Existem jogos que buscam ser inovadores em fórmulas estabelecidas e Soundfall é justamente um desses. A impressão inicial que temos dele é sensacional, porém conforme você vai jogando, acaba ficando entediado.
Descrever Soundfall por palavras é um pouco difícil. Primeiramente, entenda que o jogo é separado por missões. Em cada uma dessas missões (que também podem ser chamadas de fases), que por sua vez são separadas por mundos (cada mundo possui 10 missões de história e 10 opcionais), há uma música única e exclusiva para ela. O objetivo é atirar em tudo que se mexe, mas seguindo um compasso.
Ao iniciar o jogo, Soundfall nos apresenta a uma bela cutscene animada. Além disso, a música da primeira missão é incrivelmente contagiante. Com o gameplay inovador nos sendo explicado, a primeira impressão do jogo é extremamente satisfatória.
O gameplay, na teoria, é simples. Você precisa atirar seguindo o que chamamos de compasso. Basicamente, você precisa soltar o tiro de sua arma seguindo o ritmo da música. Quanto mais BPM a música possui, mais chances (e possivelmente difícil) você tem de acertar o tiro no compasso. Quando uma arma é uma no estilo de uma metralhadora, basta segurar o tiro que toda a munição do pente é válida para o ritmo (isso é bastante útil, acredite). Se você errar o compasso, a penalização é leve: o tiro sai, mas fraco.
Há duas opções de mira: é possível utilizar o analógico da direita (R3) e atirar onde desejar, mas é bastante complicado jogar assim. Por sorte, Soundfall oferece uma mira automática no inimigo mais próximo, o que faz com que você só precise se preocupar com a sua posição e os tiros dentro do compasso.
Uma barra no canto inferior da tela o ajuda a entender quando é o momento de se pressionar o botão de tiro dentro do compasso. O controle DualSense também vibra conforme o BPM da música, o ajudando no processo de atirar no ritmo.
Além dos tiros, existem outras três ações com o seu personagem: o dash, que também precisa ser feito no compasso para ter efeito ou ir longe, e dois golpes especiais que dependem do personagem utilizado.
Soundfall possui cinco personagens selecionáveis. As armas são iguais para todos (não há diferença equipá-las em um ou outro, o efeito delas continua sendo o mesmo), mas como dito anteriormente, há dois ataques especiais únicos para cada um. Um deles pode ser feito a qualquer momento: Melody, a protagonista, usa sua espada, enquanto que Lydia usa um arco, por exemplo. Já o outro golpe só pode ser executado quando uma barra estiver cheia (você a enche realizando ações comuns) e é basicamente um especial, causando dano em uma área selecionada normalmente.
Soundfall possui um modo cooperativo para 4 jogadores, tanto online quanto offline. É aqui, inclusive, que o jogo brilha, pois é muito mais divertido no multiplayer. Mas pode ser bastante frustrante também.
Errar o compasso nos leva ao verdadeiro desafio do jogo: a pontuação. As medalhas de platina de cada missão exigem que você não erre um tiro no compasso e mantenha o ritmo (ou seja, atire com uma certa frequência) até o fim da fase. Isso é extremamente difícil, ainda mais nas fases finais e com dificuldade alta.
Soundfall é um jogo bastante longo, mas isso é compensado pelas músicas variadas, além dos próprios biomas. O problema, de verdade, está no grind que o jogo exige – algo que chega a ser entediante.
Apesar de ser separado por fases e ter níveis de dificuldade, Soundfall tem seu lado RPG. Você precisa equipar armas, armaduras e perks nos personagens. As armas, por exemplo, possuem efeitos secundários, como causar chamas ou deixar os inimigos lentos. Todos os itens são obtidos jogando as fases (há também uma loja in-game que pode facilitar o processo). Mas o maior problema está no nível do jogador.
O nível não é separado por personagem, é algo compartilhado entre eles. Dito isso, você pode jogar com o personagem que quiser, o tempo que quiser. A questão é que o jogo começa oferecendo o nível mais baixo de dificuldade nas fases até que você alcance um determinado nível. Quando chega a isso, é possível escolher um nível mais alto. O mesmo ocorre no 15 e assim por diante (a princípio, o último nível de dificuldade desbloqueado é no 45 e acredito que o limite seja 50 – eu terminei o jogo por volta do 25).
O que acontece com isso é um certo desbalanceamento, na verdade. Se você partir para as fases que o jogo recomenda quando chega a um certo nível, é algo bem difícil e inclusive desnecessário, porque você pode avançar pelo mais fácil para, então, evoluir e depois ficar mais fácil também naquele nível que era desafiador. Ou seja, não é a sua habilidade que está sendo colocada à prova, mas sim o quanto você está disposto a evoluir de nível e grindar para isso.
Além disso, o jogo possui muitas fases mesmo (são cerca de 200). Quando você chega ao fim da história, está enjoado porque o gameplay é igual em todas elas e pouca coisa muda. Os níveis mais altos de dificuldade aumentam a quantidade de inimigos, mas o layout continua igual. O ponto é que chega um momento que tudo se torna repetido e sem graça. Aquela primeira impressão que você tinha de um jogo incrível pela frente desaparece no fim das contas.
Mas não se engane: Soundfall é uma experiência única. O que me deixou entediado talvez não cause esse mesmo efeito em você. O gameplay é divertido e o cooperativo vale a pena (se você não pensa em buscar todas as medalhas, a fim de não causar brigas com seus amigos).
Os gráficos são estilosos, com os personagens sendo ainda mais. As breves cutscenes animadas também merecem destaque. E a trilha sonora, mesmo sendo composta por centenas de músicas de todo o tipo de gênero, agrada no geral e com certeza você vai gostar de ouvir e conhecer alguma música – principalmente por serem de artistas com pouco destaque na mídia.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Noodlecake Studios.
Veredito
Soundfall é um jogo que causa uma excelente primeira impressão, mas que acaba se tornando enjoativo ao longo de suas inúmeras fases. Apesar de ser extremamente desafiador, o seu lado RPG exige um grind desnecessário. O cooperativo, ao mesmo tempo que é algo bacana, pode ser frustrante para aqueles que desejam alcançar as pontuações perfeitas.
Soundfall is a game that makes an excellent first impression, but it ends up becoming boring throughout its numerous stages. Despite being extremely challenging, its RPG side requires unnecessary grinding. Co-op, while being nice, can be frustrating for those who want to achieve the perfect scores.
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