Análise – Bayonetta & Vanquish 10th Anniversary Bundle
Vanquish
– Por Bruno Henrique Vinhadel
Algo que a indústria de jogos foi nos mostrando no decorrer do anos é que várias personalidades foram se destacando em inúmeros projetos diferentes, principalmente acreditando em ideias criativas e inovadoras. Uma dessas personalidades é Shinji Mikami, aclamado designer e criador de jogos como God Hand, Dino Crisis, Resident Evil entre outros.
Após sua saída da Capcom e antes de fundar a Tango Gameworks para trabalhar em The Evil Within, Mikami se aventurou na Platinum Games criando um jogo bastante único ainda hoje. Vanquish, que foi lançado em 2010, trazia uma história de ficção científica num futuro não muito distante, com envolvimento de questões políticas, narrativa bastante direta e principalmente uma jogabilidade muito acelerada.
A trama do jogo gira em torno de uma estação espacial russa quando é tomada por terroristas, que usam o poderio bélico a disposição para atacar San Francisco e ameaçar os Estados Unidos da América. O jogador assume Sam Gideon, agente operativo da DARPA, que parte para a estação espacial junto com a força militar americana para ajudar na solução do problema ali formado.
Enquanto o exército tem por objetivo a resolução das ameaças terroristas a todo custo, Sam tem um objetivo diferente, que seria resgatar do local um dos principais cientistas da DARPA e criador da maior arma que o protagonista possui, o traje ARS. Sam usa todo o poder do traje para seu objetivo, o que garante a ele um grande aumento de velocidade, mobilidade, precisão, poder de fogo e até uma percepção expandida, que fornece poucos segundos de uma visão em câmera lenta.
Vanquish tem uma narrativa que não precisa de muito desenvolvimento, seja de personagens ou da própria trama. O jogo todo acontece durante o ataque à estação espacial e a campanha não dura mais do que 5 horas. Dividido por atos e missões, Sam avança combatendo ondas de inimigos mecânicos e destrutivos, com grande poder de fogo. Mesmo com o traje especial, Sam ainda é vulnerável, já que o mesmo não pode usar todo o seu poder a todo tempo. Há um sistema de superaquecimento conforme é usado as habilidades do traje, como deslizar em alta velocidade, ataque corpo a corpo e o sistema de câmera lenta com maior percepção. Ao esgotar sua barra de energia, o traje perde mobilidade e precisa ser refrigerado numa espécie de cooldown.
Não é nenhuma surpresa que o maior destaque do jogo seja sua jogabilidade. Usar várias armas distintas e tudo o que o ARS oferece em combates acelerados prende o jogador como uma alta dose de adrenalina e tensão imediata. Se o jogo já fornecia isso com bom desempenho há quase 10 anos atrás em consoles não tão avançados, o poder da geração atual poderia garantir ainda mais fidelidade, como mais quadros por segundo, texturas e efeitos melhores além da ocasional melhoria de resolução.
Vanquish continua sendo um jogo fantástico hoje em dia, mas a versão “remaster” disponibilizada agora não entrega o que poderia ou o que os jogadores esperava da transição do título para os hardwares atuais. Primeiramente temos que ver o jogo mais como um port da versão de PC para o PS4. Há as melhorias esperadas, como aumento da resolução base, taxa de quadros por segundos a 60fps, melhorias em filtros de textura e iluminação. Infelizmente, a percepção que temos é só de uma adaptação ao que já existia, sem muito empenho ou aprimoramentos realmente impactantes.
Da parte técnica, o mais notável é a considerável redução do tempo de loading. Se antes tínhamos uma longa espera na montagem dos níveis e cenas, agora a transição é quase instantânea. Mesmo que isso seja bastante positivo, acaba sendo ofuscado pelo que é percebido mais facilmente. Texturas com quase nenhum retrabalho além de filtros, sombras de péssima qualidade, serrilhados em alguns momentos e ainda oscilações na taxa de quadros por segundo.
Ainda que a experiência se torne melhor de toda forma e a obra de Mikami continue intocada e até aprimorada, é nítido que o salto tecnológico facilmente permitiria um resultado final de maior impacto. A jogabilidade apresenta maior fluidez enquanto o ritmo do jogo é pouco quebrado a cada morte, final de missão ou transição das cutscenes, criando, apesar da decepção em não alcançar um nível desejado, a melhor versão possível para se aproveitar Vanquish.
Para aqueles que tiveram a oportunidade de jogar o título da Platinum Games em seu lançamento no PS3, a versão remaster do PS4 traz apenas a oportunidade de alimentar sua nostalgia rejogando uma versão melhor do que a de quase uma década atrás. Já para os que nunca jogaram Vanquish e gostariam de fazer isso agora, o remaster é praticamente obrigatório, não pelos aprimoramentos, mas pelo excelente jogo de ação de ritmo explosivo criado por Shinji Mikami e pela Platinum Games.
Veredito
Vanquish continua praticamente intocado e sua excelente qualidade ainda é mostrada aqui como um jogo de ação fantástico. Infelizmente, a transição do jogo para a geração atual fica bem abaixo do esperado. Se a intenção de um remaster é trazer melhorias consideráveis para um jogo de anos atrás, aqui temos apenas um port e uma singela adaptação do jogo para os consoles atuais.
Bayonetta
– Por Ivan Nikolai Barkow Castilho
Bayonetta é um dos melhores títulos de ação que foram lançados na geração passada. Apesar de usar como base as mecânicas de Devil May Cry da Capcom, Bayonetta consegue ir muito além, oferecendo uma ação absurda, sem noção e principalmente viciante.
Em 2010, analisei a versão de PS3. Dito isso, para não repetir a grande maioria das informações, recomendo que leia essa minha análise caso ainda não saiba nada sobre Bayonetta.
Na época da versão de PS3, o jogo tinha inúmeros problemas técnicos, como seu framerate e loadings. Um patch chegou mais tarde que permitia instalar o jogo no HDD, mas mesmo assim era uma experiência inferior quando comparada com o Xbox 360. Apesar dessa inferioridade, foi um dos jogos mais marcantes para mim do PS3.
A remasterização no PS4 chega para eliminar isso totalmente. É claro, a versão de PS4 é baseada na de PC que já se encontra disponível há algum tempo, mas se considerarmos apenas a família PlayStation, será a experiência definitiva. O framerate é fixo em 60 (não notei quedas em todo o gameplay) e o loading é praticamente inexistente. Lembra que você ficava treinando com a personagem enquanto o jogo carregava? Isso basicamente não existe mais porque ao aparecer essa tela, leva 2 ou 3 segundos para que o jogo saia dela. É outra experiência, de fato.
O jogo apresenta texturas muito boas (o PS3 também sofria com isso), mas há um problema aqui. Da mesma forma que foi relatado pelo Vinhadel com Vanquish acima, Bayonetta em 4K não fica muito bonito. Em um monitor 1080p (onde costumo jogar), não tenho do que reclamar. Mas se você for aumentar a resolução e jogar em televisores maiores, notará que a qualidade gráfica não é exatamente o que você espera de um jogo com suporte ao PS4 Pro.
Além dessa parte técnica mais avançada, Bayonetta é exatamente o mesmo jogo de 10 anos atrás. Não há nenhuma novidade: seja algo grande como uma fase ou menor como item ou desafio. É a mesma coisa, sem tirar nem pôr. Portanto, se você queria alguma coisa nova, acabará se decepcionando. O objetivo de Bayonetta (e da coletânea) é oferecer o game a quem ainda não jogou ou apenas deseja relembrá-lo sem estragar suas memórias com os loadings intermináveis e outros problemas técnicos que agora são inexistentes.
Apenas para não passar batido e para aqueles que não desejam ler a análise do original, resumirei a proposta de Bayonetta. O jogo conta a história da bruxa “Bayonetta” que renasceu após 500 anos, porém, sem memória do que aconteceu. 20 anos depois, Bayonetta vai atrás de seu passado.
Muitas cutscenes em tempo real são ótimas e cheias de ação (o humor do game é excelente, apesar de não ter legendas em português). Mas grande parte delas acontecem em “rolos de filme” que ficam sem graça com o tempo. E a história em si é meio maluca até demais, mas se aceitar a maluquice, vai acabar entrando na onda.
O gameplay, porém, é incrível. É um hack and slash com várias opções de ataque e um número considerável de armas diferentes. O Witch Time é uma mecânica que é ativada quando você desvia com R2 no momento perfeito, e é isso que define o gameplay (apesar da dificuldade mais alta desligar isso).
A campanha é relativamente curta, durando cerca de 6 a 7 horas. Mas você a rejogará em diferentes níveis de dificuldade, além de ter muitos extras escondidos (baús, desafios, etc). Por fim, as referências a outros jogos são ótimas (principalmente para clássicos da SEGA) e recomendo que fique atento a elas.
Veredito
Bayonetta é um excelente título de ação e um dos melhores da geração passada. A remasterização oferece uma experiência mais refinada para aqueles que jogaram no PS3. Porém, da mesma forma que Vanquish, não há nenhuma novidade.
Jogos analisados no PS4 Pro com códigos fornecidos pela SEGA.
Veredito
Vanquish remains practically untouched and its excellent quality is still shown here as a fantastic action game. Unfortunately, the game’s transition to the current generation is below expectations. If the intention of a remaster is to bring considerable improvements to a game from years ago, here we only have a mere port and a simple adaptation of the game for the current consoles. Bayonetta is an excellent action title and one of the best of the past generation. The remastering offers a much better experience for those who played on the PS3. However, like Vanquish, there is nothing new.
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