Romance of the Three Kingdoms XIII

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Quão difícil é levar jogos de estratégia para consoles? É essa uma das primeiras questões que vem à mente ao iniciar um jogo como Romance of the Three Kingdoms, uma das mais longevas séries de jogos, não só da Koei Tecmo, mas de toda a história dos videogames. Felizmente, com uma série que alcança o seu 13° título, a KT se mostra uma das empresas mais capazes para fazer essa transição com sucesso.

Surgindo como um dos primeiros jogos do seu gênero para consoles lá nos longevos idos dos anos 80, com seu primeiro título chegando para NES em 1985, transforma um dos mais influentes, se não o mais influente, romances da literatura chinesa em um jogo de estratégia (o livro que dá título ao jogo e que é conhecido no Brasil como Romance dos Três Reinos), com personagens que são conhecidos de outra série da Koei Tecmo e que se baseia neste mesmo livro: Dinasty Warriors.

Romance of the Three Kingdoms XIII é um jogo especial desde o começo. Lançado em 2015 no Japão para comemorar o aniversário de 30 anos da série, fica claro desde o começo todo o cuidado da produtora com o jogo. Existe uma quantidade enorme de conteúdo, inclusive um modo história que serve como um longo tutorial e leva o jogador pelos principais pontos do livro, do ponto de vista de generais diferentes.

O chamado Hero Mode é a melhor forma de entender o quão grandioso Romance of the Three Kingdoms é e o porquê de ser uma obra tão influente. Os personagens, mesmo em diálogos que às vezes são muito exagerados, contam com um carisma e motivações claras. Existe um senso de se estar vendo grandes generais moldando o rumo da história de um país e é fácil se perder na quantidade gigantesca de personagens.

Como serve de tutorial, é fundamental que o jogador que não teve contato anterior com Romance of the Three Kingdoms antes (o que é compreensivel, já que o último jogo da série a chegar ao Ocidente foi o RoTK XI em 2007) comece pelo Hero Mode. RoTK conta com camadas e mais camadas de menus e é muito fácil se sentir intimidado por eles ou não entender bem como as várias funções do jogo funcionam. É bem complicado no começo, mas após aprender como o gerenciamento das cidades funcionam e como automatizar algumas das tarefas mais básicas, tudo acaba se tornando mais simples.

Por tratar de um período da história chinesa em que o país se encontrava extremamente fragmentado, RoTK conta com várias dinastias, todas com seus próprios grupos de oficiais, com diferentes habilidades e capacidades. Existe um fluxo de informações e diálogos constantes sendo lançados no jogador, o que pode sobrecarregar a quem não tem algum conhecimento dos personagens principais (mesmo que através de Dinasty Warriors).

Felizmente, o jogo faz um bom trabalho em expor não só o ranking de cada oficial, mas também suas relações. Isso é especialmente importante pois, caso o jogador queira recrutar um oficial em específico, é necessário que tenha contato com alguém que já seja amigo dele antes. Isso funciona muito em favor de RoTK XIII. É possível conhecer e traçar as motivações, histórico e objetivos de todos os personagens, incluindo daqueles criados pelo próprio jogador.

Esses personagens criados só podem ser usados no outro modo de jogo, o chamado Main Mode, na qual o jogador é colocado sob o controle de um oficial a serviço de uma dinastia ou do líder de uma delas em diferentes cenários, como a Revolução dos Turbantes Amarelhos ou a Coalisão Anti Dong Zhuo, podendo se aliar a alguma das partes protagonistas desses cenários ou unificar a China por si só.

Talvez a possibilidade mais interessante desse modo é justamente começar como um oficial independente ou de baixo ranking em uma dessas dinastias e ir construindo o seu legado, sendo possível, inclusive, alcançar o posto de Imperador da China. A construção do personagem nesse modo é impressionante, sendo que suas habilidades são fundamentais não só na efetividade do cumprimento de suas tarefas, mas na possibilidade de convencer outros oficiais a concordarem contigo. Se sair bem nas batalhas ou nas atividades do dia-a-dia é fundamental para ganhar mais prestígio e assim subir o ranking do oficial.

Esse convencimento diversas vezes é realizado através de um minigame de debate, em que o jogador precisa escolher uma das 5 opções que o jogo apresenta, cada qual com um efeito, com o objetivo de ou zerar a barra de energia do adversário ou terminar os 5 turnos do debate com mais energia do que ele. Esse mesmo modelo se aplica também aos duelos, com a diferença que estes acontecem nos cenários de combate e não numa mera situação em que você e outro oficial estão discutindo se é melhor investir em agricultura ou comércio.

Falando nos combates, eles são a parte mais simples do jogo. Eles acontecem ou em campos de batalha ou em invasões de cidades, em que se controla o exército inteiro através grupos de soldados (representados por seus respectivos oficiais) ou de um grupo só, a depender do ranking do oficial controlado pelo jogador. É tudo muito simples e parecido com jogos de RTS, selecionando uma “unidade” e escolhendo onde ela atacará ou se moverá. Há ainda um stat de moral, que cresce ou cai a depender da quantidade de fortes controlados e oficiais derrotados e que influencia bastante o resultado das batalhas.

Por melhor que seja, Romance of the Three Kingdoms XIII não é um jogo para qualquer um. Fãs de jogos de estratégia ou que tenham um interesse na história por trás do jogo se deliciarão com algo profundo, arte lindíssima e trilha sonora ótima, cujo único problema talvez seja a simplicidade dos modelos 3D e dos mapas ou o quão confuso alguns menus são, o que é claramente compensado pela beleza estética de todo o resto do jogo. Fora essa falta de acessibilidade, é muito difícil apontar defeitos para o título.

Veredito

Romance of the Three Kingdoms XIII é um jogo de estratégia fantástico, facilmente se colocando entre os melhores do gênero e provavelmente o melhor disponível para consoles. Com um tutorial compreensivo e um jogo capaz de lhe tomar horas sem se perceber, seja o jogador experiente com o gênero ou um curioso novato, RoTK XIII faz jus à majestosa obra na qual se baseia, entregando um jogo igualmente soberbo.

Jogo analisado com código fornecido pela Koei Tecmo.

Veredito

90

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