Thymesia – Review

O gênero soulslike cresceu muito depois do lançamento de Demon’s Souls na era PS3. Títulos como Bloodborne, Nioh, Sekiro Shadows Die Twice e muitos outros, pegaram embalo no sucesso do gênero e criaram suas próprias narrativas. Agora, Thymesia, um jogo de RPG de ação, é mais um título que entra para a lista.

Assim como todos esses jogos mencionados anteriormente, Thymesia tem uma narrativa confusa, que necessita da leitura de vários documentos para entender o que está de fato acontecendo. No entanto, mesmo com as ideias alinhadas, Thymesia parece que entrega uma experiência incompleta, e neste review você saberá a razão disso.

A história de Thymesia se passa no reino de Hermes, um lugar onde as pessoas usavam a alquimia para conquistar tudo aquilo que almejavam. No entanto, no decorrer do tempo, o poder da alquimia acabou entrando em colapso e levou o mundo a um estado de calamidade, no qual diversas pessoas se transformaram em criaturas bizarras.

Para tentar conter o avanço desse desastre e trazer a cura para o mundo, um homem misterioso chamado Corvus precisará encontrar suas memórias que estão perdidas por Hermes, pois é apenas com elas que ele será capaz de conter o colapso trazido pelo mau uso da alquimia.

Assim como todos os jogos soulslike, a narrativa de Thymesia é confusa pelo fato de ser fragmentada. A história não é escancarada na cara do jogador logo de imediato, e aí você precisa ativar o modo detetive para encontrar todas as memórias de Corvus e descobrir o que de fato é preciso fazer para trazer todos de volta.

Em Thymesia não existem muitos NPCs para interagir, tornando o mundo de Hermes exclusivamente habitado por criaturas modificadas pela alquimia. Ao mesmo tempo que isso é compreensível, existe aquela sensação de que está faltando algo. Até mesmo em jogos de zumbis existem sobreviventes, então deveria existir essa mesma probabilidade aqui também.

Ao contrário de Dark Souls ou Bloodborne, Thymesia é separado por fases. Embora os mapas aparentem estar conectados, eles na verdade não estão. Cada lugar é um tipo de área diferente, com desafios e chefes distintos, e isso acaba fazendo o jogo perder um pouco daquela sensação de mundo unificado.

Para conseguir alcançar os outros locais de cada mapa, é preciso primeiro completar as side quests de cada área. Algumas delas só ficam disponíveis após você completar algumas missões específicas, por isso é preciso ficar de olho para não deixar passar despercebido.

Outro ponto negativo que devo mencionar é que Thymesia não traz opção multiplayer. Caso você esteja enfrentando um chefe muito difícil, será necessário insistir nele até o fim, pois não há como pedir ajuda aos amigos. Eu honestamente espero que isso mude no futuro, pois embora a maioria dos chefes não sejam tão difíceis, eles conseguem causar uma boa dor cabeça.

Para compensar a dificuldade, Thymesia oferece pontos de salvamento automático. Caso você morra, Corvus ainda será teletransportado para o último save point manual, porém, com o salvamento automático é possível sair do jogo a qualquer momento, sem se preocupar em perder as memórias coletadas.

O gameplay de Thymesia é divertido e traz uma quantidade razoavelmente boa de movimentos. Com os pontos de experiência adquiridos, você libera talentos para facilitar sua vida na hora de combater os inimigos. Algumas habilidades possuem mais de uma versão, como a esquiva, que pode ser dupla em curto alcance ou dupla a longo alcance, por exemplo. Pode parecer que não, mas isso faz toda a diferença contra chefes específicos, e a melhor parte é que é possível redesignar esses pontos sem qualquer custo.

O que talvez você possa estranhar em Thymesia é a necessidade do uso das garras para, de fato, matar os oponentes. Como todos os cidadãos foram corrompidos pela alquimia, eles possuem uma segunda barra de HP na cor verde. Quando essa barra é exposta, é necessário usar essa arma secundária para impedir que os inimigos recuperem o HP. Embora possa parecer difícil, o jogo consegue equilibrar bem o dano e garante habilidades bem úteis para Corvus lidar com os perigos.

Outra coisa muito bacana é que aqui você consegue usar armas especiais que possuem a mesma propriedade da sua garra. Para subir o nível delas é necessário derrubar shards de inimigos que portem o mesmo tipo de equipamento, e uma vez no máximo, um combo estendido é liberado, possibilitando um dano muito maior.

Embora o gameplay de Thymesia seja divertido, o jogo em si não parece te recompensar da melhor forma por ter que enfrentar uma quantidade tão grande de inimigos difíceis.

O jogo carrega nas costas o gênero RPG de ação, porém, ele parece se aprofundar muito mais na ação. Você começa com um set e precisa ir com ele até o fim. Com exceção da necessidade de caçar as memórias de Corvus, não existe mais nada além disso que te faça querer explorar as dungeons mais afundo. Além disso, não existem outros equipamentos (como armaduras, por exemplo) para coletar e, consequentemente, melhorar seus atributos. É tudo um pouco raso demais.

Thymesia é realmente um jogo muito lindo e é muito mais parecido com Dark Souls do que Bloodborne. Os gráficos, detalhes dos cenários, os chefes, tudo isso é muito bem-feito e faz você ficar vislumbrado com a capacidade do PS5. Claro que existem jogos com uma capacidade gráfica mais avançada, mas este título também merece atenção pelo belo trabalho.

No entanto, Thymesia não vai muito além do que um jogo bonito e divertido de se jogar. Não existe um incentivo para explorar as dungeons, diferentes armaduras fazem falta e a ausência do multiplayer também é sentida, principalmente por aqueles que têm dificuldade em derrotar os chefes de jogos desse gênero.

Se você gosta de um jogo soulslike e não se importa com o baixo retorno, Thymesia pode ser um bom título para você. Só não vá com muita sede ao pote.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Team17 Digital.