Yakuza 4

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Se havia uma série que eu poderia jurar de pés juntos que não veria mais a luz no Ocidente, esta era Ryuu Ga Gotoku, conhecida por nós como Yakuza. Para nossa sorte, a SEGAnão desistiu do mercado americano e, a despeito da falta de Kenzan!, nos trouxe Yakuza 3 – atrasado e com alguns cortes, mas trouxe. Agora, um ano depois de seu lançamento japonês, temos em mãos Yakuza 4 – um jogo tão fiel à saga de Kiryu Kazuma que continua a acertar e errar nos mesmo pontos de seus antecessores.

 

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A maior novidade de Yakuza 4 está logo na capa: desta vez, você controlará quatro personagens diferentes durante a história. O primeiro é Shun Akiyama. Akiyama é uma espécie de lenda urbana, pois é uma espécie de agiota que empresta virtualmente quaquer quantidade de dinheiro solicitado sem pedir absolutamente nada de juros. Sua personalidade tranquila e relaxada esconde um tremendo lutador, cujo principal foco está em usar suas pernas de forma rápida e mortal, desferindo chutes que subjugam rapidamente seus adversários.

 

Taiga Saejima, seu segundo personagem, é um Yakuza lendário, sentenciado à pena de morte por ter matado, sozinho, nada menos que dezoito membros de um clã rival. Os 25 anos que ficou na cadeia, à espera do dia de sua execução, fizeram de Saejima um homem introspectivo, mas também um tanto rústico e desacostumado à tecnologia. Grande e forte, Saejima usa-se de sua mostruosa força física para derrubar seus inimigos, em um estilo que lembra bastante o wrestling, e pode dizimar os oponentes com poucos golpes – compensando, assim, sua baixa agilidade em comparação aos outros.

 

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Seu terceiro personagem, Masayoshi Tanimura, é um detetive em Kamurocho que opera segundo sua própria moralidade. Tanimura cobra proprina dos donos de bordéis ilegais para fazer vista grossa às atividades ilícitas, mas repassa esse dinheiro para outras comunidades necessitadas – uma espécie de Robin Hood japonês. Tanimura é jovem e não possui a força física imponente de Saejima nem a velocidade e agilidade de Akiyama, mas usando-se de uma mistura de Aikido e Jiu-Jitsu, o detetive é especialista em agarrões e contra-ataques, e possui uma facilidade incrível para executar movimentos especiais (as famosas Heat Actions).

 

Por fim, temos Kiryu Kazuma. O lendário Dragão de Dojima, ex-yakuza e quarto líder do clã Tojo, acaba sendo tazido de volta a Kamurocho por… Bom, não vou contar. A série Yakuza é sobre Kiryu, e mesmo dividindo os holofotes com mais 3 personagens desta vez, ele não é menos importante que nenhum dos outros, e possivelmente é o que tem sua vida mais alterada ao fim de Yakuza 4. Enquanto Akiyama é rápido, Saejima é forte e Tanimura é técnico, Kiryu é tudo isso de forma equilibrada. Misturando vários estilos em seu próprio, o Dragão é uma máquina de combate sem igual, e o fato de ele ser o único capaz de manusear qualquer arma e ter ao seu dispor habilidades como Essence of Terror e Komaki Tiger Spirit o tornam ainda mais letal.

 

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Ter quatro personagens diferentes com estilos distintos fez um grande bem ao jogo, evitando repetição e a sensação de déja vù, visto que Kiryu pouco mudou e seu estilo de luta desde o primeiro Yakuza. Por outro lado, embora a adição dos novos personagens traga sangue novo à série, ela também faz com que não nos aprofundemos em nenhum deles. Embora o jogo possua uma boa duração, ele deixa uma sensação de que poderia te pelo menos mais uns 2 capítulos para cada personagem. As históras de Kiryu e Saejima, em especial, parecem ser bem curtas em comparação às de Tanimura e Akiyama, embora a importância dos quatro em termos de enredo seja equiparável.

 

O enredo, por sinal, continua excelente. A série Yakuza sempre teve como foco temas como honra, dinheiro, poder e o submundo do Japão como um todo. Em Yakuza 4, o tema prevalente parece ser "camaradagem", tratando muito da traição entre pessoas que são mais que amigos – "irmão de juramento", por assim dizer. Sem entrar nos pormenores do enredo, basta dizer que é uma narrativa intrigante, bem escrita, com muitas reviravoltas e ótimo ritmo. Comparativamente, enquanto eu acredito que a história de Yakuza 3 seja melhor num todo (talvez porque ela tenha mais tempo de se desenvolver, já que é focada apenas em Kiryu), o epílogo de Yakuza 4 e suas implicações para o futuro da série são um show à parte.Quem gosta de um bom enredo dificilmente se decepciona com a série Yakuza, e com Yakuza 4 não é diferente.

 

Uma consideração deve ser feita ao "ritmo" da narrativa dito acima: enquanto a história principal é bem cadenciada, a quantidade de mini-games e sidequests beira o excvessivo, e pode dar a impressão de falta de urgência na trama, semelhante ao que acontece em Assassin’s Creed. Aos meus olhos, isso não é ruim, e você dificilmente se perde com a trama, dada a ótima opção de rever as cutscenes já no menu principal. Kamurocho é uma área considerável e possui muito a ser feito, de jogar no Arcade a frequentar bares, cassinos e torneios. Diferentemente de seu predecessor, Yakuza 4 vem quase completo para o Ocidente, faltando-lhe apenas o mini-game Answer x Answer, que não faz falta alguma.

 

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Os desavisados podem achar que Yakuza 4 é um jogo nos moldes de GTA, mas isso não poderia estar mais longe da verdade. Yakuza 4 é um jogo que lembra um clássico do saudoso DreamCastShenmue. A liberdade de jogo de GTA não passa nem perto de Yakuza, que na verdade é um jogo de ação com toques de RPG. Enquanto você anda por Kamurocho atrás de seus objetivos ou sidequests, você frequentemente é desafiado por outros Yakuza, pessoas nervosas e outros marginais. Tal encontro inicia o modo de batalha, e é o único momento em que você pode bater em alguém. O combate continua divertidíssimo e visceral, e como os 4 personagens possuem segmentos mais curtos que uma aventura completa dos jogos anteriores, a evolução é bem rápida e garante que você sempre tenha algo novo para usar.

 

Graficamente, Yakuza 4 decepciona. A engine é a mesma do jogo anterior, e apresenta cutscenes com gráficos detalhados e personagens muito bem modelados e com expressões convicentes. Quando você assume o controle dos personagens, porém, a situação muda. Os pedestres de Kamurocho continuam genéricos e mal-feitos, e os gráficos, no geral, são datados – para se ter uma ideia, quando os personagens fumam nos gráficos "in game", eles sequer abrem a boca. Os serrihados são visiveis (especialmente o cabelo de Lily visto por trás) e a movimentação parece um pouco travada durante a exploração, além dos efeitos de luz e sombra serem risíveis. Yakuza 4 não é feio, mas já passou da hora da SEGA aposentar esta engine e fazer algumas mudanças.

 

O áudio, por outro lado, merece apenas elogios. As músicas são ótimas, e a dublagem, excelente. Takaya Kuroda reprisa seu papel como Kiryu, e vem acompanhado de outros talentos, incluindo Rikiya Koyama (Saejima), Aya Hirano (Hana), Rie Kugimiya (Haruka), e muito mais. Os diálogos são bons e o texto não apresenta muito da redundância da língua japonesa, sem exagerar nas pausas dramáticas e repetições de frases que acabaram de ser ditas. O trabalho de tradução é muito bom, e alguns nomes que foram trocados nos jogos anteriores da série agora foram "arrumados" – Hanaya, por exemplo, sempre foi chamado de Kage nas versões anteriores, e agora é chamado "Kage the Florist", o que faz mais sentido com o nome original. Entretanto, existem alguns poucos erros de gramática na tradução, como por exemplo "you’re" no lugar de "your" e vice-versa – nada muito notável, porém.

 

 

O que é notável, porém, é a falta de originalidade dentro da série – minha maior crítica a Yakuza 4. A verdade é que Yakuza 4 é tão "nos trilhos" da série que até seus erros e acertos já são conhecidos pelos fãs da série. Se quiser ter uma segunda opinião sobre o jogo, leia nossa análise de Yakuza 3 e retire qualquer menção a Okinawa – o jogo é praticamente o mesmo. É impressionante como Yakuza 4 recicla Yakuza 3, que por sua vez recicla Yakuza 2. É claro que Akiyama, Saejima e Tanimura trazem diversidade para o combate, mas o jogo carece de mais. Kamurocho é reutilizada desde o primeiro jogo da série e apresenta poucas diferenças desde então, já que os (poucos) telhados e o (pequeno) subsolo não são suficientes para constituir uma área nova que mereça menção. Para piorar, enquanto Yakuza 2 e Yakuza 3 apresentavam uma segunda cidade a explorar (Osaka e Okinawa, respectivamente), Yakuza 4 se passa quase que integralmente em Kamurocho, e uma mudança de ares cairia muito bem.

 

Outro fato que me incomodou foram os bosses. Enquanto Yakuza 3 possuía lutas sensacionais contra chefes de personalidade e objetivos bem-definidos, em Yakuza 4 os chefes são bem menos interessantes e aparecem com menos frequência. Por fim, fica uma crítica ao sistema de Hostess Club. O mini-game de Akiyama para treinar uma hostess parece absurdamente desconexo com o jogo (e isso em um jogo que você pode interromper sua busca de vingança para cantar em um karaoke ou receber massagens), e provavelmente não encontrará apelo entre os jogadores ocidentais. Talvez seja apenas uma questão cultural, mas não vejo lugar para o Hostess Club no jogo.

 

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A "questão cultural" é o que faz recomendar um jogo como Yakuza 4 ser complicado. É um tipo de jogo de nicho que não agrada a todos, e que certamente uma boa parte dos gamers acham "japonês demais pro meu gosto". Talvez este seja o aspecto que mais deve ser frisado em Yakuza 4: o jogo é muito japonês, e as particularidades culturais da terra do Sol nascente são fortíssimas no título da SEGA. Se você se incomoda com as "estranhices" nipônicas, Yakuza 4 certamente irá desagradá-lo. Agora, se você não se importar, seja bem-vindo a bordo – Yakuza 4 é ótimo. A falta de originalidade e os gráficos datados são mais que compensados por um enredo forte, personagens carismáticos e um sistema de combate divertidíssimo. Vale a pena, com absoluta certeza. É um jogo tão bom quanto Yakuza 3, mas fica com uma recomendação menor pela pura falta de uma adicão significativa ao gameplay da série.

— Resumo —

+ Enredo e personagens excelentes
+ Dublagem impecável
+ Conteúdo a granel
+ Ótimo tamanho (facilmente mais de 40 horas)
+ Combate sensacional

Gráficos que vão de datados a feios
Ausência de uma segunda cidade a explorar
Chefes menos interessantes que seus predecessores
História de cada personagem é curta
Não adiciona quase nada de novo à série

Veredito

82

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