The Legend of Heroes: Trails from Zero – Review

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Crossbell. Mesmo após anos e anos vendo jogos antes vistos como “impossíveis” de serem localizados sendo lançados no Ocidente, de alguma forma, eu ainda tinha a sensação de que a Nihon Falcom e a NIS America acabariam optando por não lançar oficialmente os jogos por essas bandas. Afinal, estamos falando de uma duologia de jogos lançados há 12 anos no PSP, cujas versões remasterizadas para PS Vita também foram deixadas de lado.

Se nem quando o lançamento deles mais fazia sentido na cronologia da franquia (antes de Trails of Cold Steel 3 e 4) eles chegaram por aqui, não seria surpreendente se a NIS America optasse por seguir em frente com Trails into Reverie (mesmo que Crossbell também seja fundamental para ele), mantendo assim um ritmo de lançamentos mais ou menos condizente com o da Falcom no Japão. Mas não quer dizer que os fãs não sonhavam com o jogo.

E nisso, a série Trails, também conhecida como Kiseki, pelo seu nome japonês, sempre teve a sorte de contar com um grupo de fãs apaixonados e dispostos a dedicar tempo e energia a tornar esses jogos acessíveis aos fãs em inglês. Patches extraoficiais foram se espalhando e espalhando, até que um grupo resolveu se juntar e entregar um patch baseado na versão chinesa de PC que supera (e muito) o trabalho de vários estúdios profissionais.

The Legend of Heroes: Trails From Zero

Trails From Zero não chegaria ao Ocidente sem o trabalho primoroso feito pelo grupo conhecido como Geofront e o patch lançado em 2020. É, no fim das contas, o trabalho de tradução primoroso feito pelo grupo que serviu de base para o trabalho da NIS America aqui. Mas é também por causa do trabalho do Geofront que a versão de PS4 de The Legend of Heroes: Trails From Zero é uma das mais decepcionantes remasterizações que eu já vi.

O jogo em si conta a história de uma nova divisão especial do Departamento de Polícia da Cidade-Estado de Crossbell, localizada entre o Império Ereboniano, ambientação de Cold Steel, e a República de Calvard, onde se passam os ainda exclusivos do Japão Kuro no Kiseki 1 e 2. Com ambas as nações clamando soberania sobre Crossbell, o clima em torno da cidade vai se tornando cada vez mais tenso.

Os acontecimentos são vistos a partir do ponto de vista do jovem detetive de polícia Lloyd Bannings. Recém-graduado no curso preparatório, Lloyd é designado para essa nova divisão conhecida como Special Support Section ou SSS. Essencialmente, Lloyd, juntamente com outros três colegas, serão encarregados de recuperar a imagem da polícia de Crossbell, visto que a Guilda dos Bracers é imensamente mais querida, enquanto a polícia é vista como pouco qualificada e atrapalhando mais do que ajudando.

The Legend of Heroes: Trails From Zero

O que começa como a SSS tentando resolver o crescente problema das gangues de rua e facções criminosas se espalhando por Crossbell e algumas infestações de monstros ao redor do Geofront (a vasta rede de túneis espalhados por baixo da cidade e que guardam inúmeros segredos), vai tomando proporções cada vez maiores, à medida em que Lloyd e seus companheiros vão tendo sucesso em suas missões.

Como todo bom jogo da série, eventualmente as coisas vão fugindo do controle e só a SSS será capaz de evitar a possível destruição de Crossbell. E talvez do mundo. Esse é um jogo da série Trails, afinal, então o começo mais lento e pacato eventualmente leva para acontecimentos gigantescos, tudo baseado em linhas de história que vão sendo apresentadas e desenvolvidas pouco a pouco.

E é nisso que parte da minha frustração com esse relançamento de Trails From Zero mais se apresenta. Apesar de ser talvez o jogo mais fraco de toda a série, ele ainda é um JRPG excepcionalmente bom. Crossbell é uma ambientação bastante confortável, funcionando muito bem como hub central para as aventuras da SSS e o quarteto central de personagens é um dos melhores de toda a franquia.

The Legend of Heroes: Trails From Zero

Lloyd, apesar de ser um proto-Rean, é um protagonista bondoso, um garoto de bom coração e intenções nobres, cujas razões para se juntar a SSS vão sendo exploradas aos poucos e cativam facilmente o jogador. Elie McDowell, a jovem herdeira da principal dinastia política de Crossbell (e principal interesse amoroso do Lloyd) tem seus conflitos também bem explorados e que se conectam bem ao papel da família dela no plot como um todo.

Tio Plato, a jovem gênio designada para a SSS graças a parceria entre o Departamento de Polícia de Crossbell e a Epstein Foundation, vai aos poucos demonstrando sua vulnerabilidade e tem em sua história um dos pontos mais fortes da duologia. E Randy Orlando… Randy talvez seja o melhor personagem de toda a franquia, com uma personalidade incrível e uma história pessoal impactante, então qualquer jogo com ele é automaticamente digno de atenção.

Dado o elenco de personagens mais contido, Trails From Zero acaba funcionando muito bem, inclusive, como uma porta de entrada para a série. Com Trails in the Sky ainda fora de plataformas PlayStation modernas, seria um ótimo jogo para se indicar que jogadores interessados iniciem sua jornada.

The Legend of Heroes: Trails From Zero

Mesmo o sistema de combate, que é ainda o mesmo sistema por turnos estabelecido em Trails in the Sky e depois transportado em 3D para Trails of Cold Steel é bastante acessível. Cada personagem pode realizar ações em seu turno, com um certo alcance para o uso de suas habilidades, determinando se eles precisam se mover pelo campo antes de atacar ou se podem realizar ambos ao mesmo tempo.

O sistema de bônus em cada turno também está presente. Isso significa que, à medida em que cada personagem realiza uma ação, seja ele aliado ou inimigo, um certo modificador pode se tornar ativo. Isso vai de um ataque crítico garantido à recuperar uma porcentagem de HP, passando por várias outras coisinhas que dão um ar mais estratégico ao combate. Arts (nome dado às magias da franquia) e Crafts (ataques especiais) também estão presentes, então realmente é um bom ponto de entrada.

Por fim, até mesmo o sistema de personalização/progressão visto em outros jogos através do ENIGMA (o Combat Orbment de Sky, também chamado de Arcus em Cold Steel) está presente. Essencialmente, você acessa o seu Orbment e encaixa Quartz nos espaços disponíveis, podendo assim personalizar quais Arts terá à sua disposição, efeitos especiais ou bônus de estatística.

The Legend of Heroes: Trails From Zero

O maior problema com The Legend of Heroes: Trails from Zero é a versão que chega ao PS4. A versão a qual os jogadores de PlayStation tem acesso é, essencialmente, a Zero no Kiseki KAI, o remaster lançado para PS4 no Japão em 2020, desenvolvido em cima da versão Evolution que chegou ao PS Vita em 2012. Com a adição da tradução da NIS America, supostamente revisando o texto originalmente disponibilizado pelo Geofront através do Patch também lançado em 2020.

Só que existe um motivo pelo qual ela ficou conhecida como a versão do Geofront e não só como um patch. Além do texto localizado em inglês, o grupo de fãs adicionou uma série de melhorias de qualidade de vida, incluindo melhorias gráficas, um log de diálogos, nome das músicas… Todas coisas que ficaram de fora da versão de PS4, mas estarão presentes no port lançado para PC e Nintendo Switch também no próximo dia 27.

Isso significa que, enquanto a versão de PS4 é uma mera localização da versão lançada no Japão pela própria Nihon Falcom, o PC e Switch irão receber versões vastamente superiores do ponto de vista gráfico e de qualidade de vida. E talvez isso nem fosse tão grave, se não fosse o fato da versão de PS4 ser um dos remasters mais feios que eu já tive o desprazer de poder ver e que mal deveria possuir esse nome.

The Legend of Heroes: Trails From Zero

A começar pelas texturas. Se você pesquisar as screenshots do jogo, poderá ver que elas parecem muito mais bonitas do que elas realmente são. Jogando no PS5 e tendo testado o jogo tanto numa TV 4K quanto 1080p foi possível verificar problemas com texturas explodindo, imagens totalmente serrilhadas e animações que mal pareciam estar em HD.

O áudio do jogo também deixa bastante a desejar, oscilando bastante ao ponto de, em vários momentos, ser praticamente impossível ouvir o que está sendo dito nos diálogos, só para, poucos momentos depois, o volume aumentar absurdamente ao ponto de se tornar distorcido. É uma inconstância horrível e que mostra pouquíssimo cuidado na localização, visto que o jogo sequer possui dublagem em inglês, contando apenas com as vozes originais japonesas.

Por fim, mesmo se tratando de uma mera revisão do texto original, o que, visto a completa falta de qualquer melhoria feita pela própria NIS America, torna completamente incompreensível a demora de mais de um ano entre anúncio e lançamento, ainda assim é possível encontrar vários erros de localização. Foi possível observar textos duplicados onde não deveria (incluindo em tutoriais), diálogos que não fazem muito sentido e mesmo alguns pontos altos da adaptação do Geofront sendo revertidos e tirando muito da personalidade dos personagens tão bem capturada pelos fãs.

The Legend of Heroes: Trails From Zero

Assim, fica claro que o trabalho feito pela NIS America aqui é, na melhor das hipóteses, decepcionante e, na pior, uma tentativa de enganar os consumidores, visto que, ao longo de todo o trabalho de marketing, telas da versão de PS4 foram praticamente escondidas, com a divulgação focando nas vastamente superiores versões de Switch e PC, tudo enquanto o jogo custa praticamente o preço de um lançamento AAA moderno.

Adicione a isso o fato de que Trails Into Reverie possui uma série de bônus por ter saves de Trails from Zero e Trails to Azure salvos no seu console e, caso você os queira, precisará jogar essa versão ao invés de ports que realmente receberam algum cuidado. Caso você não se importe com isso, minha recomendação é que você passe longe da versão de PS4, já que a de PC roda em quase qualquer máquina moderna e provavelmente também custará bem menos.

E dói dizer isso, já que, no final das contas, The Legend of Heroes: Trails from Zero é um excelente JRPG. A história da SSS é ótima, o jogo é relativamente auto-contido, com início, meio e fim e estabelecem as bases para Trails to Azure que é, se não o melhor Trails, é o segundo melhor, e o sistema de combate é bom e desafiador. Só, se possível, tente evitar o port terrível feito pela NIS America ao preço de lançamento, pois os jogadores e, principalmente, os fãs da série, mereciam algo muito melhor.

Jogo (versão de PS4) analisado no PS5 com código fornecido pela NIS America.

Veredito

The Legend of Heroes: Trails From Zero é um remaster muito ruim de um jogo muito bom. Enquanto a história da SSS e a jornada por Crossbell precisa ser jogada por qualquer fã da série e o gameplay se sustenta surpreendentemente bem mesmo hoje em dia, a versão de PS4 deixa tanto a desejar que só é recomendada para quem não tiver como jogá-la em outra plataforma.

65

The Legend of Heroes: Trails from Zero

Fabricante: Nihon Falcom

Plataforma: PS4

Gênero: RPG

Distribuidora: NIS America

Lançamento: 27/09/2022

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

Comprar na

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The Legend of Heroes: Trails From Zero is a very bad remaster of a very good game. While the story of the SSS and the journey through Crossbell must be played by any fan of the series and the gameplay holds up surprisingly well even today, the PS4 version leaves so much to be desired that it is only recommended for those who can’t afford to play it on another platform.

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The Legend of Heroes: Trails From Zero is a very bad remaster of a very good game. While the story of the SSS and the journey through Crossbell must be played by any fan of the series and the gameplay holds up surprisingly well even today, the PS4 version leaves so much to be desired that it is only recommended for those who can’t afford to play it on another platform.

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