Dizer que Trails into Reverie tem um papel especial na saga atual de Legend of Heroes chega a ser redundante, afinal o título marca não só o décimo lançamento do arco atual como também a primeira metade de uma história que apesar de suas simples origens, sempre teve grandes ambições. Mas como seria possível dar aos fãs algo tão especial, especialmente após a conclusão de Cold Steel 4, que apesar de acompanhar os desafios de Erebonia, também foi a culminação de tudo que a franquia trabalhou até aqui?
Diante desse cenário os desenvolvedores da Nihon Falcom sabiam que precisavam entregar algo que se destacasse e fosse marcar jogadores e assim acabou entregando um de seus títulos mais completos e com o maior fator replay que a franquia já teve até então.
Devido a (mais uma) crise que acaba impedindo que Crossbell atinja sua almejada independência, os diversos protagonistas da série acabam precisando colaborar entre si para solucionar um problema que pode terminar em resultados drásticos para todo continente.
Com um escopo tão ambicioso, Reverie introduz um novo sistema chamado “Trails to Walk” onde o jogador pode alternar entre cada um dos personagens jogáveis, Rean Schwarzer em Erebonia, Lloyd Bannings em Crossbell e um novo grupo que se auto titula como os “Miserable Sinners”, liderado pelo misterioso C.
Dando a liberdade para combater essa crise em diversos front, o título não só acaba sendo o mais imersivo da franquia, como também se torna o jogo mais “agitado” da série até então. Semelhante como acontece em Yakuza Zero, os capítulos de cada personagem sempre terminam em tom de suspense e reviravolta, o que acaba criando uma forte antecipação para descobrir o que está prestes a acontecer.
Trails into Reverie também não perde mais muito tempo introduzindo NPCs ou cidades pela primeira vez, assumindo que o jogador já está familiarizado com a história até então, todo ritmo da narrativa acontece de forma muito mais acelerada quando sendo comparada aos seus antecessores, o que pode agradar aqueles que temem a repetição de ter que revistar certos locais pela segunda ou terceira vez.
O maior destaque do jogo vai justamente para a rota dos “Miserable Sinners” que apesar de ser composta por personagens novatos, possuem uma química tão forte que é capaz de botar os veteranos no chinelo. Nadia e Swim são o contraste perfeito entre uma menina brincalhona e um rapaz sério, enquanto Lapis e C conseguem trazer momentos extremamente sentimentais e outros de uma comédia divertida.
Vale a pena destacar também que por ter uma estrutura diferente, Trails into Reverie tem o maior número de personagens jogáveis da série até então, abrangendo mais de 40 membros diferentes, indo de Sky FC até Cold Steel 4.
Claro que nada disso serviria de alguma coisa se o jogador não se sentisse motivado a experimentar novas combinações de equipe, o que felizmente acaba não sendo o caso. Independente da rota a ser escolhida, as composições vão estar sempre mudando, e por consequência, introduzindo novas possibilidades para o combate.
Esse efeito de mudança é extremamente importante para o segundo pilar do jogo, o True Reverie Corridor. Após certos eventos na história todas as rotas se juntam em uma área especial que oferece diversos tipos de modos de jogo.
Aqui o jogador pode montar o time que quiser e então adentrar um calabouço procedural enquanto coleta espólios especiais e desvenda os mistérios desse novo local. Essa liberdade para montar uma equipe dos sonhos também abriu espaço para que a Falcom montasse alguns dos chefes mais divertidos e complexos da franquia, forçando o jogador a usar todas as ferramentas à sua disposição.
Os tesouros coletados desses inimigos são muitas vezes diferentes daqueles coletados durante as outras áreas do jogo, aqui eles dão acesso a eventos extras como cenas adicionais sobre o background de personagens ou confrontos, minigames e até mesmo mais membros para a equipe.
Um destaque merece ser feito justamente para as cenas desbloqueáveis, especialmente aquelas que servem para fazer uma prévia dos próximos jogos da franquia. Esses eventos tem um formato parecido de uma visual novel, onde se é contada histórias curtas dos futuros protagonistas e até mesmo como suas ações já podem estar causando impacto.
Se tudo isso tem soado familiar é porque o True Reverie Corridor funciona de forma semelhante ao seu antecessor em Cold Steel 2 (apelidado apenas como Reverie Corridor) e o Phantasmagoria de Trails in the Sky the 3rd. A maior diferença aqui é que todos os seus sistemas foram expandidos e elaborados e por consequência ampliando ainda mais o fator replay que o título já entrega.
Seguindo esse ciclo entre “Mundo Real” e corredor, consigo facilmente dizer que nunca me senti entediado jogando Reverie, mesmo depois de quase 60 horas de jogo, algo que não posso concordar com muitos de seus antecessores.
Mesmo após quatro jogos, Rean ainda consegue ser um excelente protagonista e é bastante gratificante ver como ele ainda consegue crescer, aos poucos se apoiando em seus amigos e estudantes que o salvaram dos eventos de Cold Steel 4. A determinação de Lloyd em querer um final digno para sua cidade é comovente graças a atuação Robbie Daymond que retorna para o papel e claro, ao excelente roteiro que acompanha a tão aguardada conclusão de Crossbell que os fãs esperam desde a época do PSP.
Apesar da tamanha responsabilidade que o título carrega, a Nihon Falcom conseguiu entregar não só um de seus jogos mais completos, mas também a despedida digna que a franquia merecia antes de embarcar para novos horizontes.
Independente do gosto de cada um sobre os múltiplos arcos, existe algo aqui que vai agradar a todos os fãs da franquia, que por mais que precisem deixar muitos de seus favoritos para trás, ainda parecem ter muito a se esperar devido aos caminhos sombrios que a franquia parece estar tomando.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela NIS America.
Veredito
Mesmo com uma conclusão que pode deixar muitos de coração pesado, Trails into Reverie é a despedida que os fãs mereciam após acompanhar as aventuras dos mesmos personagens por tanto tempo. Sendo trabalhada por mais de 10 anos, Falcom entregou um de seus jogos mais completos graças ao fator replay imenso, se tornando uma compra obrigatória para qualquer fã da franquia.
Even with a conclusion that may leave many with a heavy heart, Trails into Reverie is the farewell that fans deserved after following the adventures of so many beloved characters. In the making for over 10 years, Falcom has delivered one of its most complete packages thanks to the immense replay factor, making it a must-buy for any fan of the franchise.
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