Snake Pass

Snake Pass, jogo desenvolvido pelo Sumo Digital, estúdio conhecido por jogos como LittleBigPlanet 3 e Sonic & All-Stars Racing Transformed, vem com a proposta de ressuscitar o gênero plataforma 3D, tão popular no final dos anos 90 e início dos anos 2000, com um twist em sua jogabilidade: você controla uma cobra de nome Noodle e, ao contrário da maioria dos jogos do gênero, que são baseados nos pulos do personagem de plataforma em plataforma, aqui temos um protagonista que consegue apenas rastejar e se entrelaçar em bambus. Mas será que essa engenhosa proposta é o suficiente para o jogo sair da fórmula?

Como uma nova proposta de gameplay, o design das fases acaba sendo moldado para Noodle. Ao longo delas, novos elementos vão sendo inseridos no design para dificultar a locomoção da cobra. As plataformas mais complicadas são deixadas para as moedas de ouro, coletáveis alternativos caso o jogador queira um desafio maior. Mesmo assim, a curva de dificuldade é alta e recompensa os jogadores que estiverem a par dos desafios propostos.

As 15 fases são divididas em 4 mundos. E mesmo com uma variedade limitada de cenários, com apenas uma mudança sutil em cada e basicamente a mesma estrutura e texturas de ruínas e florestas, ainda dá para se divertir bastante com os diferentes desafios colocados para o jogador. A duração varia de 3 a 5 horas, dependendo de quanto tempo o jogador irá passar morrendo e se enrolando (literalmente) para passar de fase.

Uma das melhores partes da experiência é a carismática Noodle, que expressa diversas emoções dependendo da ação do jogador. Fica feliz ao pegar um item ou desesperada quando é jogada ao abismo ou se joga de um local muito alto.

Em termos visuais o jogo faz um bom trabalho em capturar a essência nostálgica, lembrando muito games como Banjo-Kazooie e Super Mario 64. Se utilizando da Unreal Engine 4, há um uso de paleta de cores vibrantes que oferecem o clima alegre e inocente da experiência retro.

Um dos chamarizes para os fãs nostálgicos do gênero é o retorno de David Wise, o compositor de trilhas icônicas como o já citado Banjo-Kazooie e também a trilogia do SNES de Donkey Kong Country. E para o alívio dos fãs, David entrega uma trilha não menos que saudosista e que ao mesmo tempo traça novos ares, dando personalidade à experiência que só sua música consegue entregar.

O jogo, porém, tem dois grandes problemas que quebram a diversão: a câmera e a movimentação do personagem. Indo de contramão a qualquer jogo de plataforma 3D, em que o jogador se sente livre para explorar em uma movimentação livre e intuitiva, aqui temos uma movimentação extremamente lenta. Enquanto Noodle passa pelos galhos e sobe nas plataformas, ele é rápido ao se entrelaçar, mas no chão, ele se torna lento e extremamente tedioso.

E quando o jogo tenta se tornar mais verticalizado, com plataformas colocadas em muros e paredes, a câmera se torna seu maior obstáculo, tentando se movimentar de acordo com os movimentos espirais de Noodle, ela acaba se chocando com os objetos do cenário e tornam a experiência digna de uma grande dor de cabeça.

Tudo o que o jogo constrói com seu visual e carisma é comprometido com esses dois problemas, que minam a base do gameplay e tornam toda a experiência frustrante e que, ao contrário do que se imagina com o vibrante e colorido mundo, não é tão divertido quanto poderia ser. Torna-se quase uma metáfora daquilo que você gostava quando era criança, mas quando tenta revisitar mais velho vê os problemas que aquilo apresentava. Aqui, os problemas de câmera que os primeiros jogos em 3D tinham voltam com tudo na memória do jogador saudosista. Talvez valha mais a pena deixar esse gênero apenas na memória?

Jogo analisado com o código fornecido pela desenvolvedora.