Voice of Cards: The Isle Dragon Roars – Review

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Dizer que Voice of Cards: The Isle Dragon Roars veio do absoluto nada talvez seja um belo caso de eufemismo. Ao longo dos últimos anos, a Square Enix parecia determinada a focar seus recursos em grandes lançamentos e remasters/remakes menores de clássicos de SNES/PS1 para preencher o seu portfólio.

Combine isso com o fato de grandes publishers cada menos adeptas a correrem riscos, focando apenas naquilo que teria “retorno garantido” e isso fez com que a possibilidade de pequenos projetos mais experimentais parecesse quase impossível. Mas, por algum curioso motivo, dois desses projetos saíram no mesmo mês e um deles no exato mesmo dia em que o maior lançamento do ano para a Square, Marvel’s Guardians of the Galaxy, também chegou ao mercado.

É bem conveniente então que Voice of Cards seja obra do “cientista louco” da Square Enix, o genial Yoko Taro, responsável por títulos incríveis como as séries Drakengard/Nier, assim como o recente título mobile SINoALICE. A diferença é que, dessa vez, não temos o costumeiro sistema de combate de ação dos jogos do Taro, mas um RPG por turnos baseado em cartas.

Voice of CardsDesta vez Taro coloca o jogador sob o comando de um mercenário egoísta que parte em uma jornada para cumprir os desejos de sua rainha: assassinar um dragão que é visto como responsável por causar vários problemas à população do reino. O aspirante a herói parte acompanhado por seu companheiro monstro chamado Mar e uma bruxa obcecada com a ideia de matar o dragão chamada Melanie, formando um peculiar grupo de guerreiros.

O protagonista resolve partir em sua jornada buscando apenas fama e fortuna, precisando vencer uma grande pedra no sapato para alcançar seu objetivo: a adorada facção chamada de Ivory Order, composta pelos guerreiros mais renomados do reino. À medida em que você avança pelos 7 capítulos do jogo, várias reviravoltas vão se apresentando e a narrativa acaba se solidificando como um dos elementos mais fortes de Voice of Cards.

Enquanto a história segue a tradição estabelecida em outros jogos do diretor de que “nem tudo é aquilo que parece”, com várias surpresas se apresentando ao longo do caminho (apesar de algumas serem bem previsíveis), ele acaba se sustentando mais em outra qualidade das obras dele: a evolução, crescimento e amadurecimento dos personagens.

Voice of CardsIsso vai se apresentando da forma como o protagonista vai aos poucos se tornando mais heróico em suas ações e em como ele interage com seus companheiros iniciais e com os membros que se juntam à equipe no decorrer da história. Como o título conta com um sistema de escolhas, isso também é demonstrado pelas falas que podem ser escolhidas, com Ash (o nome padrão dele) indo de um babaca no começo a alguém realmente preocupado com aqueles ao seu redor.

Talvez o maior desperdício narrativo do jogo é que, salvo pela escolha final, nenhuma das suas decisões realmente tem um impacto na narrativa principal. Elas mudam apenas um pouco os diálogos, mas existe uma série de acontecimentos que irão acontecer e você não tem como influenciar. As escolhas finais mudam levemente o final da história (não muito), mas há um final verdadeiro que só fica disponível ao começar um novo save no New Game+ e completar a batalha com o chefe extra.

Dito isso, a história é muito boa e é um pouco surpreendente que a narrativa funcione tão bem quanto funciona, dado que ela é toda contada através de cartas e inteiramente dublada por uma única pessoa: o dungeon master. Voice of Cards é contado sob o parâmetro de que você é um jogador de RPG que está participando de uma campanha, ouvindo o Mestre contar aqueles acontecimentos e agindo de acordo com isso.

Voice of CardsIsso serve tanto para justificar a forma como a narrativa é apresentada como a exploração do mapa, com você movendo um peão por um mapa composto por cartas. Mas, principalmente, essa decisão parece ter sido adotada para justificar o sistema de combate do jogo, um que se apoia bastante em um sistema de RNG baseado no jogo definitivo de sorte: dados.

Quase tudo que você faz em Voice of Cards depende do rolar de um dado. Durante a sua movimentação pelo mapa e calabouços do jogo você encontrará eventos aleatórios, no qual precisará rolar um dado que decidirá se você será atingido por raios e tempestades ou se irá conseguir se esquivar.

Existe uma quantidade relativamente restrita de eventos, então eles logam se tornam repetitivos e uma espécie de calo no seu sapato (especialmente se você precisar “grindar” certos eventos por causa de troféus). Esse sistema, no entanto, se torna ainda mais presente quando se vai para o combate do jogo.

Voice of CardsDurante as batalhas, VoC se afasta um pouco da estrutura de cartas, salvo pela apresentação visual. Você terá uma equipe ativa de 3 combatentes, cada um deles possuindo 4 habilidades distintas ativas (à medida que os personagens vão subindo de novo, novas habilidades vão sendo desbloqueadas, sendo necessário organizar as habilidades de cada um). Cada personagem age no seu turno, cabendo ao jogador escolher qual a melhor ação para aquele momento.

Cada habilidade utilizada possui um custo em gemas. Ao início de cada turno da sua equipe, você ganha uma gema e pode gerar mais (até um limite de dez) usando habilidades ou itens. Naturalmente, quanto maior o custo em gemas, maior o dano causado por aquela técnica.

Alguns desses ataques possuem descrições como “role um dado e adicione ao dano” ou “dano será de ATK +5”, reforçando os elementos de RPG de mesa apresentados aqui. O RNG nesse aspecto é bem favorável ao jogador, com as habilidades que exigiriam um rolar mais favorável de um D6 (com tire 4 ou mais, por ex.), trocando por um D10.

Voice of CardsÉ um sistema incrivelmente simples, mas bem engajante e divertido. Os combates se mantém bastante desafiadores ao longo da primeira jogatina e qualquer desatenção dos jogadores pode ser fatal. É necessário ter atenção às fraquezas e resistências elementais dos inimigos (o jogo conta com 5 elementos distintos: fogo, água, vento, luz e sombras) e explorá-las para o melhor resultado possível.

O problema é que Voice of Cards tem um sistemas de encontros aleatórios mais insuportáveis da história recente dos videogames. Basicamente a cada 4 ou 5 passos você entrará em uma batalha (às vezes até menos tempo em certas masmorras). Não só isso torna o número de batalhas altíssimo, como, por ser impossível acelerar as animações ou retirá-las, acaba inchando artificialmente o tempo de jogo.

A ausência de uma forma de reduzir esses encontros chama a atenção, já que, salvo por um item que você ganha ao iniciar o NG+, você será forçado a batalhas incessantemente o jogo todo (e mesmo com esse item, ainda há uma animação avisando que você encontrou um inimigo, mas ele fugiu). Isso acaba gerando um cansaço desnecessário após certo ponto, já que você alcançará o level cap e ainda assim precisará seguir batalhando em combates pouco desafiadores.

Voice of CardsMesmo com isso, Voice of Cards acaba sendo um jogo relativamente curto. A primeira jogatina dura algo entre 12 à 15 horas e, adicionando o tempo no NG+ com o anel, você deve tirar cerca de 20 horas da experiência. O conteúdo dessa segunda jogatina é bem-vindo, já que a batalha adiciona é a mais desafiadora do jogo (apesar de ainda ser relativamente fácil) e o final verdadeiro realmente completa a experiência.

Um último aspecto que precisa ser apontado é que Voice of Cards não só é um jogo espetacularmente bonito, mas também tem uma trilha sonora muito boa. Ambos são pontos que não surpreendem, dada a presença do lendário Keiichi Okabe no comando das composições (conhecido por trabalhar na série Tekken por décadas e seu recente trabalho na série NieR) e Kimihiko Fujisaka no design dos personagens (dando continuidade à parceria com Yoko Taro que vem desde o Drakengard original), mas ainda é um ponto que merece ser elogiado.

Dito tudo isso, Voice of Cards: The Isle Dragon Roars é um jogo muito bom, ainda que marcado por alguns problemas que incomodam bastante. Sua estrutura é facilmente utilizável para novas experiências, sendo o tipo de risco que pode gerar bons dividendos à Square Enix. Se você é fã de RPGs por turnos ou do trabalho do Yoko Taro, precisa ficar de olho nele.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Square Enix.

Veredito

Voice of Cards: The Isle Dragon Roars é mais um bom jogo do Yoko Taro, com conceitos bem realizados e bem executados dignos das outras obras do diretor, ainda que não alcance o patamar estabelecido por jogos maiores dadas as suas limitações.

80

Voice of Cards: The Isle Dragon Roars

Fabricante: Square Enix

Plataforma: PS4

Gênero: Card Battle

Distribuidora: Square Enix

Lançamento: 28/10/2021

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

Comprar na

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Voice of Cards: The Isle Dragon Roars is another good game by Yoko Taro, with well-executed concepts worthy of the director’s other works, although it doesn’t reach the level established by bigger games due to its limitations.

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Voice of Cards: The Isle Dragon Roars is another good game by Yoko Taro, with well-executed concepts worthy of the director’s other works, although it doesn’t reach the level established by bigger games due to its limitations.

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