Tails of Iron 2: Whiskers of Winter – Review

Uma sequência é algo que sempre vai se comprometer a entregar, de alguma forma, mais do mesmo. Usar do que foi dado como positivo é algo padrão na cultura do entretenimento e que vai ser repetido em caso de sucesso. Tails of Iron 2: Whiskers of Winter é um bom exemplo disso, se favorecendo daquilo que fez o primeiro jogo ser notado e tentando aplicar novidades que justificam sua existência.
A Odd Bug Studio teve bastante competência com o primeiro Tails of Iron e acertou numa fórmula precisa para seu jogo. Confesso que foi um dos melhores títulos indies pra mim no ano em que foi lançado e me chamou a atenção de cara pelas misturas de estilos e também pela sua parte artística. Com isso, e relativo sucesso, uma sequência era esperado e que mantivesse o nível de antes, mas também apresentasse novidades.
Na eterna guerra dos ratos contra seus inimigos, mas também da sobrevivência de outros clãs, um antigo mal surge novamente e ameaça agora o extremo norte do país, com alguns roedores sendo a última linha de defesa da região. Num ataque que devasta o Limiar Invernal, o jovem Arlo precisa reconstruir seu lar e enfrentar os perigos que destruíram sua família, numa jornada bastante similar à que enfrentou, o agora rei, Redgi.
Arlo precisa então ir atrás de qualquer ajuda possível, dos clãs de corujas aos sapos antes inimigos, procurar parceiros e reconstruir seu castelo para então enfrentar os Asas Negras, morcegos que voltaram e desejam apenas destruir todos ao sul de seu castelo gelado. Com isso, a jornada do novo herói irá o levar a diversos locais, enfrentar perigos diferentes e buscar recompensas únicas, tudo isso mantendo a essência do primeiro jogo para um combate desafiante e uma mistura intrigante de ação, dificuldade elevada e um pouco de metroidvania.
Whiskers of Winter é, essencialmente, um grande mais do mesmo sim ao comparar com o primeiro jogo. Já adianto isso pois, pelo próprio plot apresentado anteriormente, o jogo te induz uma quase repetição da mesma história mas com roupagem diferente. Como de praxe, algumas novidades são inseridas e melhorias básicas naquilo que era tido como negativo e na qualidade de vida geral do jogo, mas não consegui entender isso como uma evolução além do que já foi apresentado.
O grande destaque do primeiro jogo era o combate desafiador e punitivo, que forçava o jogador a variar os estilos de armas enquanto enfrentava seus inimigos. Isso agora é expandido para os diversos sistemas de danos e resistências elementais, o que também podemos inserir nas magias que Arlo pode arremessar. Ainda punitivo, mas agora sem muita margem para erro, cada batalha vai precisar ser pensada e até mesmo forçar o jogador a revirar constantemente seu arsenal por armas que induzem a facilitar cada uma delas. Por exemplo, usar gelo contra os Asas Negras quase sempre resultará numa penalidade e um dano bem menor que o necessário, prolongando assim as lutas e indicando que haverá maiores chances para erros que o poderão eliminar.
Enquanto toda essa variedade é útil para uma jogabilidade mais diversificada, em certo ponto parece apenas exaustiva ter todo o trabalho de mudanças constantes ao invés de uma melhoria crescente, como era antes. De toda forma, isso será visto principalmente nas batalhas contra chefes, que continuam interessantes visualmente e brutais para serem superadas. Reforçando isso tem a construção e melhoria de cada equipamento, com até 3 níveis de aprimoramento para melhorar ataque e defesa, induzindo o jogador a sempre procurar algo melhor para usar e, novamente, revirar seu arsenal e itens para isso.
Algo que me chamou a atenção de forma negativa foi como o jogo abdica da narrativa evolutiva de antes, com cada passo levando a um caminho e assim até seu objetivo, para agora centrar num esquema de “volte ao castelo e pegue a próxima missão”. Num geral, a versão de antes era mais atrativa e dava evidência para as novidades que surgiam mesmo quando não se esperava, como viagens com toupeiras e até mesmo uma arena de combate surpresa, diferente de como acontece agora quase como uma lista de tarefas de forma mandatória. Apesar disso, o que continua excelente é a narração de Doug Cockle, a voz em inglês de Geralt em The Witcher 3: Wild Hunt.
Apesar disso, os traços de qualidade que mostravam a excelência do primeiro jogo continuam aqui. Estilo artístico incrível, design de mapas com boa representação das localizações e ambientes, lutas contra os chefes e principalmente o combate, mesmo com as leves mudanças já citadas. Como uma sequência, seguindo a mesma lógica e num mesmo universo, o jogo entrega o que é esperado e de forma satisfatória para todos os fãs do original.
Apesar de curto, o primeiro jogo era bastante intenso e com ritmo mais acelerado. A campanha era concluída em 4 a 5 horas, com o 100% indo a no máximo 8 horas. Tails of Iron 2: Whiskers of Winter aumenta isso um pouco, mas com um ritmo diferente e muito principalmente pelas mudanças citadas, como sempre ter uma lista de tarefas e voltar para seu castelo e avançar no próximo objetivo dado. A campanha principal agora dura, pelo menos, 7 a 8 horas dependendo da habilidade do jogador ou dificuldade escolhida, com um 100% indo para 11 horas ou mais. Um pouco mais longo e que, muito por ser ainda mais desafiante, garante boas horas a mais para jogadores interessados em vasculhar cada segredo ou ir atrás da platina.
Como um pacote completo, a sequência entrega o que promete mantendo o que foi sucesso e tentando expandir mais o universo do jogo. Algumas mudanças e novidades ajudam a consolidar o “mais do mesmo” que já foi visto, mas sem ser inovador no fim das contas. Mesmo as magias, que seriam a grande novidade e fortalecem o combate, quase que parecem apenas largadas no jogo como algo inserido sem muito desenvolvimento. Com tudo isso, a Odd Bug Studio entrega uma sequência segura, mas sem a surpresa e impacto do jogo original e, principalmente, perdendo a chance de dar um salto ainda maior.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela United Label.
Veredito
Mantendo seus pontos fortes e principais qualidades, Tails of Iron 2: Whiskers of Winter é uma sequência sólida, reforçando um combate divertido e desafiador, com arte impecável e um universo sempre interessante. Entretanto, as inovações presentes não agregam muito para que o jogo seja uma evolução natural e se torna refém de uma aposta segura demais.
Embracing its strengths and main qualities, Tails of Iron 2: Whiskers of Winter is a solid sequel, with a fun and challenging combat, impeccable art style and an always interesting universe. However, the innovations do not add much to make the game a natural evolution and ends up becoming too safe bet.
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