O clássico dos clássicos está de volta, mas desta vez, melhor do que você imagina. SaGa Frontier Remastered é a edição polida e com novos conteúdos do jogo lançado em 97 no Japão e que, em 98, chegou no ocidente. Ainda não o conhece? Não se preocupe, a gente conta um pouco da história para você.
A série SaGa, na verdade, não começou em 1998. O jogo foi lançado originalmente no Japão com o nome Makai Tōshi Sa·Ga, porém, chegou por essas bandas em outubro de 1990 para Game Boy com o nome de Final Fantasy Legend. Outros dois títulos da série SaGa foram lançados no Japão e ambos chegaram ao ocidente como Final Fantasy Legend ll e Final Fantasy Legend lll, lançados em 91 e 93, respectivamente.
Em 1992, Romancing SaGa foi lançado para SNES e quebrou aquele ciclo de lançamentos com diferentes nomes em determinadas regiões. Romancing SaGa 2 e 3 também foram lançados para SNES e chegaram aqui com seus nomes originais.
Durante o desenvolvimento de Romancing SaGa 4, os produtores perceberam que o estilo de jogo já não estava no mesmo direcionamento, e foi então que transformaram o título em SaGa Frontier, o primeiro a chegar ao PlayStation One.
De olho no público da primeira aventura, a Square Co., lançou SaGa Frontier 2 para PS One em 2000, no entanto, ele não foi tão bem recebido quanto o primeiro título da série. Embora mais robusto, não contava com o mesmo carisma e ainda trazia personagens desproporcionais. O resultado disso pôde ser visto nas vendas, que atingiu o número de 675 mil cópias, contra 1.30 milhões da versão anterior, segundo o VG Chartz.
Agora que já apresentei um pouco da história da série, está na hora de saber se a remasterização de um jogo de 23 anos atrás está realmente valendo a pena na atual geração.
Se você conhece Octopath Traveler – RPG da Square Enix lançado para os consoles concorrentes -, sabe que ele traz oito narrativas distintas para cada personagem. Porém, ele não foi o primeiro a contar com essa mecânica no mundo dos games.
SaGa Frontier Remastered traz sete personagens diferentes para você escolher e começar a aventura. Graças ao “Free Scenario System“, é possível jogar o jogo do seu jeito, na ordem e da forma que quiser. Porém, isso tem um preço chamado: dificuldade. Mas falaremos disso mais pra frente.
Como existem diversos personagens a serem escolhidos, optei por começar com Blue, um poderoso mago que acabou de se formar. Sua missão é encontrar todas as runas de magia e matar seu irmão gêmeo para ascender como o feiticeiro mais forte de todos.
Sim, a história não é tão surpreendente e tampouco profunda, mas serve como desculpa para você começar a explorar o universo chamado de “The Regions“, que é composto por um grupo de mundos com diferentes culturas, raças, tecnologias e magias.
Como todo bom fã de RPG sabe, não é possível encarar os perigos desse mundo sozinho. Tendo isso em vista, o famoso sistema de party aqui é elevado a outro nível, permitindo que você crie até três grupos de até cinco personagens cada.
Embora saber que existem vários personagens para integrar o seu grupo seja divertido, é impossível não sentir falta de um background para os companheiros de aventura. Alguns deles aparecem em dungeons de forma aleatória e simplesmente começam a fazer parte do time.
Outro ponto que é preciso se atentar ao recrutar um novo personagem são os atributos. Ao contrário do que acontece em certos RPGs, todos aqui entram “crus” na party. Se seus primeiros personagens estiverem com 1.000 de HP, por exemplo, não espere que o novo integrante também esteja. Isso, inclusive, é um ponto no sistema de evolução diferenciado que abordaremos em seguida.
Como mencionei anteriormente, SaGa Frontier Remastered possui um sistema diferenciado de evolução e que, a principio, pode confundir um pouco os jogadores que não estão acostumados.
Mesmo aquele jogador que não costuma ter muito contato com RPGs, sabe que existe um sistema de experiência que ao subir o nível, aumenta os atributos dos personagens. O que talvez poucos saibam, é que SaGa Frontier Remastered tira completamente o XP de circulação e apresenta uma nova forma de jogar com o estilo “Glimmer”.
Com o sistema Glimmer, seu personagem não sobe de nível, mas aumenta os atributos de acordo com suas ações em campo. Se você usar mais golpes de magia, por exemplo, ele irá aumentar a quantidade de JP, e assim por diante.
Embora seja um sistema diferente e até que divertido, é frustrante não saber o que exatamente irá aumentar. Isso acontece porque existem diversas questões pequenas que podem influenciar a subir algo que você não queira. Em muitos momentos, por exemplo, eu repeti as mesmas skills nas batalhas, mas toda vez que o personagem “subia de nível”, algo diferente aumentava.
Em contrapartida à parte negativa mencionada anteriormente, é ótimo saber o que de fato está acontecendo com seu personagem, já que na maioria dos títulos do gênero não se tem controle de quais atributos estão sendo beneficiados. Em todo caso, o sistema Glimmer permanece naquela linha tênue entre o amor e o ódio.
Além do fato de que o sistema Glimmer pode ser um pouco confuso no início, você ainda precisará lidar com as diversas habilidades existentes no mundo de SaGa Frontier Remastered e a aprender em como trabalhar com elas.
SaGa Frontier Remastered apresenta duas formas de aprender habilidades: via armas ou conforme você derrota os monstros. As skills cedidas por equipamentos, infelizmente, não podem ser aprendidas de forma permanente. Já aquelas conquistadas após as batalhas, acabam sendo uma incógnita, pois não há uma regra de como adquiri-las. Elas simplesmente aparecem.
Para divertir ainda mais as batalhas, SaGa Frontier Remastered traz um sistema de combos. Quando os personagens usam determinadas skills, elas se fundem e causam um dano enorme ao inimigo. Embora isso aumente a diversão no quesito gameplay, acaba trazendo mais dois pontos negativos: a falta de uma visualização dos combos durante as batalhas e o fato de que, às vezes, esses ataques fundidos não funcionam e te transformam num alvo fácil para os inimigos.
Quando a Square Enix anunciou SaGa Frontier Remastered, eu, como bom fã de RPG que sou, fiquei me perguntando como seria o produto final de um título com progressão isométrica. A resposta veio quando botei as mãos no jogo, que de fato, está muito bonito.
Os personagens estão visivelmente mais definidos, bem como os cenários. Não há mudanças gritantes, mas nota-se que o mundo está mais colorido, com texturas melhores e uma trilha sonora super agradável. Mas como em todo jardim, nem tudo são flores em SaGa Frontier Remastered.
Estamos em 2021, e obviamente que as empresas irão adaptar seus jogos para o analógico. Porém, isso pode ficar realmente frustrante em SaGa Frontier Remastered. No menu, por exemplo, qualquer toque faz com que a tela de seleção de personagens avance muitas casas. Na verdade, selecionar qualquer coisa ali é ruim, e muitas vezes tive problemas em batalhas por conta disso. Para contornar a situação, a melhor opção é usar o direcional em cruz, que continua servindo muito bem.
Outro ponto negativo em relação ao uso do analógico está no mundo em si. Caso você encoste em qualquer NPC, seu personagem começa um diálogo automaticamente. Existem partes muito fechadas que te prendem em rodinhas de pessoas, e qualquer tentativa de escapar dali acaba se transformando em vários diálogos indesejáveis. Poderia rolar algum update sobre essas ações automáticas, mas eu acho realmente difícil de acontecer, o que é uma pena.
Lembra quando comentei no início deste review que, em troca da liberdade, você ganha uma dificuldade elevada? Pois bem. SaGa Frontier Remastered não é para amadores, principalmente se você não é acostumado com jogos do gênero.
O “Free Scenario System” te dá total liberdade para fazer o que quiser e a hora que quiser, mas essa é uma atitude suicida, principalmente pelo fato de que não há indícios da dificuldade dos monstros que estão à espreita em nas dungeons. Tendo isso em vista, a tal história de “faça como quiser” acaba indo para o ralo, já que pode não haver forças suficientes para encarar determinados desafios.
SaGa Frontier Remastered é um jogo antigo em uma nova roupagem, mas nos dias atuais, é difícil analisá-lo sem comparar com o que temos no mercado hoje.
Vários RPGs foram lançados nesses últimos 23 anos, e muitos deles se adaptaram no decorrer do tempo, aprimorando sistemas, gameplay e trazendo histórias cada vez mais profundas. No caso de SaGa Frontier Remastered, existe toda uma questão nostálgica, mas que talvez não deva se sobressair à qualidade geral do produto.
Para agregar valor ao lançamento, a Square Enix adicionou o novo personagem Fuse, que existia nos planos da empresa no passado, mas acabou sendo retirado da versão final. Esse conteúdo adicional garante pontos ao título sim, mas como ele é um RPG completamente voltado ao “farm de stats” constante e nem tão profundo, pode ser que ele não agrade tanto alguns jogadores.
Jogo analisado no PS5 com código cedido pela Square Enix
Veredito
Embora SaGa Frontier Remastered seja um jogo antigo com apelo nostálgico, é impossível não compará-lo com atuais títulos do gênero e perceber que muita coisa faz falta. Caso você tenha jogado o título original, talvez valha a pena dar uma chance pelo conteúdo extra, do contrário, recomendo esperar uma promoção.
Although SaGa Frontier Remastered is an old game with a nostalgic appeal, it is impossible not to compare it with current titles of the genre and realize that much is missing. If you played the original, it might be worth taking a chance on the extra content, otherwise, I recommend waiting for a sale.
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