Valkyria Revolution

Antes de tudo, vamos esclarecer que Valkyria Revolution não tem relação alguma com Valkyria Chronicles,sendo que ambas devem ser consideradas como séries completamente separadas. De fato, Valkyria Revolution é, de muitas formas, o completo oposto de Valkyria Chronicles.

Enquanto Chronicles é um jogo de estratégia com elementos de ação, Revolution é um jogo de ação com elementos de estratégia. Chronicles conta detalhadamente a história de um pequeno país dentro de uma grande guerra, enquanto que Revolution opta pelo conflito em grande escala entre dois países e não se preocupa em detalhar tudo.

Valkyria Revolution conta a guerra entre o pequeno país Jutland contra o império Ruzi, causada após Jutland ser vítima de um bloqueio econômico orquestrado por Ruzi. A história é contada pelo ponto de vista de dois historiadores, cerca de cem anos após a resolução da guerra. A história aceita como oficial do conflito relata que, em meio à pobreza de Jutland, cinco indivíduos se aproveitaram da situação para manipular o país para ir à guerra contra Ruzi e assim conseguir realizar uma vingança pessoal contra o Imperador Ruzi e seus generais.  Os cinco indivíduos ficaram conhecidos como “Os Traidores” e uma das historiadoras detalha a real história por trás deles e da guerra entre Jutland e Ruzi.

Um dos maiores sucessos de Revolution é possuir uma trama interessante logo no seu início. Os jogadores assumem o papel de Amleth, um dos traidores e capitão da Vanargand, uma unidade militar especial dedicada a lutar contra a Valquíria, arma secreta do império. É particularmente interessante acompanhar o quão longe Amleth está disposto a ir por sua vingança, qual o motivo da mesma e quais as ações dos traidores dentro da guerra e suas consequências para o país.

Apesar de a história ter uma trama e conteúdo interessantes, Valkyria Revolution se sabota de muitas maneiras em como contar tal história. Vários momentos cruciais são interrompidos sem motivo, o posicionamento da câmera em algumas cenas é simplesmente horrível, a modelagem dos personagens deixa a desejar em cenas mais emocionantes, algumas cenas são mostradas de maneira dividida ou fora de ordem ou não têm todos os detalhes para deixar a história mais concisa. 

A jogabilidade é o principal divisor de águas entre aqueles que irão odiar o jogo ou se divertir com ele. Valkyria Revolution é um jogo de ação, no entanto, suas mecânicas de ação simplesmente consistem de ataques normais, defesa e esquiva em tempo real. É possível ganhar batalhas inteiras utilizando apenas disso, o que, no entanto, torna o jogo extremamente chato. O desempenho do jogador é graduado a partir do tempo gasto na batalha e no número de inimigos mortos, portanto, para se obter uma boa nota é necessário matar o maior número de inimigos no menor tempo possível. Para se conseguir isso, é necessário usar Ragnite (habilidades) de cada personagem em conjunto com seus armamentos como rifles, lança foguetes, granadas e mais.

As habilidades e armamentos consistem no aspecto estratégico do jogo e são os principais fatores que tornam o sistema de batalha interessante. Ao utilizar uma habilidade ou arma, a ação pausa por um momento para que o jogador escolha o local ou inimigo onde utilizá-los. Cada inimigo tem várias fraquezas e existem muitas maneiras de explorá-las.

Por exemplo, uma tropa de choque é uma unidade inimiga difícil de se derrotar com ataques normais, pois elatem resistência a ataques físicos e bastante vida. No entanto, esse inimigo é fraco contra magias de água. Algumas magias de água podem, inclusive, congelá-lo. Utilizar uma magia de trovão após a de água é válido e explora a condutividade de sua armadura. Ou ainda, utilizar uma granada de fumaça pode cegá-lo e, por sua vez,deixá-lo com medo e causar uma diminuição drástica em sua defesa. Essas são apenas algumas estratégias que utilizei em um único inimigo.

A moral dos dois exércitos é demonstrada pela barra na parte superior da tela e influencia diretamente na velocidade dos seus ataques. Quando ela está cheia para o lado de Jutland, é possível atacar sem nenhuma pausa e seus inimigos irão demorar no atacar ou ficar com receio e medo. Uma barra que favorece Ruz, no entanto, faz com que seus ataques demorem consideravelmente e seus inimigos fiquem muito mais fortes. Para aumentar a moral de seu exército é necessário capturar bases, destruir formações inimigas, deixá-los com medo, dentre outras estratégias que afetam o campo de batalha.

Infelizmente, assim como a história, o jogo se sabota em como apresentar o sistema de batalha e torná-lo constantemente interessante e divertido. A variedade dos inimigos não é muito grande e os desenvolvedores não se preocuparam em arranjá-los em grupos de maneira que incentive o jogador a explorar o lado estratégico do jogo. A dificuldade padrão também é fácil demais, fazendo com que seja possível ganhar batalhas inteiras utilizando apenas o ataque normal, tornando toda a experiência tediosa. Além disso, muitas missões opcionais são repetidas e até mesmo as missões principais falham em criar cenários interessantes que incentivem a adaptabilidade do jogador.

O pior de tudo, no entanto, são as batalhas contra chefes, que demonstram perfeitamente todos os problemas com o sistema de batalha e os agravam. Usualmente os chefes são tanques enormes com múltiplos pontos fracos, no entanto, abusar desses requer um conjunto de estratégias muito mais específicas do que os inimigos normais e a vantagem dada é também muito menor. Muitos armamentos não funcionam bem contra chefes, o que diminui o número de recursos disponíveis para o jogador. Eles também têm bastante vida e infligir dano alto é difícil. Isso faz com que essas sejam batalhas de atrito, ou seja, o jogador lentamente causando dano no chefe enquanto se preocupa em não ser derrotado, o que é incrivelmente difícil. Mesmo com essas lutas demorando mais que 20 minutos, consegui uma nota máxima nelas.

Jogo analisado com código fornecido pela Sega.