Se você não conhece Top Racer, não se preocupe: Top Racer Collection pode não soar familiar, mas e Top Gear Collection? Sem dúvida causará outro impacto. Provavelmente por copyrights envolvidos (ainda que no Japão seja Top Racer), os clássicos da década de 90 foram trazidos de volta.
Top Racer é, sem dúvida, uma lenda na vida dos jogadores brasileiros. É um daqueles casos de um jogo que se popularizou muito em nosso país por vários motivos: a trilha sonora marcante, um jogo de corrida com um bom gameplay (e desafiador na medida certa) e disponível no SNES, console que sem dúvida marcou muitos de nós. Não vamos entrar no mérito da pirataria, mas por ser um jogo leve e fácil de ser pirateado, sem dúvida a popularidade também veio disso. Independente do motivo específico que originou o amor por Top Racer pelo jogador brasileiro, já estava na hora do seu retorno – e por que não nas mãos de um estúdio brasileiro?
A desenvolvedora (e publisher) de Top Racer Collection é a QUByte Interactive, que vem se consolidando em relançar clássicos esquecidos, além de fornecer suporte a estúdios indie. Top Racer Collection oferece três jogos: Top Racer, Top Racer 2 e Top Racer 3000. Há ainda um quarto, Top Racer Crossroads, que é basicamente uma modificação do primeiro game.
A coletânea integra os três títulos em seus menus. Ou seja, todas as opções são selecionadas em menus criados pela QUByte, sendo que apenas o gameplay em si se mantém intacto (a corrida, em outras palavras). É um ponto positivo para unificar a experiência e acelerar as escolhas, mas pode ser algo que desagrade os mais puristas.
Antes de falarmos dos jogos em si, é preciso esclarecer que Top Racer Collection oferece uma variedade de modos. Tudo o que você pode imaginar está aqui: há a “campanha” de cada um (chamado de Arcade Mode, inclusive com ‘save state’); um modo online (com salas); jogar Copas customizadas (você define quaisquer quatro pistas de um jogo) para correr sozinho ou com amigos; correr uma pista em específico (inclusive espelhada) e até Cheats (destravados após terminar a campanha). Honestamente, o que poderia ser pensado para oferecer, está aqui.
Em relação aos filtros gráficos, há quatro opções: Original, Suave, Varredura e CRT. Pessoalmente, nessas coletâneas, sempre acabo optando pelo original, mas é ótimo que tenha opções para quem gosta de modificar isso.
O Top Racer original continua sensacional. É o clássico que todos nos temos guardado com carinho em nossa memória, com sua trilha sonora única.
O gameplay também é o mesmo, com aquela disposição que talvez somente ele tenha: triângulo para acelerar e bola para usar o Nitro. Ainda há os quatro carros, com o Branco sendo o mais ecônomico e o Vermelho o mais rápido. As corridas continuam sendo em diferentes países, com o sistema de combustível exigindo um Pit Stop dependendo do tamanho da pista e número de voltas.
Apesar de ser possível alterar as configurações de controle, por exemplo, há algo que senti falta e seria interessante: remover a CPU da tela de baixo. Quando ela está no Pit Stop, o framerate do jogo claramente fica melhor. Seria uma modificação do original, é claro, mas isso nos leva ao Top Gear Crossroads.
Top Gear Crossroads é basicamente o jogo original, mas com carros diferentes. Temos o da “Firma”, por exemplo, que é o clássico Uno com escada em cima, além da Ferrari vermelha inspirada em OutRun. É uma forma de aumentar a longevidade da coletânea, mas não espere algo verdadeiramente diferente, além das estatísticas que esses carros trazem para a corrida.
Já Top Racer 2, lançado em 1993, também para o SNES, possui uma pegada mais realista. É preciso controlar os danos em seu carro, coletar recursos, fazer upgrades para um maior desempenho e ficar atento ao clima para trocar de pneus. O que impressiona é a quantidade de pistas: 64.
Por fim, Top Racer 3000, lançado em 1995 para SNES, traz uma experiência mais futurista (a ideia é que o 3000 seja o ano). Com 47 pistas, sistema de upgrades avançados e até mecânicas como pular sobre os adversários ou ímã para puxá-los, Top Racer 3000 oferece uma experiência diferente dos outros dois jogos.
Sendo franco com o leitor, Top Racer 2 e Top Racer 3000 são jogos medianos. Entendo que muitos podem ter nostalgia por eles, mas mesmo na época em que foram lançados são games que nunca me agradaram, ao contrário do Top Racer original.
Por conta disso, a coletânea acaba se sustentando pelo excelente Top Racer. Se você nunca jogou Top Racer 2 ou Top Racer 3000, é uma forma sólida de conferi-los e formar sua própria opinião (digo isso porque imagino ser difícil você nunca ter jogado o Top Racer original). Mas, para mim, são dois jogos que só vou jogar para ir atrás da platina da coletânea.
No fim, Top Racer Collection é uma ótima coletânea que traz um clássico atemporal – principalmente para os jogadores brasileiros.
Infelizmente, por motivos que nunca saberemos, a coletânea custa o dobro (R$ 104,90 ao invés de R$ 49,99) no PlayStation quando comparamos com as outras plataformas. Por conta disso, fica difícil a sua recomendação. Espere por um desconto.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela QUByte Interactive.
Veredito
Top Racer Collection é uma ótima forma de relembrar o passado. Além de trazer a trilogia, a coletânea ainda adiciona online, modos extras e até mesmo um jogo modificado. No entanto, é um pacote caro no PlayStation e, pessoalmente, é uma coletânea que se sustenta basicamente pelo primeiro título.
Top Racer Collection is a great way to remember the past. In addition to bringing the trilogy, the collection also adds online, extra modes and even a modified game. However, it is an expensive package on the Brazilian PS Store and only the first title in the collection is actually worth it.
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