Separation – Review

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Não há momento melhor para ser amante de videogames quanto agora. Dezenas de títulos são lançados a cada semana para os mais diversos gostos e plataformas, e isso por si só, é o suficiente para renovar o ar de certos gêneros pouco populares e criar tendências a serem seguidas. O puzzle é um destes e, ao observar mais de perto, podemos ver que certos títulos como The Witness, Obduction e The Talos Principle, têm liderado uma nova onda de “Walking Simulators” que dominam cada vez mais o gênero. É dessa onda que surgiu Separation, um título desenvolvido de forma independente pela Reclusive Industries e que chega de forma exclusiva ao PlayStation VR.

Como já estabelecido previamente, Separation é um jogo 3D em primeira pessoa que mescla a resolução de quebra-cabeças e exploração de cenário, cujo objetivo principal é levar o jogador em uma viagem através de um vasto mundo repleto de solidão e muitos mistérios. Para qualquer um que seja um fã do gênero, essa é uma descrição interessante e que possui até mesmo certo apelo, mas não se deixe enganar: temos aqui um título muito aquém das expectativas e que mal parece saber a real mensagem que deseja passar. É muito simples pegar fórmulas pré-estabelecidas e desenvolver algo que pareça atraente no papel. Difícil porém, é justificar os motivos de utilizar certos elementos e mecânicas, de forma a criar um produto cuja jogabilidade, narrativa e design coexistam harmonicamente, reforçando as a mensagem que os desenvolvedores desejam transmitir ao jogador. Para entender o que desejo dizer, é preciso que olhemos de forma individual os principais pilares que sustentam Separation.

A aventura nos coloca sob a pele de um personagem sem nome, que acorda em uma sala em um local completamente inóspito. Nosso objetivo é simples: ativar diversos faróis espalhados ao redor de um mundo aberto para liberar a magia que nos impede de acessar um gigantesco templo. Não há uma história clara e bem definida, e muito do que for apresentado deverá ser interpretado por nós mesmos ao longo da campanha do jogo. Isso por si só não é um problema, uma vez que games como Dark Souls e The Witness apresentam essa característica, preferindo que o jogador descubra a narrativa com os diversos elementos presentes no mundo (como o cenários, textos, npcs), como uma forma de recompensa por sua atenção e tempo investido. Ainda que possam existir informações conflitantes, é possível deduzir a sua veracidade através do viés de certos personagens. Infelizmente esse tipo de coisa não existe em Separation e tudo é apresentado de forma vaga, desconexa ou ilógica. A impressão que fica é a de que os desenvolvedores do título simplesmente escolheram um punhado de ideias que soavam interessantes e colocaram ali, sem pensar em como unifica-las de forma coesa.

A jogabilidade é bastante simples, e o título segue uma progressão inicialmente linear, onde devemos realizar incontáveis puzzles no intuito de ativar pequenos dispositivos (semelhante a faróis) ao redor do mundo. Ao ser ativado, cada farol irá emitir um feixe de luz em direção ao próximo que precisa ser ativado. O problema, entretanto, é que muitas vezes o quebra-cabeça a ser resolvido não se encontra no mesmo local do próximo farol, o que obriga o jogador a ter de explorar o ambiente a sua volta em busca da maneira correta de como ativar o dispositivo. Além de quebrar o ritmo de gameplay, essa é uma atividade muito tediosa, principalmente por conta da lenta velocidade de locomoção do personagem.

Em dado momento a linearidade do título se perde completamente, uma vez que encontramos certos veículos para nos movimentar pelo mapa como barcos e balões. Graças ao péssimo level design, o jogador acaba se perdendo facilmente no mundo aberto aqui apresentado. Imagine a seguinte situação: ter que gastar minutos navegando a esmo pelo mar rumo ao local que parece ser o próximo farol só para perceber (após muito explorar) que o puzzle para ativá-lo não se encontra ali, mas em outra ilha longe dali.

Não há nenhuma justificativa para existir um mundo aberto no jogo, já que seus puzzles só podem ser feitos em uma sequência pré-determinada, não permitindo a resolução de quebra-cabeça em outros locais, como o que acontece em The Witness, por exemplo. Tamanha frustração só colabora para que gradativamente o jogador perca qualquer interesse pelo enredo (ou até mesmo pelo jogo),  aumentando muito o tempo de campanha, que pode durar de 10 a 30 horas a depender de outros problemas que possam ocorrer.

Os controles são simples, e utilizamos os analógicos presentes no DualShock 4 para nos movimentar enquanto utilizamos X para interagir com os dispositivos e objetos presentes no jogo. O PlayStation VR infelizmente aqui só é utilizado para observar os arredores, e não há nenhum tipo de mecânica ou puzzle que justifique a obrigatoriedade do VR para desfrutar do título. É recomendado que se utilize o headset VR sentando em alguma cadeira, já que longas sessões em pé são extremamente cansativas e não interferem em nada no gameplay. Por fim é preciso alertar que o esquema de movimentação implementado pode causar tonturas, enjoo e dores de cabeça após múltiplas horas de jogatina.

Com relação a curva de dificuldade, Separation apresenta uma vasta gama de quebra-cabeças que exigirão bom uso de raciocínio lógico da parte do jogador. São desafios realmente interessantes, mas que muitas vezes acabam sendo dificultados pela vasta quantidade de problemas técnicos. Certos dispositivos não respondem devidamente, mesmo após apertar múltiplas vezes o botão de ação no controle. Outro empecilho é o cursor controlado pelo headset VR, que não é registrado devidamente impossibilitando a interação com certos objetos.

O design gráfico de Separation possui uma estética  visual semelhantes aos já mencionados The Witness e The Talos Principle, porém com uma paleta de cor mais neutra, e acinzentada. O nível de detalhe das texturas seguem o padrão da maioria dos jogos da plataforma, mas isso não impede que o título apresente uma ambientação bela e com certa originalidade. Com relação a trilha sonora, Separation possui músicas voltadas a meditação e relaxamento, produzidas pelo artista Vector Lovers.

Jogo analisado no PS4 Padrão com código fornecido pela desenvolvedora.

Veredito

Separation é a prova viva de que boas ideias sem direção não o levam a lugar nenhum quando não são trabalhadas e direcionadas devidamente. Ainda que o jogo possua alguns méritos, estes acabam sendo ofuscados pela grande quantidade de problemas técnicos e de design que só prejudicam toda a experiência que seus desenvolvedores tentaram criar.

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Separation

Fabricante: Reclusive Industries

Plataforma: PS4

Gênero: Puzzle em Primeira Pessoa

Distribuidora: Reclusive Industries

Lançamento: 03/04/2020

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (sem Platina)

Comprar na

[lightweight-accordion title="Veredict"]

Separation is a living proof that good ideas without direction don’t get you anywhere when they aren’t worked and directed properly. Although the game has some merits, they end up being overshadowed by the large number of technical and design problems that only hinder the entire experience that its developers tried to create.

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Separation is a living proof that good ideas without direction don’t get you anywhere when they aren’t worked and directed properly. Although the game has some merits, they end up being overshadowed by the large number of technical and design problems that only hinder the entire experience that its developers tried to create.

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