Space Otter Charlie – Review

No início dos anos 2500, os humanos simplesmente se levantaram e partiram. Eu acho que as coisas ficaram um pouco quentes e lotadas para eles. Para onde eles foram, não sei. “Boa viagem”, eu diria. Por um tempo, foi bom ter o controle do lugar. Mas a questão é que só estava ficando mais quente. E lontras? Pelo demais para aquele tipo de calor. Era hora de fugirmos.

Essa é a tradução do início de Space Otter Charlie, narrado por ninguém mais, ninguém menos que a lontra Charlie, nosso protagonista. Parece que nós humanos precisamos deixar a Terra para trás, e abandonamos os animais no planeta. De acordo com Charlie, eles tiveram ainda outros problemas antes de um início propriamente dito à aventura, mas nada que se compare ao que ainda vai rolar. O game foi anunciado para o dia 18 de março, e agora que a espera chegou ao fim, podemos conferir cada detalhe da jornada desses bichinhos.

Como sabemos, o novo título desenvolvido pela Wayward Distractions tem como palco o espaço sideral, e consequentemente vários ambientes com gravidade zero. Usando botas especiais que te prendem em qualquer superfície, além de ferramentas que te possibilitam voar e planar, você precisa coletar esferas de energia e as mais diversas peças para confeccionar novos trajes e melhorar suas armas.

Somados ao protagonista que dá nome ao jogo (e também para ajudá-lo), Space Otter Charlie conta também com outras duas lontras: Jesse e Ada. E nada mais justo que ter aliados, já que eles vão se deparar com alguns inimigos pelo caminho, incluindo uma inteligência artificial que não vai medir esforços para destruir esses mamíferos – e que nem é tão inteligente assim, levando em consideração que pensa que eles são roedores.

Sim, são muitos detalhes, e cada um deles merece atenção especial. Vamos começar pelo mais básico: as esferas de energia. São bolinhas azuis flutuantes que recuperam vida, o que se torna cada vez mais necessário conforme você vai avançando, mas essa não é sua única função; elas também servem, quando acumuladas, para serem trocadas com Jesse por recrutas para sua tripulação. Todos eles são animais marinhos, e cada um possui uma função específica dentro da nave. Depois de recrutados, os membros se alojam em uma parte da Raft (como é chamada a nave, que significa “balsa” em português) logo abaixo da sala de comando principal, que funciona como um grande aquário.

Em sua exploração pelo espaço, Charlie vai encontrar diferentes tipos de peças, algumas inclusive únicas e bastante específicas. Com as peças certas, o Build Bot pode fabricar novos trajes (cada um mais legal que o outro) e melhorar suas armas e equipamentos. Isso pode ser feito tanto na nave quanto no meio das fases, já que o robozinho dançante simpático sempre está em lugares estratégicos, justamente quando você precisa de uma melhoria específica para avançar no jogo.

Em Space Otter Charlie você conta com quatro tipos de armas: o disparo básico, outro que reflete em certas superfícies, o míssil e um particular de cada traje. Apesar disso, essas últimas não possuem diferença alguma além do visual do disparo. Charlie já começa o jogo com o traje laranja, sem nenhuma arma especial, estando esta opção disponível apenas para os confeccionados pelo Build Bot, que no total são cinco.

Além de Jesse, Ada (que sempre te situa no jogo, lembrando o que deve ser feito a seguir) e do Build Bot, há também na sala de comando o mapa de navegação, onde é possível ver todos os locais desbloqueados pelo espaço e selecionar o seu próximo destino. Recomendo visitar todos os locais disponíveis antes de seguir para o que estiver sinalizado como próximo objetivo, para assim conseguir todas as peças necessárias para as melhorias e não passar perrengue contra os inimigos.

O mais importante a se fazer em Space Otter Charlie é explorar. Preste muita atenção em cada cantinho, pois existem passagens escondidas por trás de tampas de bueiros e até mesmo locais secretos acessíveis por paredes falsas, onde peças e itens podem ser encontrados. Algumas passagens estarão bloqueadas e precisarão ser abertas por meio de botões, enquanto outras exigirão que você encontre chaves especiais, na maioria das vezes em locais de difícil acesso.

Durante o jogo, além das coisas primordiais para o seu andamento, você vai encontrar “Otter Facts“, que nada mais são do que curiosidades sobre lontras. Inclusive, a Quantum Astrophysicists Guild, distribuidora de Space Otter Charlie, fez um trailer especial baseado nisso, que diverte por si só.

O game fica ainda mais legal com outros pequenos detalhes. Estes incluem registros espalhados pelo mapa a respeito de acontecimentos de dentro da Raft e um número de trocadilhos com a palavra otter (que significa “lontra”) maior do que você pode imaginar. É uma pena ainda não existir tradução para Português, mas não vamos perder as esperanças. De qualquer forma, mesmo sem nosso idioma materno presente, Space Otter Charlie continua sendo extremamente divertido.

No geral, não é um jogo difícil. Ele te mantém preso justamente porque é rapidinho e num nível ideal de dificuldade. Claro, os inimigos ficam mais fortes e mais diversos conforme o seu avanço, mas haverá ajuda! Ouriços do mar são uma das comidas favoritas das lontras, que tem dentes fortes o suficiente para esmagar seus espinhos (essa e outras curiosidades você encontra nos Otter Facts). Então não ignore se um deles aparecer no seu caminho: eles são roxos e concedem poderes por um tempo limitado, deixando Charlie invencível durante esse período.

Um ponto negativo do jogo é que em alguns momentos ele travou enquanto eu jogava. Isso acontecia praticamente toda vez que Charlie ativava algo na fase, como por exemplo apertando um botão para desbloquear uma passagem, pegando uma chave ou comendo um ouriço do mar. Nada que faça o game fechar ou que prejudique seu progresso, mas um segundo em que tudo fique mais lento é naturalmente frustrante para quem está no calor do momento. A fase final do jogo, por ser um pouco diferente do resto, pode ter ficado um pouco pesada também, já que a fluidez presente na aventura até este ponto não existia mais. Vamos torcer para que isso seja melhorado.

Os troféus de Space Otter Charlie são bem fáceis de conseguir. Nenhum deles é secreto, e para a maior parte deles não é necessário fazer esforço algum, visto que são obtidos automaticamente durante sua evolução no jogo. Alguns são parte da história, enquanto outros estão relacionados a melhorias de armas e ferramentas, trajes, curiosidades encontradas, entre outros. Há também dois do modo multiplayer.

Falando em multiplayer, existem dois modos: “So Urchin!” e “Furry Fury“, ambos locais, sem a opção de jogar com amigos online. O primeiro se trata de uma competição para ver quem come mais ouriços. Nesse modo existem também ouriços especiais dourados, que valem o dobro de pontos, e você pode programar a partida para durar um determinado tempo ou para terminar quando uma das lontras atinge a quantidade desejada de ouriços. No segundo modo, as lontras participantes devem vencer derrotando todas as outras, utilizando as armas aleatórias que aparecem a qualquer momento.

Existem seis opções de mapa em ambos modos multiplayer em Space Otter Charlie, baseados nos diversos mapas explorados no modo história e seus recursos. Há também um traje especial que não está disponível no modo single player. Os troféus se tratam apenas de jogar um determinado número de vezes nos modos disponíveis. Ganhando, perdendo ou empatando, cada partida finalizada conta para esta conquista.

Minhas partidas contaram apenas com dois jogadores, e mesmo assim achei bastante divertido. Particularmente, preferi o modo “So Urchin!“. Nele não basta apenas pegar os ouriços para marcar ponto, mas também mordê-los até quebrá-los. Caso algum disparo te acerte, você automaticamente larga o ouriço e ele fica disponível para qualquer outra lontra pegá-lo, porém todo seu progresso nas mordidas continuam nele. É um pandemônio só e eu recomendo fortemente, em especial se quatro pessoas estiverem jogando.

No mais, sugiro que você tenha a experiência de jogar Space Otter Charlie. Achei muito bonitinho quando vi pela primeira vez, e jogando me surpreendi muito positivamente, pois o jogo superou minhas expectativas. É diversão garantida pra todas as faixas etárias e para várias ocasiões, tanto por si só quanto com companhia.

Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela The Quantum Astrophysicists Guild.