Samurai Warriors 4 Empires

Poucas séries oferecem uma experiência tão previsível quanto a franquia “Warriors”, desenvolvida pela Omega Force e publicada pela Koei Tecmo. Seja em Samurai Warriors ou Dinasty Warriors ou spin-offs como One Piece Pirate Warriors ou Hyrule Warriors, os jogos da série oferecem uma das experiências mais refinadas naquilo que se propõem a fazer, um hack-n-slash divertido, com centenas de inimigos nos mapas e todo o poder nas mãos de heróis extremamente poderosos, definindo por si só o que hoje esperamos por um bom musou. Samurai Warriors 4 Empires oferece exatamente isso com mais uma boa dose de estratégia para dar mais variedade ao jogo.

Lançado para PS4, PS Vita e PS3, SW4E tenta estabelecer um meio-termo entre a ação desenfreada que esperamos de um Samurai Warriors com a estratégia e administração de recursos de outra série da KT, Nobunaga’s Ambition. O jogo não só o faz com grandes méritos, mas se destaca como um dos melhores já lançados pela desenvolvedora e que deve agradar tanto a quem nunca teve contato com a série mas deseja jogar, quanto aos veteranos que conhecem os pequenos detalhes dela.

A sub-série Empires tem algo único sobre ela. Conseguiu transformar uma franquia que já é naturalmente de nicho em algo ainda mais específico, ao mesmo tempo em que refinou as adições do jogo da série principal ao qual está ligado (Empires é a versão estratégica do jogo numerado correspondente, nesse caso, Samurai Warriors 4) e o tornou ainda mais acessível. É um jogo fácil de se pegar e jogar algumas partidas e seguir em frente, sem precisar de comprometimento para se aprender as mecânicas mais avançadas, ao mesmo tempo em que recompensa o jogador que investe mais tempo nele.

Mecânicamente, o jogo se divide em duas fases. Existe uma fase de desenvolvimento (cuja progressão do tempo é medida em estações) e na qual é possível desenvolver a economia e a agricultura das cidades dominadas, aumentar o seu exército, adquirir mais generais ou desenvolver as relações e características deles, bem como realizar tratados com outros daimyos. Cada uma dessas mecânicas afeta a segunda fase do jogo, que é o combate em si. Mais comida e dinheiro permite enviar mais generais e seus soldados por mais tempo para as batalhas, determinando assim a dificuldade dos combates, enquanto investir na melhoria dos generais torna a Inteligência Artificial mais efetiva.

O combate é o que se espera da série. Combos nas casas das centenas ou milhares, kill counts gigantescos e ataques especiais acontecerão a todo momento enquanto o jogador avança pelas diferentes cidades, tomando cada uma das bases do inimigo até atacar o acampamento principal e conquistar aquela região. Nada diferente do que vimos em todos os jogos da série, com cada general tendo uma arma diferente que pode ser melhorada e com gameplay relativamente diferente, o que é uma grande conquista, considerando que são centenas de generais e ainda há a possibilidade de criar o seu próprio.

A administração das duas fases é bem natural e prática, ajudada por alguns dos menus mais visualmente interessantes que já vi. A navegação no jogo flui facilmente e em momento algum o jogador se perde nos menus. A parte de estratégia do jogo em especial merece o destaque, já que tem uma estrutura simples e que funciona à perfeição. Com o passar do tempo o jogador vai aos poucos expandindo o seu castelo e, com isso, cada uma das salas recebe dois generais responsáveis por uma das áreas do governo. A visão lembra muito um diorama ou uma casa de boneca mesmo. É possível acessar tanto as recomendações dos generais como o auxílio de um conselheiro sobre o que fazer muito rapidamente e terminar o turno em pouquíssimo tempo. É possível ignorar esses conselhos e tomar as próprias decisões, mas em níveis mais avançados esses conselhos são muito úteis.

Os dois principais modos de jogo são o “Conquest Mode” e o “Free Mode”. O modo com cenários coloca o jogador em diferentes situações de diferentes períodos do “Período Sengoku” da história do Japão e dá a cada um dos líderes históricos presentes no jogo um objetivo em específico. De tomar Tóquio a unificar uma das regiões do país, cada cenário tem situações diferentes relativas aos objetivos daquele herói no momento em que o cenário se passa. Após a conclusão do objetivo, o jogador pode passar para o próximo ou tentar unificar o país, com a dificuldade escalando de acordo com isso.

Sua principal (e talvez única) falha é não utilizar melhor o contexto histórico em que se encontra, mas isso não atrapalha a experiência, já que em momento nenhum a série Empires se propõe a isso. As raras cut-scenes dificilmente duram mais de 1 ou 2 minutos e são quase exclusivamente diálogos entre generais sobre as situações em questão.

O “Free Mode” permite que o jogador crie o seu próprio cenário, espalhando os generais pelo mapa como o jogador bem entender. Além disso, há um “Edit Mode” em que é possível criar um general e decidir do seu nome e características físicas até se o mesmo é filho ou cônjuge de um dos outros generais presentes no jogo. Não existe uma variedade tão grande quanto nos outros jogos da franquia, mas a mera adição do modo estratégico supre tal ausência magnificamente.

Em termos de performance, o jogo é impecável. Se não é o jogo mais bonito (muito pela decisão de manter várias das batalhas em áreas fechadas ou bem restritas, o que acaba não fazendo jus ao estilo visual do jogo) ou de melhor trilha sonora no PS4, o jogo em momento algum sofreu de queda de framerate ou algum outro problema audiovisual. O fato do jogo se manter sempre a 60fps mesmo com quantidades enormes de inimigos na tela mostra o esmero técnico dos desenvolvedores, e as músicas se encaixam muito bem com a ambientação.

No fim das contas, todo o pacote de Samurai Warriors 4 Empires oferece uma bela embalagem para um conteúdo fantástico: uma ótima mistura de estratégia e ação que coloca o jogo como um dos melhores do gênero e serve como um showcase do porquê a Omega Force é a melhor desenvolvedora de musous da indústria. É um jogo tecnicamente inspirado, bem-acabado e que faz tudo o que se propõe a fazer com perfeição.

Jogo analisado com código fornecido pela Koei Tecmo.