Verdade seja dita, mas o PlayStation é uma das plataformas que mais recebe jogos do gênero RPG na atualidade, tendo como principal rival o Nintendo Switch. E para aumentar ainda mais o número dessas pérolas na biblioteca do console da Sony, a XSEED está trazendo Trinity Trigger, um RPG de ação fofo e com lindas artes.
Embora eu tenha usado o termo “fofo” para adjetivar Trinity Trigger, ele não é apenas isso. Cheio de ação e reviravoltas, o jogo pode te conquistar facilmente, mas ao mesmo tempo, tem o perigo de enjoar na mesma velocidade que te chamou a atenção.
O mundo de Trinity Trigger é composto por dois deuses extremos e que controlam o Caos e a Ordem, ou em outras palavras, o famoso bem e o mal. Neste lugar, para vencer a guerra, cada um deles deve enviar um soldado especial para travar essa batalha em terra e definir, de uma vez por todas, o vencedor.
Alguns anos no futuro, o jogo apresenta o personagem Cyan, um adolescente que não se recorda de sua infância e que foi adotado ainda pequeno. Um detalhe muito peculiar o destaca de outros jovens comuns: um símbolo vermelho em seu olho direito.
Cyan descobre que este símbolo é, na verdade, a marca do deus do Caos e que ele deve travar uma batalha intensa contra o enviado da Ordem. Porém, acompanhado de seus amigos, o jovem parte em busca de uma maneira de acabar com a guerra e toda a matança desenfreada causada por essa rivalidade nascida das forças superiores.
Num primeiro momento, Trinity Trigger não chama a atenção. A história parece ser batida, repetitiva e não ter nada de novo se compararmos com qualquer outro RPG genérico que existe sobre o bem e o mal. No entanto, algumas reviravoltas e eventos secundários acabam dando mais fôlego à narrativa. Não espere, porém, algo revolucionário, justamente para não se decepcionar com a entrega final.
Para contar essa história, Trinity Trigger traz Cyan, Elise e Zantis, personagens com características que lembram muito três integrantes jogáveis de Xenoblade Chronicles, sendo resumido basicamente entre o jovem inocente, a garota que sabe de tudo e quer guiar o grupo e o cara bobão. Que fique claro que isso não é um ponto negativo, mas apenas uma observação que vale a comparação para quem jogou a franquia da Nintendo e se divertiu com eles.
Trinitty Trigger é um RPG de ação que traz uma visão de câmera isométrica, algo comum e que já foi visto em diversos jogos como The Legend of Zelda: A Link Between Worlds, Rustler, Tribes of Midgard e muitos outros. Para esse título, o formato combina bastante e deixa tudo mais charmoso e menos exigente quando pensamos em coisas como o mapa, por exemplo.
Não espere um mundo muito sofisticado em Trinity Trigger. Todos os cenários não passam de labirintos com caminhos que o levam para uma dungeon, uma pequena cidade ou outro mapa. O destaque aqui fica para como os ambientes conseguem mudar tanto de um ponto a outro. O deserto fica colado no gelo, por exemplo, e isso é geograficamente impossível, mas a explicação para o fenômeno dada pelo jogo é muito boa e traz uma realidade palpável para o jogador, o que é bom e evita a desculpa de ser “apenas um jogo”.
Confesso que as cidades, um dos locais que eu mais gosto de visitar em jogos do gênero, me decepcionaram bastante por não trazerem lá tantas opções de exploração. Mesmo que não dê para fazer muita coisa, eu gosto de apreciar a paisagem e me impressionar com o design, mas aqui não acontece e é tudo bem simples. O modelo combina com o jogo, mas não agrada quem está acostumado com locais enormes, grandes estruturas e várias opções para interagir.
Os gráficos de Trinity Trigger são lindos e se casam muito bem com a proposta do jogo. Um dos detalhes que chama a atenção, por exemplo, é quando as armas dos personagens estão brilhando e, enquanto correm pelo mapa, criam um contraste com as cores do cenário. Essa é uma cena linda e apenas uma demonstração do que ele oferece.
E por falar em gráficos, posso afirmar que as batalhas são supercoloridas e divertidas de se ver, principalmente se estiver jogando com outros dois amigos. Isso mesmo, Trinity Trigger possui um modo multiplayer local para até três jogadores, e esse sistema pode salvar sua vida da IA um tanto quanto burra.
Quando se está jogando sozinho, você tem a opção de trocar de personagem à vontade. O único problema disso é que a IA que comanda os outros dois que sobraram ataca repetidamente sem qualquer estratégia ou uso de ataques especiais. O jogo não oferece opção estratégica para melhorar isso, o que é uma pena, pois as lutas às vezes demoram mais e te obrigam a ser multifuncional para conseguir usar o poder máximo da equipe.
Com exceção da questão da IA, o jogo consegue entregar batalhas divertidas e diversificadas na medida. Cada personagem possui um Trigger, que pode se transformar em armas diferentes como lança, arco ou martelo, por exemplo. Além disso, você consegue definir a melhor sequência de combos para cada uma delas, podendo escolher entre a mais forte, a mais legal visualmente ou um balanço entre os dois.
O jogo não te apresenta todos os sistemas logo de cara, então no começo você vai achar que não existe nada muito divertido para se fazer. Porém, conforme você vai desbloqueando novas áreas e personagens, as coisas começam a ficar um pouco mais empolgantes e interessantes, já que novas possibilidades começam a surgir.
O jogo não é longo, para ser sincero. Se você seguir fazendo as missões principais, sem se preocupar com as secundárias que te fazem andar horrores pelo mapa, vai terminar o jogo rapidamente, mas justamente por não ser tão grande é que eu recomendo fazer tudo que lhe é oferecido, assim é possível prolongar sua vida útil.
Trinity Trigger possui belos gráficos, cenas no estilo anime e ainda algumas referências sonoras a Final Fantasy, o que pode ser um verdadeiro colírio para os olhos dos nostálgicos. Porém, o título peca pela falta de variedade geral e em outros quesitos importantes, como no comportamento da IA quando se está jogando sozinho e no sistema de equipamentos, que não é lá tão intuitivo e divertido de se mexer. Se você quiser investir aqui, recomendo que ao menos espere uma promoção.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela XSEED Games.
Veredito
Trinity Trigger é um RPG curto, bonito visualmente, com uma proposta legal, mas que não empolga. É um título que pode agradar no começo, mas começa a ficar repetitivo e não faz o suficiente para manter a força até o final.
Trinity Trigger is a short RPG, visually beautiful, with a cool proposal, but it is not thrilling. It’s a title that can be exciting at first, but it starts to get repetitive and doesn’t do enough to keep it going until the end.
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