e fugir o mais rápido possível.

O veículo de Deacon é praticamente um segundo protagonista. A moto é o único meio de transporte útil, já que há vários caminhos bloqueados e alternativos no mapa do jogo. A velocidade de transição e de fuga, quando necessário, faz o jogador ficar de olho no ícone da moto do minimapa sempre. Ficar cercado por frenéticos, sem munição ou equipamentos suficientes é morte certa. Entretanto, cuidar da moto também é obrigatório. Pulos mal planejados podem estragar a moto e não ficar de olho no medidor de combustível é um caminho para o desespero. Voltar a pé para um acampamento e pedir ajuda é a única opção, mas não será a mais fácil.

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O jogo é uma evolução constante. Os personagens evoluem, equipamentos novos vão surgindo e novas melhorias para a moto ficarão disponíveis à medida que Deacon interage e realiza trabalho para os acampamentos. Alguns deles vão dar melhores armas, outros melhores peças para a moto. Cabe ao jogador decidir em qual investir seu tempo.

O próprio mapa é um grande atrativo no jogo. O design e a diversificação dos locais são muito bem apresentados, mostrando diversos biomas e áreas diferentes. Muito do que faz o jogo ser dinâmico é o excelente sistema de clima. Tempestades de raios, neve, tempo seco, mudança de dia e noite. Isso não são apenas efeitos visuais, mas interfere no mundo do jogo. Infectados ficam escondidos durante todo o período de luz. Durante tempestades e a noite, as hordas de frenéticos tomam conta de vários locais no mapa.

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Por falar em hordas, esse talvez seja um dos grande atrativos do jogo. Existem dezenas de hordas espalhadas pelo mapa de diversos tamanhos. Desde pequenas com até 100 frenéticos a outras com mais de 600. É o maior desafio a ser enfrentando. A IA dos frenéticos é instintiva e agressiva, sempre caçando Deacon através de qualquer estrutura. Uma pena que a mesma qualidade de IA não esteja também nos inimigos humanos, que por várias vezes se comportam como idiotas, pisoteando os corpos de seus parceiros e só seguindo uma rota planejada.

Days Gone tem uma excelente qualidade visual e sonora. O mundo é belíssimo em cada parte do mapa e a qualidade sonora não deixa a desejar. A inclusão de trilhas únicas em momentos decisivos dá um charme a parte em várias cenas. A dublagem original e em português é muito boa, mas peca vez ou outra pela mixagem estranha, alternando oscilações de voz que não condizem muito com várias cenas.

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Tecnicamente, mesmo com algumas atualizações já liberadas, algumas quedas aleatórias de quadros por segundo e pequenos slowdowns acontecem. Estranho que não é algo relacionado à quantidade de inimigos em tela ou carregamento de cenário, mas surge em momentos bastante aleatórios que fica difícil identificar a causa do problema. Alguns bugs ocasionais de jogos de mundo aberto também podem ser encontrados, como inimigos desaparecendo ou o próprio Decon caindo em buracos invisíveis, fazendo o jogador entrar num loop infinito de queda e forçando-o a carregar um save anterior.

Days Gone tem muita qualidade, mesmo apostando em áreas mais seguras. A temática e outras similaridades com alguns jogos, principalmente com The Last of Us e Horizon: Zero Dawn, podem dar uma impressão de algo genérico ou apenas copiado, mas Deacon traz vida e personalidade, além de muita ação e diversão nas mais de 40 horas necessárias para se terminar a campanha e algumas atividades secundárias.

Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Sony Interactive Entertainment.

Veredito

Days Gone pode não trazer tanta originalidade em um tema já bastante gasto na indústria de entretenimento. A similaridade com outros jogos é notável, mas não se sobrepõe às qualidades que o título apresenta. Uma história interessante, um mundo vivo e agressivo, protagonista bem definido e um excelente combate fazem do título da Bend Studio uma excelente opção para os donos de um PlayStation 4.

90

Days Gone

Fabricante: Bend Studio

Plataforma: ps4

Gênero: Ação

Distribuidora: Sony Interactive Entertainment

Lançamento: 26/04/2019

Dublado:

Legendado:

Troféus:

Comprar na

[lightweight-accordion title="Veredict"]

Days Gone may not bring so much originality into a theme already quite spent in the entertainment industry. The similarity with other games is remarkable, but does not overlap with the quality that the title presents. An interesting story, a lively and aggressive world, well-defined protagonist and excellent combat makes the Bend Studio title an excellent choice for owners of a PlayStation 4.

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Days Gone may not bring so much originality into a theme already quite spent in the entertainment industry. The similarity with other games is remarkable, but does not overlap with the quality that the title presents. An interesting story, a lively and aggressive world, well-defined protagonist and excellent combat makes the Bend Studio title an excellent choice for owners of a PlayStation 4.

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