“Demasterização” indica uma simplificação tecnológica, mas isso não é motivo para que o produto modificado se transforme em algo menos interessante. Com elementos estéticos de jogos típicos dos 16 bits e sem qualquer visual de última geração, The Mummy Demastered prova que menos pode ser mais.
A WayForward alcançou um enorme feito ao converter um tedioso filme de ação e aventura em uma agradável e divertida cópia de Metroid. Parece ser uma especialidade da empresa resgatar fórmulas de séries clássicas. Exemplo disso são Double Dragon Neon, DuckTales Remastered, BloodRayne Betrayal, Alien Infestation e os diversos Shantaes. Todos provas do bom trabalho da desenvolvedora com a perspectiva 2D e com uma jogabilidade que jamais envelhece.
Baseado no filme de mesmo nome, lançado este ano, o jogo não é uma reprodução dos acontecimentos do longa metragem, mas se passa no mesmo universo. Sem Tom Cruise como protagonista, o personagem principal do game é um soldado sem personalidade, pertencente à corporação Prodigium. Tal grupo existe para combater ameaças sobrenaturais e é liderado no filme pelo personagem Henry Jekyll (interpretado por Russell Crowe). A vilã continua sendo a Princesa Ahmanet, uma múmia do antigo Egito que possui um poder sombrio, graças a um pacto feito com o Deus da morte – Set.
A falta de conhecimento do filme não afeta a experiência no jogo, todavia, os usuários mais perceptivos e que acompanharam a obra do cinema vão notar vários locais familiares. Uma característica positiva do jogo é a estrutura do mapa e suas conexões. Estas possuem um certo nexo com o que é exibido no filme, tornando a demasterização bem fiel à fonte.
Conforme apontado na introdução deste artigo, a interatividade em The Mummy Demastered se assemelha muito a Metroid. É um game de aventura e ação em duas dimensões, com sprites e efeitos visuais típicos do Super Nintendo, claramente um resgate das características de Super Metroid. A trilha sonora também é uma homenagem, com sons computadorizados típicos da época. As músicas são muito competentes e caracterizam bem o clima sinistro do jogo, apesar de que a existência de apenas uma música por área logo torna a trilha cansativa.
As ações do personagem, o backtracking, os tipos de itens encontrados, o formato do mapa e diversos outros aspectos são todos reflexos do clássico da Nintendo. Pelo menos é uma ótima imitação, carregando todos os méritos do jogo que tem como inspiração.
No início, seu personagem possui apenas funções básicas e um poder de fogo limitado. É por meio da exploração e progressão no mapa que novas possibilidades no gameplay são destravadas. Além da metralhadora padrão, existem armas especiais (de munição limitada) que deixam o combate ainda mais diversificado e divertido. Expansão de HP, relíquias e artefatos são outros itens a serem descobertos em The Mummy, portanto, a dificuldade pode ser contornada se o jogador tiver paciência de voltar a locais antigos em busca de novos upgrades.
The Mummy Demastered é amparado por uma dificuldade justa e ótimas lutas contra chefes, embora peque pela limitada variedade de inimigos – muitos inclusive são reciclados em diferentes áreas. A única mecânica realmente nova introduzida nesse gênero é o sistema de morte, por meio de um artifício que lembra muito o usado nos Souls da From Software. Explicando melhor, caso seu personagem morra, ele se transforma em um zumbi comandado pela princesa Ahmanet e um novo agente da Prodigium passa a ser comandado. No entanto, o novo agente precisa recuperar parte do equipamento do antigo soldado, daí a similaridade com os Souls, só que faz-se necessário matar o agente antigo para resgatar velhos pertences.
O novo projeto da WayForward tem uma proposta concisa e é, sem qualquer dúvida, um ótimo jogo. Na minha experiência, The Mummy consistiu de uma jornada livre de bugs ou problemas técnicos graves, o que faz dele ainda mais agradável. Mas duas coisas são incômodas, problemas estes facilmente observados pelos familiarizados com o gênero do jogo.
O primeiro inconveniente é a falta de novas ideias. The Mummy Demastered vaga em um terreno seguro, na zona de conforto. Para quem já está cansado de jogar os Metroids e suas inúmeras “derivações”, não há como ser surpreendido aqui. Não que a desenvolvedora tenha a pretensão de estabelecer um marco, mas não é um jogo que provavelmente se destacará no gênero ou no mercado, é tampouco algo memorável.
O outro problema é referente a sua duração – muito curto e com poucas tarefas secundárias. São poucas horas de entretenimento, ainda que seja divertido enquanto dure. São cerca de seis horas para completar o game, explorando o mapa e coletando os itens em sua totalidade. Existem também alguns pequenos incômodos relacionados a framerate, geralmente associados ao uso de armas poderosas em ambientes caóticos, mas não é algo que comprometa a fluidez do jogo.
Veredito
Mesmo que não proporcione uma experiência inovadora, The Mummy Demastered demonstra a maneira certa de se resgatar uma fórmula clássica. É um divertido e formidável jogo de aventura/ação 2D, embora um pouco mais breve do que gostaria.
Jogo analisado com código fornecido pela produtora.
Veredito
Even though it does not provide an innovative experience, The Mummy Demastered demonstrates the right way to redeem a classic formula. It’s a fun and formidable adventure/action game, albeit a bit shorter than I’d like.
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