Ruff Ghanor – Review

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Criado de forma despretensiosa durante um podcast do site Jovem Nerd, Ruff Ghanor se tornou um grande produto da cultura pop nacional. A intenção de Alexandre Ottoni, o Jovem Nerd, e Deive Pazos, conhecido como Azaghal, era levar para os espectadores como seria uma verdadeira experiência de RPG de mesa. Em meio ao episódio, que acontecia quase como uma conversa entre amigos, Ruff Ghanor surgiu. E, a partir desse momento, foi ganhando cada vez mais espaço. Podcasts, uma série de livros e até um financiamento coletivo que bateu a meta de R$ 500 mil em apenas 10 minutos. O universo Ghanor cresceu de maneira espantosa. Dessa forma, não seria difícil imaginá-lo chegando ao formato digital.

Em 08 de outubro de 2022, durante a BGS, o site Jovem Nerd anunciou um jogo inspirado em Ruff Ghanor. Desenvolvido pela DX Gameworks, o game seria um deckbuilder com elementos de rogueilite e se passaria durante o período contemplado no primeiro romance da Lenda de Ruff Ghanor, escrito por Leonel Caldela, intitulado de O Garoto Cabra. Lançado em 22 de fevereiro de 2024, o resultado foi um jogo com uma história envolvente, mecânicas inspiradas nos melhores jogos do gênero de construção de decks e até alguns elementos que remetem aos tradicionais jogos de RPG de mesa.

Ruff Ghanor

Quem é familiarizado com a história do livro sabe bem o que esperar, mas o jogo também possui caminhos alternativos de decisões que permitem ao jogador alterar alguns cursos da história. O jogo cobre os principais eventos do primeiro livro da série, como a forma com que Ruff foi encontrado pelos irmãos do Mosteiro de São Arnaldo, a evolução do personagem da infância para a fase adulta e sua relação com personagens como o Prior, Korin e Áxia.

Após um breve tutorial introduzindo as mecânicas do jogo, o jogador é transportado para o Ato 1 em um momento onde o Mosteiro de São Arnaldo é invadido pelas tropas de Zamir. Basicamente, o game consiste em superar encontros, que podem ser narrativos, de exploração e de combate, passando de fase até concluir cada ato. Se no percurso a vida de Ruff chegar a zero, a campanha é encerrada e uma nova deverá ser iniciada do primeiro ato. Isso faz parte das mecânicas roguelite de Ruff Ghanor que, por sinal, provou-se ser um jogo bastante desafiador.

Ruff Ghanor

A cada encontro de batalha, o jogador inicia seus turnos com um número predeterminado de ações. Essa ações servem para jogar as cartas distribuídas naquela rodada. As cartas podem ser de ataque, controle ou oração. As cartas de ataque são os golpes físicos com o martelo de Ruff, essenciais para causar dano aos inimigos. As cartas de controle geram escudo para o personagem e seus aliados, servindo como uma maneira de evitar os golpes adversários. Já as orações incluem diversos benefícios, como cura, ataque mágico, aplicação de efeitos nos heróis e nos inimigos, dentre outras.

As cartas de oração estão diretamente ligadas à barra de fé de Ruff, uma energia para conjurar os milagres obtidos ao longo da campanha. Esses milagres funcionam como uma ação extra e são úteis para as mais diversas situações, como gerar escudo, recuperar vida ou causar dano direto, inclusive ignorando as defesas do inimigo.

Ruff Ghanor

Durante seu turno também será possível verificar a próxima ação do inimigo, que pode ser de ataque, de defesa ou uma habilidade especial. Alguns inimigos mais fortes podem até combinar duas ações no mesmo turno. Portanto, é importante examinar cada um deles para entender essas mecânicas e programar a sua próxima jogada.

Ao final de cada confronto o jogador receberá uma carta adicional para seu baralho, que ficará disponível apenas até o final daquela campanha. O baralho pode ser melhorado no intervalo entre os encontros, através do consumo de arcanium. Esse minério também é usado para evoluir o baralho de forma definitiva na forja infernal, acessada através do menu. Por isso, deve ser administrado com cautela. Na forja infernal, o jogador poderá gastar arcanium para adquirir novas cartas, aumentar o espaço fixo de cartas e editar o baralho.

Ruff Ghanor

A evolução do baralho é fundamental para avançar pelas campanhas. Mas, mesmo investindo um bom tempo nisso, o jogo ainda apresentará um nível alto de desafio. Em alguns confrontos Ruff é acompanhado por um de seus amigos. Mas, na maior parte deles, ele enfrentará mais de um inimigo por conta própria. Isso deixa o jogo por muitas vezes desbalanceado, ainda mais quando a sorte exerce um papel tão fundamental como nos jogos roguelite. Em batalhas do ato final, por exemplo, há situações nas quais até mesmo um baralho bem evoluído não será suficiente. Muitas lutas podem acabar em poucos turnos, pois os inimigos tendem a aplicar efeitos e atacar com mais força. Levando em conta que cada campanha demanda cerca de duas horas para alcançar o ato 3, essa rotina de reiniciar o jogo e passar por todos os encontros novamente se torna entediante.

Há outras maneiras para melhorar a construção do personagem ao longo da campanha. Os encontros de exploração oferecem escolhas para o jogador tomar algumas decisões que podem resultar em novas cartas, opções de edição do baralho ou alternativas para aumentar a vida, recuperar parte dela ou conseguir uma nova relíquia. As relíquias são bônus fixos que vão influenciar algumas situações de jogo. As escolhas nos encontros de exploração simulam a ação de lançar os dados em um tradicional RPG de mesa. Porém, os parâmetros são determinados pela distribuição das cartas. Sempre há mais de uma opção, e a escolha determinará a recompensa daquele encontro. Em situações onde o jogador não conseguir alcançar a meta escolhida, uma carta de penalidade será adicionada ao baralho.

Ruff Ghanor

Já nos encontros de narrativa é onde estão  as passagens principais do livro. Esses encontros também possuem recompensas baseadas nas decisões do jogador, mas as escolhas não dependem de aleatoriedade. Para quem conhece a história, a maioria das escolhas serão óbvias. Mas, ao optar por rumos diferentes também é possível encontrar benefícios que se encaixem melhor durante aquela run.

Para contar as principais passagens da história, o jogo faz uso de vozes dubladas com bastante qualidade e totalmente em português brasileiro, além de cenas apresentadas como num livro animado. A direção de arte fez um belo trabalho. Os designs dos cenários, dos personagens e das cartas foram muito bem concebidos. Porém, as animações dos personagens durante as batalhas carecem de melhor refinamento e são muito simples.

Ruff Ghanor

Ruff Ghanor é um produto totalmente idealizado e desenvolvido no Brasil, e isso já seria o suficiente para atrair minha atenção. Mas, além disso, o jogo também é competente ao trazer a história do personagem para outro tipo de mídia, além de ser divertido mesmo que seu desafio seja frustrante em alguns pontos.

Jogo (versão de PS4) analisado do PS5 com código fornecido pela Magalu Games.

Veredito

Ruff Ghanor é uma boa representação digital do universo do personagem e um jogo que possui mecânicas envolventes, apesar de serem desafiadoras ao ponto de parecerem injustas em algumas situações.

75

Ruff Ghanor

Fabricante: DX Gameworks

Plataforma: PS4

Gênero: Deckbuilder / Roguelite

Distribuidora: Magalu Games

Lançamento: 22/02/2024

Dublado: Sim

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

Comprar na

[lightweight-accordion title="Veredict"]

Ruff Ghanor is a good digital representation of the character’s universe and a game that has engaging mechanics, despite being challenging to the point of seeming unfair in some situations.

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Ruff Ghanor is a good digital representation of the character’s universe and a game that has engaging mechanics, despite being challenging to the point of seeming unfair in some situations.

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