Já não é de agora que a migração de franquias dos videogames para outras mídias é bastante criticada. Filmes e séries nunca entregaram a experiência que foi vista quando o jogador possui um controle em mãos. Acontece que o contrário também tem o mesmo resultado, com jogos baseados em franquias famosas do cinema e quase sempre ficando aquém do material base.
Terminator, ou O Exterminador do Futuro, é uma das franquias que chegam aos jogos e jamais entregaram algo perto do que foi visto nos cinemas, pelo menos quanto à qualidade dos dois primeiros filmes. O jogo da Teyon e da Reef Entertainment foi lançado no fim de 2019 e teve uma recepção bem mediana. Agora com uma versão para a nova geração, jogadores podem desfrutar um pacote completo, com a DLC Infiltrator Mode e demais melhorias técnicas disponíveis.
Partindo do básico, Terminator: Resistance Enhanced acontece décadas depois do Dia do Julgamento, quando a humanidade é atacada pelo sistema autônomo Skynet, e conta a história do soldado Jacob Rivers numa missão urgente para alertar a resistência de uma nova ameaça. Começa então a jornada de Rivers em diversas missões, tanto ajudando pessoas comuns e a resistência a sobreviver contra as máquinas enquanto um plano de ataque para pôr fim a essa guerra está sendo desenvolvido.
Terminator: Resistance leva em conta apenas os dois primeiros filmes da franquia e ignora todos os demais. Tudo vai se desenvolver de forma simples e baseado nos fatos que já conhecemos do futuro nas mãos da Skynet e do grupo de resistência liderado por John Connor. O jogo apresenta a trama paralela de Rivers enquanto essa se amarra na história já conhecida por todos os fãs, sem mudar eventos impactantes ou adicionando algo inesperado.
O enredo do jogo não é muito elaborado e vai colocar o jogador numa espécie de máquina do tempo dos jogos de tiro em primeira pessoa, já que tudo é muito similar a um padrão de mais de uma década atrás. Pegue jogos de tiro lançados entre 2006 a 2010 e terá exatamente a fórmula usada pela Teyon aqui. Missões lineares, eventos bombásticos, personagens não muito explorados, jogabilidade padrão e mais. Algumas mudanças acabam acontecendo, que é mais similar ao que vemos em alguns jogos hoje em dia.
Como exemplo, algumas missões acontecem em áreas mais abertas e que favorecem a exploração. Aqui o jogador é incentivado a procurar objetivos secundários, ir atrás de recursos e investigar novas opções de gameplay. De certa forma, lembra um pouco o que é visto na série Metro, mas de forma bem mais simplificada.
Aliás, “simples” é a palavra que define Terminator: Resistance. Nada é excepcional ou de destaque, mas básico e funcional. Isso se enquadra tanto para a história, narrativa, desenvolvimento de personagens, loop de gameplay, relação com os filmes e mais. Nas quase 10 horas de duração da campanha, que se torna até um pouco cansativa no fim, é possível ver como o jogo, ainda que lançado em 2019 e agora em 2021, poderia se enquadrar como um título de PS3. Isso não pela qualidade técnica, mas sim pelo pacote completo da obra que não se destaca em nada.
Já a versão de PS5, correndo o risco de cair na repetição mais uma vez, é simples demais e nada de novo além do padrão que diversos jogos já fizeram. Resolução em 4K, 60 quadros por segundo, loadings muito rápidos e o uso dos gatilhos adaptáveis do DualSense para o tiroteio são as novidades. Além disso, como pacote completo, a versão Enhanced traz ainda várias correções de bugs e a inclusão da DLC Infiltrator.
A DLC é um pequeno extra e dá ao jogador a oportunidade de vivenciar a experiência ao contrário. No papel de um T-800 e numa área controlada pela resistência, o objetivo é usar a máquina mais poderosa criada pela Skynet até então para invadir o quartel local da Resistência e eliminar o comandante do local, colhendo as informações necessárias para uma missão futura de extrema importância.
Não espere muito de diferente aqui do que já foi visto na campanha. Os inimigos mudam, alguns objetivos também e além disso apenas a sensação de ter o controle de uma máquina de matar quase imbatível. A missão dura entre 40 a 60 minutos e pode ser refeita em dificuldades mais elevadas para conseguir uma pontuação maior. Um extra simples (novamente), mas que incorpora um pouco mais da lore e uma visão diferente da apresentada na campanha.
A versão aprimorada de Terminator: Resistance continua o legado do jogo em ser um título medíocre e mantendo a tradição de não adaptar bem o material vindo de outras obras. Entretanto, com a atual decadência da franquia Terminator mesmo nos cinemas, fica o questionamento se teria como isso funcionar de alguma forma para um público maior e não apenas para os fãs. Inclusive, para esses, o jogo pode ser algo mais perto do trabalho original de James Cameron e de todo o universo criado do que diversas obras que saíram nos últimos anos.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Reef Entertainment.
Veredito
Não há muito o que salvar da mediocridade de Terminator: Resistance na sua versão aprimorada. O jogo ainda continua preso num modelo de FPS antigo e básico, não trazendo muitos atrativos para um público maior. Entretanto, ainda que não se destaque em nada, o jogo entrega uma experiência funcional e competente, agora aprimorada pelo poder de um novo console.
There is not much to save from the mediocrity of Terminator: Resistance in its enhanced version. The game still remains stuck in an old and basic FPS model and does not bring much appeal to a larger audience. However, although it doesn’t stand out at all, the game delivers a functional and competent experience, now enhanced by the power of a new console.
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