As Mixed Martial Arts têm crescido assustadoramente, com um apoio da mídia esportiva cada vez maior. E o Brasil não ficou de fora dessa. A febre do MMA em nosso país tem dado cada vez mais relevância ao UFC, o torneio mantido pela principal organização do esporte no mundo.
E isso se reflete no mundo dos jogos. A franquia UFC, da THQ, tem crescido a passos largos, e já rivaliza com as maiores e mais tradicionais séries esportivas do mundo dos games na preferência dos jogadores brasileiros. Entretanto, a THQ tentou dar uma ligeira alterada na fórmula de lançamentos anuais já consagrada para jogos esportivos, quebrando a sequência esperada (UFC 2011) e lançando apenas em 2012 a nova versão do jogo, batizada de UFC Undisputed 3.
E essa decisão resultou em algo bastante positivo, já que ao contrário das mais recentes séries de jogos esportivos (como FIFA e F1) a sequência da franquia não parece um pacote de alterações que poderiam ter sido lançadas via DLC. Não que se trate de um jogo radicalmente novo, mas as alterações foram interessantes o bastante para não passar a sensação exagerada de deja vu.
Uma das principais alterações foi a adição do modo Pride, que é a categoria “precursora” do UFC e que reinou em absoluto durante anos no esporte. Adquirida pelo UFC no passado, a categoria é um tanto mais “nervosa” que o UFC atual, já que algumas regras são bem mais brandas, permitindo golpes, submissões e movimentos que o UFC não permite. E verdade seja dita: quem se interessa por MMA quer mesmo é ver um adversário arrebentar a cara do outro, e não bater suavemente na face do outro com luvas de pelica, como um lorde inglês.
Os combates permanecem fluidos e divertidos, sem grandes alterações nos esquemas de ataque e defesa via socos e pontapés. Mas transições agora oferecem um modo simplificado, que ajudam bastante os iniciantes. Para realizá-las não é mais necessária a realização dos complexos comandos com o direcional analógico, e sim um simples toque nos mesmos para realização da ação que desejamos fazer.
Entretanto, parece que os lutadores se tornaram mais fortes e resistentes. Os ataques fortes que ocasionam tontura ao adversário que anteriormente praticamente definiam o final da luta agora podem ser revertidos de forma relativamente fácil. Basta se esquivar por um alguns segundos, e você está de volta à luta. Embora pouco realista algumas vezes, esta alteração garante combates mais parelhos e indefinidos.
Algo que não caiu muito bem é a forma como as submissões são definidas. Ao se iniciar uma, nos colocamos diante de um mini-game representado por um octógono na tela que obriga os jogadores a entrarem em um jogo de gato e rato. O atacante deve perseguir uma área controlada pelo defensor, ao passo que este tenta fugir da mesma. Uma barra de “vida” controla o resultado: quanto mais o atacante se sobrepõe ao defensor, mais perto fica de conseguir a submissão. E quanto mais o defensor se esquiva do atacante, mais se aproxima de escapar. Embora bem intuitivo, o sistema remove um pouco do realismo, levando a resultados ambíguos: enquanto alguns vão gostar da quebra de ritmo que o sistema fornece aos combates, outros vão detestar participar de um mini-game durante a disputa pelo cinturão dos meio-pesados.
Mas mesmo assim, as lutas são excelentes e garantem bastante satisfação aos jogadores. O mesmo pode ser dito do modo carreira. Agora mais simplificado, o modo se foca na parte que importa, resumindo bastante as ações e menus necessários para o desenvolvimento do seu personagem e se focando nos combates. Entretanto, as diversas opções de customização estão lá da mesma forma que anteriormente. Existe também uma espécie de modo “Scenario”, que revive lutas do passado do UFC e do Pride. Além de bastante divertido, ainda conta com vídeos, depoimentos e informações das lutas, contadas pelos próprios lutadores.
Os gráficos de UFC Undisputed 3 são simplesmente sensacionais. Os mais de 150 lutadores disponíveis são muitíssimo bem detalhados, os árbitros são cópias fiéis das suas contrapartes em carne e osso. E os mesmos elogios valem para os combates. Um murro bem dado na fuça de seu oponente é absurdamente divertido de se acompanhar nos replays. O mesmo vale para as arenas, muito bem construídas e detalhadas. E as introduções das lutas praticamente fazem você pensar que está pagando um pacote pay-per-view de uma TV por assinatura. Tudo garante uma ambientação perfeita, muito embora manter as introduções ligadas pode se tornar cansativo e repetitivo com o passar do tempo. A torcida é um pouco desanimada e com movimentos repetitivos, também.
O áudio é de grande qualidade, principalmente em se tratando das narrações e introdução das lutas pelo já consagrado Bruce Buffer, locutor e mestre de cerimônias oficial dos eventos do UFC. Destaque também para as legendas em português do Brasil.
O modo online conta com as comuns lutas “ranked”, mas oferece também a possibilidade de criação de times de lutadores, assim como na vida real. Os amigos devem treinar entre si, e representam suas equipes em lutas contra oponentes de outros times. É uma excelente opção, que vai garantir várias horas de diversão para aqueles que tiverem interesse de fazer sua equipe progredir.
Em resumo, UFC Undisputed 3 não é simplesmente mais do mesmo. O jogo consegue realmente ser uma evolução dos jogos anteriores, sem se esquecer de suas principais qualidades. Os gráficos de primeira e a jogabilidade bem mais acessível se somam ao áudio de bem trabalhado e multiplayer divertido e criativo, formando um excelente conjunto de atributos. A adição do modo Pride é a cereja do bolo. Alguns detalhes não necessariamente bons como as introduções repetitivas, o mini-game das submissões e a torcida sem empolgação realmente aparecem, mas não conseguem desabonar o jogo. Se você é fã do esporte, UFC Undisputed 3 é absolutamente recomendado. E se não é, vale uma conferida, já que pode acabar se tornando um.
— Resumo —
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Gráficos excelentes
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Jogabilidade aprimorada e acessível
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Modo Pride
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Modo online criativo e divertido
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Praticamente um pay-per-view na sua sala
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Mini-game de submissões (embora alguns possam gostar)
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Repetição das introduções
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Torcida desanimada