SYNDUALITY Echo of Ada – Review

Desde que foi anunciado há algum tempo, SYNDUALITY Echo of Ada me intrigou com a sua proposta. Utilizando o aspecto de transmídia (há também um anime), foi um jogo que sabia que poderia ser especial se saísse da mesmice que vemos na indústria atualmente. E, bom, SYNDUALITY Echo of Ada é um daqueles títulos que só ficam interessantes se você estiver disposto a dedicar a ele. A clássica frase de “a primeira impressão é que a fica” não é válida aqui.

Mas para chegarmos a esse ponto, precisamos explicar melhor do que se trata o título e por que o jogo só fica interessante após várias horas dedicadas a ele.

SYNDUALITY: Echo of Ada

SYNDUALITY Echo of Ada é um jogo pago disfarçado de ‘GaaS’ (game as a service; jogo como serviço). É inteiramente online. Todas as partidas são jogadas com outros humanos nelas, exceto um tipo de missão que discutiremos mais adiante.

O conceito básico de SYNDUALITY é um shooter em terceira pessoa no qual controlamos mechas (chamados de ‘CAIXÃO-CESTO’). Uma IA, Magus, auxilia como navegadora e realiza outras ações especiais. A ideia é que você deve sair de sua base, coletar recursos e retornar vivo. Se morrer, tudo o que você coletou (e levou também da base) é perdido.

É essa a barreira inicial de SYNDUALITY que pode causar muitos problemas. No início, você tem acesso a um Mecha bastante simples e, se for muito ambicioso na coleta de recursos, se torna frustrante perder tudo. E, mesmo que traga tudo de volta, a curva de evolução é muito lenta. Para chegar num ponto em que você fica confortável em relação a recursos disponíveis, leva muitas horas de jogo e muita paciência.

SYNDUALITY: Echo of Ada

Essa barreira sem dúvida afastará muitos jogadores. Mas aqueles dispostos a encararem esse sistema imperdoável, podem acabar se viciando em sua estrutura.

Primeiramente, SYNDUALITY possui um gameplay simples com o seu mecha. Cada extração pode demorar cerca de 10 a 30 minutos dependendo dos seus planos. Os mechas têm baterias, portanto o tempo máximo é determinado por isso. No início, você tem acesso a apenas um trecho do mapa de Amasia (a região do jogo). Você surge em um ponto aleatório, busca recursos e retorna à sua base através de saídas marcadas no mapa.

No caminho, estão quatro tipos de obstáculos. O primeiro é a chuva, chamada de Lágrimas da Lua Nova, que causou a quase extinção da humanidade. Ela ocorre ocasionalmente e você tem uma barra de resistência a ela (que pode ser recuperada). Outro obstáculo são os chamados Enders, que são tipos de monstros. A variedade é pequena, porém. Há basicamente apenas uns cinco deles em todo o jogo até o momento, mas com sub-espécies (em outras palavras, cores) diferentes, tendo mais vida e causando mais dano. O outro obstáculo são os Bandits: outros mechas controlados pela CPU que são inimigos independente da situação. Por fim, temos os jogadores.

SYNDUALITY: Echo of Ada

Os jogadores em SYNDUALITY me espantaram, sinceramente. Considerando a natureza humana, achei que sempre atacariam uns aos outros em busca de recursos, mas a grande maioria foi gentil e nunca abria fogo. O jogo alerta quem é humano e, nesse momento, muitos simplesmente interagem mandando um simples “olá”. Mais à frente, são liberadas missões cooperativas com boas recompensas e, nesse caso, as pessoas oferecem umas às outras essas missões. No fim, o que quero dizer é que a comunidade de SYNDUALITY é a menos tóxica que eu já vi em minha vida de jogador. Infelizmente, porém, não é possível jogar com um amigo.

Mas, enfim, você chegou à sua base com os recursos coletados. Mas quais são eles e para que servem? O principal deles são os ‘AO Crystals’. Esses cristais espalhados pelo mapa e de diferentes raridades servem para trocar por dinheiro. Os outros recursos são vários itens espalhados pelo mapa, desde loot dos Enders e Bandits, até recursos em baús, caixas e outros lugares. Esses itens são utilizados em sua base para aprimorá-la ou construir outros itens.

SYNDUALITY: Echo of Ada

A estrutura básica de SYNDUALITY, como dito, é sair para coletar recursos e voltar vivo. Mas há também missões a serem realizadas, que normalmente são coisas simples, como coletar uma quantidade específica de AO Crystals, explorar uma região específica em busca de um item, eliminar Enders, etc.

Um dos problemas de SYNDUALITY é a demora na evolução. Você vai ficar coletando recursos e completando essas missões por horas a fio e, conforme vai evoluindo, mais coisas vão abrindo. A sua base vai evoluindo e funcionalidades vão sendo liberadas, como vários itens a serem criados e até opções “cosméticas” simples como ouvir músicas. É bastante intimidador no início a quantidade de coisas a serem evoluídas; isso afasta muita gente pois é bem desanimador a lista massiva de opções na base. Mas, de novo, se você se dedicar, pode acabar viciando.

SYNDUALITY: Echo of Ada

A customização em SYNDUALITY, porém, não é muito vasta. O item que, sem dúvida, é o mais customizável é a Magus (IA). É possível escolher o sexo, visual, trajes e assim por diante. Mas em questão de gameplay, cada tipo de Magus possui habilidades distintas. O jogo explica por cima, mas apenas jogando você vai entender o que cada um faz. Há Magus que são dedicados ao ataque, indicando a barra de vida e a sua habilidade ser de atirar um poder eficaz contra Enders. Já outros possuem habilidades que permitem não tomar dano na chuva tóxica ou recuperar a vida (ambos são temporários).

Você pode adquirir mais Magus se estiver disposto a gastar dinheiro de verdade para isso (um ou outro ticket é fornecido ao longo de sua evolução, porém). E é aí que entramos no lado ‘GaaS’ de SYNDUALITY.

SYNDUALITY: Echo of Ada

Sinceramente, talvez SYNDUALITY fizesse mais sucesso se fosse um jogo gratuito. Mesmo sendo pago, é notável que a Bandai Namco espera lucrar com ele: além de ser inteiramente online e ter um passe de batalha (com missões diárias e semanais) que oferece muitos recursos úteis (como peças e receitas de mechas e armas, por exemplo), há uma loja in-game (com trajes principalmente para Magus) e já estamos em sua Temporada 1.

No momento, a Temporada 1 só causa efeito para os jogadores que realmente se dedicaram ao título. Após concluir cerca de 50 missões e ter explorado o suficiente dos dois mapas disponíveis inicialmente, a Temporada 1 trouxe a unificação deles. Ou seja, após um determinado ponto, você só pode escolher um mapa que basicamente oferece uma junção dos dois que explorou a rodo. Na prática não muda muita coisa e também facilita encontrar recursos, mas um mapa maior implica em uma ambição maior – mesmo os veteranos estão expostos ao risco de perderem tudo se não tomarem cuidado.

Há apenas um ponto que não comentei sobre a perda de recursos: você pode aplicar um seguro, antes de cada extração, nos itens que julgar mais importante. Com isso, o jogo pagará em dinheiro in-game o valor estipulado por ele. Na prática e no começo da aventura, isso ajuda um pouco (se você tiver um item raro, nem adianta aplicar seguro porque não terá dinheiro para isso, porém), mas mais para frente esse sistema é desanimador. Explico: conforme você avança, mais itens raros ficam à disposição e, para construí-los, é necessário coletar muitos recursos chatos de serem obtidos. Se você perdê-lo em uma extração, não há dinheiro que pague o tempo gasto coletando esses recursos mais uma vez. Então, dito isso, veteranos se encontram usando itens de baixo valor nas extrações para não correrem o risco de perdê-los. Se o seguro cobrisse a peça em si, seria um sistema muito melhor.

SYNDUALITY: Echo of Ada

Só há mais uma parte a ser comentada nesta análise que, ironicamente, o jogo também deixou como segundo plano: a história. SYNDUALITY Echo of Ada se passa em 2222, anos após uma chuva tóxica misteriosa conhecida como Lágrimas da Lua Nova quase ter extinguido a humanidade e dado vida a criaturas deformadas que passaram a caçar a população. Em meio à calamidade, as pessoas construíram uma instalação subterrânea para sobreviver.

Como dito, controlamos os mechas (CAIXÃO-CESTO) e a IA (Magus) para coletar recursos. Algumas missões pedem que o jogador colete um item e, algumas vezes, são relíquias do passado que trazem mais informações da história. Mas a história de fato acontece nas missões específicas disso.

Após várias horas de jogo, o jogador será convidado por uma associação que deseja saber mais sobre o passado. As missões dessa associação são completamente separadas do resto do jogo: você controla um mecha dado por eles, juntamente com itens e armas fornecidos também. A única coisa sua será a Magus, que inclusive só faz diferença nos diálogos, pois cada missão há um poder diferente para ela.

SYNDUALITY: Echo of Ada

As missões são pré-definidas e com caminhos criados pela equipe de desenvolvimento. Em outras palavras, é realmente uma campanha single-player. Não há outros jogadores envolvidos e você deve avançar, coletar os chamados logs (ao invés dos AO Crystals) e eliminar um chefe no fim do percurso. Sinceramente, chega a ser bizarro uma campanha single-player surgir depois de várias horas investidas no multiplayer – o percurso natural costuma ser o contrário.

As missões single-player não são ruins – até são divertidas. Porém, elas não abrem todas de uma vez. É necessário avançar nas missões do multiplayer (extrações) para ir abrindo mais e mais. No momento em que me encontro (após 40 horas de jogo), tive acesso a duas “levas” dessas missões e não faço ideia se há mais no momento – os logs que faltam no menu indicam que ainda deveremos ter muitas missões do tipo, porém.

SYNDUALITY: Echo of Ada

Esses logs, como você pode imaginar, contam a história de SYNDUALITY Echo of Ada. Há logs simples, que são apenas áudios, mas também há logs que são cutscenes animadas em CG. Como dito, é muito bizarro pensar que tudo isso está escondido após várias horas de jogo.

Infelizmente, SYNDUALITY Echo of Ada não possui suporte ao português do Brasil – algo até estranho, considerando o suporte da Bandai Namco ao nosso idioma na maioria de seus títulos, exceto remasters.

SYNDUALITY: Echo of Ada

Por fim, SYNDUALITY Echo of Ada é um jogo interessante para aqueles que ultrapassarem a barreira inicial. Não deixa de ser repetitivo, mas é viciante e, se tiver o devido suporte, pode se tornar um jogo ainda melhor no futuro.

Por enquanto, é difícil a sua recomendação. Por ser pago e frustrante no início, passa uma impressão equivocada do pacote como um todo. Dependerá muito da paciência e dedicação de cada tipo de jogador.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Bandai Namco.

Veredito

Se você der uma chance, SYNDUALITY Echo of Ada é um jogo interessante. Ainda será um jogo repetitivo, mas acaba se tornando viciante. Seu mundo único e a vontade de descobrir mais a respeito dele podem compensar o alto grind e a frustração – principalmente no início – de perder tudo por você ter sido ambicioso demais.

75

SYNDUALITY Echo of Ada

Fabricante: Game Studio

Plataforma: PS5

Gênero: Ação / Tiro em Terceira Pessoa

Distribuidora: Bandai Namco

Lançamento: 23/01/2025

Dublado:

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

Comprar na

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If you give it a chance, SYNDUALITY Echo of Ada is an interesting game. It will still be a repetitive game, but it ends up becoming addictive. Its unique world and the desire to discover more about it can make up for the high grind and frustration – especially at the beginning – of losing everything because you were too ambitious.

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