The Quarry é uma nova história interativa da Supermassive Games que chega para quebrar – ainda mais – as barreiras entre filmes e jogos. Com artistas consagrados no elenco, o estúdio tenta trazer uma experiência ainda mais imersiva do que aquela vista em Until Dawn, título lançado originalmente em 2015.
A Supermassive Games também é conhecida pela cronologia de terror The Dark Pictures, porém, ao contrário desses títulos (que vêm sendo lançados anualmente), The Quarry mostra-se superior e muito mais bem trabalhado, inclusive nas expressões faciais, algo que incomodou em House of Ashes, último jogo do estúdio.
Durante o review você verá que The Quarry tem muitos pontos fortes, mas é preciso ficar atento, pois como dizem: nem tudo que reluz é ouro. E você saberá o porquê no nosso review.
Embora The Quarry se passe nos tempos atuais, ele busca trazer aquela vibe dos filmes de terror clássicos dos anos 90. Isso fica ainda mais forte tanto por causa da fonte usada para o título do jogo (que lembra o filme Rua do Medo, da Netflix), quanto o local onde tudo se passa: o acampamento de verão Hackett.
O jogo começa apresentando Laura e Max, um casal que faz parte de um grupo de monitores que ficarão encarregados de cuidar das crianças no acampamento Hackett. Porém, algo acontece, e ambos desaparecem. Dois meses após o ocorrido, você toma o controle de um grupo de jovens que chegou ao acampamento e ficaram lá durante todo esse tempo sem saber o que aconteceu com os colegas de trabalho.
Como The Quarry narra a história de pessoas jovens, claro que não podia faltar o jogo da sedução e corações partidos. Jacob, um rapaz que tem esperança de conquistar Emma, acaba sabotando o próprio carro para que eles possam passar mais uma noite juntos, porém, seu ato inconsequente e egoísta acaba custando caro para todos.
Se você jogou Until Dawn, verá uma semelhança muito grande no enredo e em como as coisas se desenrolam. Eu realmente fiquei empolgado com a premissa do jogo pelos trailers, mas confesso que acabei me desapontando um pouco quando percebi muitos pontos em comum com um dos primeiros títulos de PS4.
Ao mesmo tempo que isso é “ruim”, também é compreensível, pois parece ser a marca da Supermassive Games para jogos de história interativa e claro, jogos de terror no geral. A série The Dark Pìctures, por exemplo, está aí para provar que mesmo que exista essa identidade parecida, os jogos não deixam de ser bons (alguns medianos).
Duas coisas que devem ser enaltecidas aqui, porém, são os gráficos e a trilha sonora. Se você achava Until Dawn bonito, com certeza The Quarry irá elevar suas expectativas para o próximo jogo da Supermassive Games.
A modelagem dos personagens está (quase) perfeita, com expressões muito naturais e uma movimentação menos robótica. Não é incomum você esquecer que está jogando algo durante o gameplay, pois até mesmo nas partes onde você controla os personagens as coisas são extremamente realistas e bem construídas.
Claro que, para complementar um filme, uma boa trilha sonora precisa estar disponível, e isso é o que não falta em The Quarry. Logo no início você já se depara com Ariana Grande, uma das maiores artistas pops da atualidade. No decorrer da história, outras músicas não tão conhecidas servem de background para a história e, embora percam destaque para a abertura, conseguem prender o jogador e dar aquele ar de filme nostálgico que, inclusive, tem ficado muito em alta nos últimos tempos.
O jogo é totalmente dublado em português do Brasil e possui legendas, mas a verdade é que ela não combina com os personagens. Existem sim aquelas tiradas que só a língua portuguesa tem, mas a entonação, bem como a falta de sincronia labial e emoção são insuficientes para elevar a nota aqui. Além disso, algumas falas simplesmente ficam sem som, e isso acontece mesmo após a atualização.
Outro ponto negativo em relação ao áudio de The Quarry está na inconsistência sonora. Em determinados momentos o jogo ficava muito baixo, e em outros ele estava alto demais. Eu fui obrigado a mexer no volume diversas vezes porque nunca sabia qual era o ideal, já que o próprio jogo falhava nesse quesito.
Já que tocamos no assunto valores, é importante frisar que eu não costumo tirar pontos pelo preço dos jogos, principalmente aqueles que já estão no padrão de R$350 para o PS5. Mas aqui vale levantar que não compensa investir mais de R$400 na versão Deluxe de um jogo que é só uma história interativa.
The Quarry traz grandes atores e atrizes, com uma atuação impecável de cada um deles. Artistas como Lin Shaye (Insidious), David Arquete (Pânico) e Grace Zabriskie (O Grito), são experts em filmes do gênero e tornam o título ainda mais atraente e pesado, pois essas estrelas do cinema colocam todo o seu poder de atuação na tela. Tendo isso em vista, imagino que o custo de produção não tenha saído barato, mas no momento que estamos vivendo, pagar mais de R$400 num jogo de 10 horas é demais para o bolso dos brasileiros.
Durante a campanha, não há muito a se fazer a não ser explorar. Assim como em todos os jogos da Supermassive Games, você precisa encontrar itens (cartas de Tarot, neste caso) se quiser saber de possíveis futuros através da cartomante. Claro, isso não deixa o jogo menos chato, pois tudo aquilo vai depender única e exclusivamente das suas escolhas, então tudo que você ver na bola de cristal pode não acontecer.
The Quarry, inclusive, é um jogo que as escolhas fazem realmente diferença. Ao contrário de outros títulos da empresa, aqui eu sinto que qualquer coisa que eu encontrar pelo chão vai servir de alguma coisa. E realmente serve. Muitas vezes ajuda na sua relação com algum dos integrantes do grupo, mas ainda assim, existem utilidades para esses tesouros encontrados no mapa geral.
Se você quiser dar um tom mais dramático na trama, também é possível mudar o filtro da tela para modelos como “Filme Indie” ou “Retrô”, por exemplo. Esse recurso, infelizmente, só está disponível na versão Deluxe, que convenhamos, está num preço absurdamente alto em todas as plataformas.
Como eu disse anteriormente, The Quarry é um dos jogos mais realistas que eu já vi da Supermassive Games, com modelagens excepcionais de tirar o chapéu. Elas são tão boas que existe até mesmo um “modo filme”, que é onde você (literalmente) assiste ao jogo.
Pode parecer loucura de início, mas as partes onde o jogador toma o controle dos personagens são inúteis e servem apenas para encontrar objetos, e é por isso que o modo filme funciona tão bem, mesmo sendo totalmente baseado nas cut-scenes.
O modo filme possui cerca de 6 horas de duração, e para não dizer que você não tem controle de nada aqui, existe um modo chamado “Cadeira do Diretor”, no qual você só precisa tomar as decisões, sem a necessidade de controlar os personagens. Porém, é importante enfatizar que aqui não é possível conquistar troféus.
The Quarry é um ótimo jogo interativo, com personagens divertidos e que agregam na história. A diversidade do elenco também rende pontos para o título, pois ele não traz apenas aqueles padrões vistos em jogos-filmes do gênero.
Embora o jogo tenha alguns problemas de continuação (parece que algumas cenas não se encaixam), ele consegue te prender e entreter por horas a fio. Mas fica o aviso de que jogar duas vezes seguidas em busca da platina é pedir para morrer de tédio.
Jogo analisado no PS5 com código cedido pela 2K Games.
Veredito
The Quarry é um jogo que possui seus deslizes e alguns problemas técnicos, mas isso não tira o brilho que é jogar um título com excelentes atores que emprestaram não só seus rostos, mas também o seu talento na atuação, transformando este em um dos melhores jogos de história interativa da Supermassive Games.
The Quarry is a game that has its glitches and some technical issues, but that doesn’t take away from the shine of playing a title with excellent actors who lent not only their faces, but also their acting talent, making this one of the best interactive story games from Supermassive Games.
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