Warborn – Review

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É sempre estranho ver o quão pouco conhecido o gênero de Turn-Based Tactics ou Táticas Baseadas em Turnos se tornaram. Claramente longe de serem o significado mais popular para o acrônimo “TBT”, mesmo com o mundo abraçando XCOM e seus clones, a outra variação mais “conhecida” do gênero tem ficado de lado, reaparecendo muito brevemente e ficando dormente logo depois.

Me refiro, no caso, aos jogos inspirados pela fórmula estabelecida pela outra franquia conhecida da Intelligent Systems, a série Wars (ou Advanced Wars como ela é mais comumente chamada no Ocidente). Enquanto Fire Emblem e toda uma miríade de RPGs Táticos/de Estratégia são constantemente lançados (inclusive com ótimos jogos independentes como o Fell Seal), TBTs são uma rara aparição, salvo pelo ótimo Wargroove lançado no ano passado.

Buscando preencher esse vazio agora em 2020, a desenvolvedora Raredrop Games lança o seu segundo jogo intitulado Warborn com o auxílio da distribuidora PQube, buscando casar o raro e desafiador estilo de jogo de estratégia da série Wars com algo que serve de atrativo para uma enorme fatia do público-alvo da PQube: robôs gigantes.

Warborn

Fortemente inspirado pelos animes de mecha, em específico os de “real robot” (qualquer semelhança com Gundam não é acidental), Warborn conta a história de quatro comandantes distintos envoltos em uma guerra que vem se espalhando ao longo do sistema estelar chamado Nebula, cada qual exercendo um diferente papel no enredo sob o comando da sua própria máquina de guerra super-poderosa aqui chamadas de Variable Armours.

Cada um dos quatro comandantes é líder ou um soldado de destaque em uma das quatro facções desse universo e move o plot em uma determinada direção, revelando um pouco mais sobre as verdadeiras maquinações por trás dos acontecimentos que vão desenrolando essa guerra até o seu clímax final.

Essa divisão do jogo em quatro campanhas que acabam totalizando algo em torno de 25-30 horas é uma clara tentativa de dar um tom mais sério e dramático a história, pintando a guerra existente nesse universo como um conflito com tons de cinza e não uma batalha de bem contra o mal, algo frequentemente visto no gênero que o inspirou.

Warborn

Acontece que a história mesmo com ideias interessantes é, na melhor das hipóteses, decente. O jogo sofre muito com longas exposições bobas e que tentam trazer uma dramaticidade à história que nem a estética dele nem a própria forma como o roteiro é escrito ou apresentado conseguem trazer, em vários momentos se perdendo completamente do seu foco e parecendo uma fanfic sobre Gundam que de tanto se esforçar para se comparar a sua inspiração, acaba sofrendo com isso.

Isso acaba fazendo com que, honestamente, 30 horas de jogo sejam muito pro que ele se propõe a fazer e o que ele entrega. Os personagens não tem qualquer carisma e os momentos que marcariam viradas na história não tem impacto por causa disso, além do jogo conseguir pular de momentos arrastados para parecer que esqueceu de preencher algumas lacunas na história.

O jogo se perde mencionando guerras, rebeliões e tratados de paz que aconteceram no passado (que o jogador não conhece e não tem como ler sobre), supostos conflitos políticos atuais que foram influenciados por estes fatos que o jogo não te explica ou, quando o faz, é de forma extremamente superficial, tudo recheado com os personagens mais entediantes que eu já vi em um bom tempo.

Warborn

Felizmente, a história não é o principal foco desse tipo de jogo e ele se sustentaria facilmente com um sistema de combate engajante e desafiador, algo que ele tem um sucesso surpreendente, com uma bastante sólida, mesmo que acabe sendo marcado por falhas que logo o tornam excessivamente cansativo e pouco interessante.

A estrutura geral das fases do jogo é bem simples, com cada capítulo da história sendo equivalente a uma missão de combate. Nela, o jogador precisa se mover por um mapa dividido em hexágonos no qual os objetivos sempre vão girar em torno de ou derrotar todos os seus inimigos ou conquistar todas as bases existentes no mapa (e em alguns nos quais qualquer uma das soluções conclui a missão), com o jogador recebendo uma nota baseada em quantos inimigos foram derrotados, quantas unidades ele perdeu e a quantidade de turnos gastos.

Em combate, o jogo continua com essa simplicidade, abandonando qualquer sistema de progressão de personagens ou unidades, salvo pelos protagonistas que, a medida que a história avança, vão destravando novas habilidades que influenciam as unidades de suporte que estão ao seu lado no campo de batalha.

Warborn

Por causa disso, o jogo se concentra em entregar uma vasta quantidade de Variable Armours distintas que estão à disposição do jogador (três no começo, mas mais vão sendo introduzidas com cada nova missão), cada uma contando com três habilidades distintas que determinam como elas podem se comportar durante as batalhas.

Para conseguir completar o objetivo da missão, você pode ou começar com um time pré-determinado com uma quantidade sortida de unidades, indo de unidades equilibradas como as Novus e Havok, unidades puramente de dano como a Insight e Serpens até unidades de suporte como a Aegis e a Invader. Felizmente, o jogo te dá a liberdade de movimentar as suas unidades na ordem que quiser dentro do seu turno e só depois de concluir as suas ações o inimigo realizará as dele.

Teoricamente, cada tipo de terreno existente nos mapas (que não são muito grandes) influenciam o funcionamento das unidades, com algumas dando bônus a defesa, uma vez que cada uma delas tem três parâmetros distintos de resistência aos diferentes tipos de ataque existentes (cinéticos, de energia e explosivos) ou reduzindo o alcance dos seus ataques, incluindo barreiras naturais existentes nos mapas e que precisam ser consideradas.

Warborn

Por último, algo que precisa ser apontado é quem em várias das missões você pode expandir a quantidade de unidades a sua disposição dominando Outposts e refinarias de Eionite que te permitem invocar novos robôs, com a sua reserva aumentando a cada turno (influenciado pela quantidade de refinarias que o jogador possui). Inclusive, nas missões em que o comandante não começa no campo de batalha, é impossível acumular SP (o nome dessa reserva) para invocá-los.

Esses comandantes são importantes não só por serem unidades muito mais poderosas do que qualquer outra em campo, constantemente destruindo duas, três unidades com um ataque só, mas pela existência de habilidades especiais chamadas de “Commander Power” que dão bônus específicos aos seus soldados a depender das especificações de cada comandante. Para isso, é preciso acumular CP, o que vai sendo ganho à medida que o jogador derrotar inimigos ou sofrer dano em combate.

Warborn

É um sistema bem simples e fácil de entender,e pôr em prática, com o quão direto ele não fazendo realmente com que o jogador pense demais durante as missões, algo que acaba sendo um pouco decepcionante em um jogo de estratégia, mas que deverá agradar aos fãs do gênero que só querem jogar algo dele sem ter que realmente planejar cada passo dado com muito cuidado.

Por fim, a última coisa a se dizer é que a parte técnica do jogo é… aceitável. A trilha sonora é legal, mas enjoa muito rápido e o estilo gráfico do jogo, tentando casar o estilo japonês dos anos 90 com uma estética ocidental acaba não fazendo nenhuma das duas coisas muito bem, sendo apenas, novamente, aceitável. Felizmente, o jogo roda bem, sem qualquer problema no PS4 base.

Ao se pesar o conjunto da obra, o que acaba ficando bem claro é que apesar dos seus esforços, Warborn não faz o suficiente para torná-lo um jogo que receberá tanta atenção ou que mereça tanto destaque assim. Ele é competente e consegue divertir por algumas horas, mas não há de muito especial ou notório nele, com tudo que ele faz de bem possuindo algum tipo de ressalva.

Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela PQube.

Veredito

Warborn é um competente jogo de táticas baseados em turnos, mas não muito além disso. Ele consegue divertir em vários momentos, mas a história fraca que tenta ser muito mais do que é e o combate pouco desafiador acabam impedindo o jogo de alcançar um outro nível de qualidade.

65

Warborn

Fabricante: Raredrop Games

Plataforma: PS4

Gênero: Estratégia

Distribuidora: PQube LTD

Lançamento: 12/06/2020

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Warborn is a competent Turn-Based Tactics game, but not much more than that. It manages to entertain in many moments, but the weak story that tries to be so much more than it is and the combat lacking any challenge end up holding the game back from reaching a higher level of quality.

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Warborn is a competent Turn-Based Tactics game, but not much more than that. It manages to entertain in many moments, but the weak story that tries to be so much more than it is and the combat lacking any challenge end up holding the game back from reaching a higher level of quality.

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