Street Fighter V

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Quando o PSX Brasil foi inaugurado em 2009 como PS3 Brasil, uma das primeiras análises que publicamos foi a de Street Fighter IV. Ou seja, um jogo que foi lançado há praticamente 7 anos é ainda relevante nos dias atuais. Isso só foi possível, sem dúvida, ao suporte que a Capcom deu a ele por todos esses anos. Muitos criticam a forma que esse suporte aconteceu, mas o que importa no contexto geral é que ele ocorreu.

Agora, em 2016, a Capcom promete agradar literalmente todos os tipos de jogadores com Street Fighter V (exceto os de Xbox One, mas paciência).

Talvez esse seja o maior problema de Street Fighter V. O título é um esqueleto para uma maré de conteúdo que virão nos próximos meses (e anos, se tudo ocorrer como a Capcom deseja). Por causa disso, muitas pessoas podem achar o jogo raso, com pouco conteúdo. Isso é falso. Mesmo sendo um esqueleto e realmente pecar no single-player, o online é simplesmente fabuloso e promete ser ainda melhor.

Vamos por partes. Primeiro é preciso esclarecer o que o jogo possui para o jogador solitário.

Um jogo de luta comum possui um modo Arcade, no mínimo. Street Fighter V joga isso pela janela e o substitui pelo modo história. Esse modo é um conceito diferente e interessante. Todos os personagens possuem cerca de 2 a 4 lutas pré-definidas, com um enredo contado por artes feitas por Bengus.

É algo muito bem-vindo, pois é muito mais interessante do que aquele Arcade com oponentes aleatórios e sem sentido que finaliza com o mesmo chefe para todos os personagens. Obviamente que a duração é um tanto quanto pequena no caso de Street Fighter V, mas continua sendo um modo válido.

Para aqueles que sentem saudades do modo Arcade clássico, é aí que entra o Survival (sobrevivência). Dependendo do nível de dificuldade escolhido, você enfrenta uma quantidade de inimigos (que pode ser 10, 30, 50 ou 100) de forma seguida e em apenas um round. Entre as batalhas, você pode gastar sua pontuação comprando coisas como encher sua vida ou ganhar uma barra de especial.

Mais uma vez, é algo inovador para um modo clássico, e que também funciona. Porém, é de certa forma triste aceitar o desafio de 100 oponentes e acabar falhando na metade (e não ser muito recompensado por isso). Falando em recompensa, completar esse modo com cada personagem e em diferentes níveis de dificuldade destravam cores para os lutadores em suas roupas padrões.

Aliás, ainda no offline, tudo o que você aproveitar dos modos mencionados anteriormente oferece o que é chamado de Fight Money. Fight Money é o famoso e já divulgado dinheiro in-game que serve para comprar os personagens DLC, que serão lançados nos próximos meses. Além disso, você também os usa para adquirir as roupas alternativas que aparecem no modo história. Já o Zenny é outro tipo de moeda, adquirida com dinheiro verdadeiro. Ele serve para comprar coisas que não afetam o gameplay diretamente. Até o momento, o único item revelado foi roupas alternativas (que não são do modo história).

Esse conceito de microtransação é interessante. Adquirir Fight Money, no início, é muito fácil. Evoluir um personagem em um nível oferece 1.000 Fight Money e, em nossos testes (existe a chance disso mudar quando o jogo for lançado nesta terça, portanto não considere isso como totalmente oficial), terminar o modo história com o personagem já o deixava em torno do nível 8. Com uma matemática básica, 8 mil vezes 16 personagens = 128 mil Fight Money. Ou seja, só terminando o modo história com todos os lutadores já gera dinheiro suficiente para comprar um personagem DLC (100 mil Fight Money).

Obviamente que, considerando que teremos 6 personagens DLC e para aqueles que querem tudo e todas as roupas (cada roupa do modo história custa 40.000 Fight Money), será preciso muito dinheiro. Mas de uma maneira geral, é provável que isso não seja um problema para a maioria. No fim, sempre há a opção de gastar o seu dinheiro, caso não tenha tempo para jogar. Aliás, vale ressaltar que a loja para gastar seu Fight Money só abre em março.

Essa discussão de Fight Money nos leva onde Street Fighter V realmente brilha: o modo online. Após inúmeros testes beta, a Capcom conseguiu entregar uma experiência funcional e divertida. Tudo começa com o fato de que o jogo não considera a região da sua conta da PSN, mas sim a que você seleciona in-game. Ou seja, se sua conta principal é americana, é possível dizer que você é do Brasil sem maiores problemas. Depois, o jogo busca por oponentes, seja ranked ou casual, em qualquer modo de jogo praticamente, inclusive no menu principal.

As lutas ranked acontecem com oponentes aleatórios e, após ocorrerem, você ganha ou perde pontos de liga. Esses pontos definem basicamente o seu nível – quanto maior, mais dedicado e melhor em Street Fighter V você é. Conforme adquire mais e mais pontos, o jogador sobe de liga (bronze, prata e ouro, até onde se sabe, podendo existir mais). Considerando que em nossos testes os servidores foram resetados todos os dias, consequentemente, perdendo todos os pontos adquiridos no dia anterior, sem contar que havia poucas pessoas jogando, era praticamente impossível avançar mais que a liga de bronze (que você alcança com 500 pontos). Além disso, mesmo estando na liga de bronze, ainda enfrentava quem era "rookie" (entre 0 e 500 pontos). Portanto não parece que a liga seja um separador de jogadores.

Participar das lutas ranked nos coloca no ranking online chamado de Capcom Fighting Network. Nele, além de você ver sua posição e de outras pessoas, é possível ver todos os replays de suas lutas online, as de outras pessoas e inúmeras estatísticas. É impressionante a quantidade de informação disponível.

Além das lutas ranked, temos as casuais. Infelizmente é aqui que o jogo mostra mais uma vez ser "esquelético". A Capcom promete que em março ele será completo, podendo ter um lobby com 8 pessoas e elas assistirem à luta que está acontecendo, mas no momento só é possível jogar 1×1, como no ranked. Em outras palavras, no lançamento, as partidas casuais são um ranked que não contabilizam pontos de liga.

Apesar de termos que esperar, o jogo conta com o cross-play funcional com a versão de PC. Ou seja, você pode jogar tudo de Street Fighter V com seu amigo que se encontra em outra plataforma.

Todos esses modos explicados precisam de algo essencial em um jogo de luta: gameplay. Street Fighter V ignora muitas coisas que SF IV possuía e tenta criar uma identidade própria. Coisas como os movimentos EX e os Supers, chamados de Critical Arts aqui, continuam existindo, mas temos agora os V-Skills, V-Triggers e V-Reversals. Os V-Skills são ataques e movimentos únicos que cada personagem possui e que podem ser usados a qualquer momento da batalha. V-Triggers podem ser ativados quando a barra de V está cheia e deixam seu personagem melhor de alguma maneira. Já os V-Reversals usam parte da barra V e ajudam você a se afastar da pressão do adversário.

São muitas opções de jogo que deixam o gameplay mais profundo. Isso sem contar os Crush Counters, que podem ser considerados uma evolução da mecânica de Counter, assim como a oficialização dos cross-ups. Porém, um segundo V-Trigger e um segundo V-Skill trariam muito mais opções nas lutas (podendo escolher, como os Ultras em SF IV). Resta torcer para que, no ano que vem, a Capcom faça algo nesse estilo.

Por fim, e não menos importante, Street Fighter V conta com gráficos muito bonitos. De perto, você nota que o cenário poderia ser um pouco mais detalhado, mas no calor da batalha você não os notará, sinceramente. O que importa são os modelos dos personagens e eles estão simplesmente incríveis, com uma física de objetos (como a faixa de Ryu) e cabelos (Cammy, Laura) muito impressionante. A única crítica fica para coisas que "invadem" o personagem, como o cabelo de Ken entrar em seu ombro, ou de Laura fazer algo semelhante.

Da mesma forma que os gráficos, as músicas são muito boas. Os temas dos personagens estão sensacionais e os cenários possuem músicas que mudam nos rounds, o que deixam a luta mais interessante ainda.

Veredito

Street Fighter V é um excelente título com inúmeras novidades para um gênero clássico dos videogames. Apesar de muitas coisas interessantes chegarem gratuitamente somente nos próximos meses, o título passa a impressão de ser limitado. Porém, a partir do momento que você se dedica ao jogo, verá que a sua profundidade é imensa e que o jogo só tem a evoluir ainda mais em breve.

Jogo analisado com código fornecido pela Capcom.

Veredito

90

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