River City Girls 2 – Review
River City Girls 2, o mais novo “beat ‘em up” da franquia, chega ao mercado mais de três anos após o primeiro jogo, desenvolvido e publicado pela WayForward no Ocidente, com versões para todos os consoles, chegando bem ao final do ano, ainda em 2022.
Diretamente após os acontecimentos de River City Girls, River City Girls 2 retoma a história com a dupla de amigas, Kyoko e Misako, além dos seus namorados, Kunio e Riki, que supostamente haviam sido sequestrados, mas que após toda a pancadaria do primeiro jogo, as protagonistas descobrem que tudo não passou de um mal-entendido.
Após irritar e fazer muitos inimigos durante o primeiro jogo, Kyoko e Misako, além de Kunio e Riki, agora precisam lutar contra adversários ainda mais grandiosos e perigosos na sequência, revisitando cenários familiares da cidade de River City e descendo a porrada em todos que ousarem ficar em seus caminhos.
Ainda falando da história do jogo, River City Girls 2 entrega mais do mesmo. O enredo de jogos desse gênero não costuma ser muito profundo ou complexo, e assim como o primeiro jogo, não há exatamente algo que motive o jogador a prestar muita atenção nas cutscenes, fora o humor e estilo, que também foram importados do primeiro jogo.
O combate em si teve alguns ajustes, além da adição de novos personagens, que oferecem alguma variedade para jogadores que estavam acostumados ao “move list” das protagonistas no primeiro jogo. Inicialmente, é possível apenas escolher Kyoko, Misako, Kunio e Riki, porém mais personagens são disponibilizados conforme a história prossegue e usar esses personagens oferece novos diálogos durante o jogo.
Fora o combate, não há muitos elogios para River City Girls 2. O jogo conta com várias áreas da cidade, cada uma com dez ou mais mapas individuais para o jogador explorar e derrotar os inimigos comuns que as povoam. Isso seria um ponto positivo, se não pela forma como a desenvolvedora se utilizou desses mapas.
Durante a maior parte do jogo, você irá caminhar do ponto A para o ponto B, que apesar do jogo não ser linear, quests principais irão prosseguir com a história. Porém, grande parte dessas quests exigem que você volte a uma certa parte do mapa, realize alguma ação, e volte. Várias vezes. Sem algo como um fast travel. E com vários, mas vários inimigos te esperando em cada mísero mapa, fazendo de tudo para te impedir de prosseguir.
Essa mecânica, em si, não é um problema. Vários jogos do gênero que decidem não ser linear fazem o mesmo, mas em River City Girls 2, é nítido a forma como a desenvolvedora faz dessa forma para inflar artificialmente o tempo de jogo. Só o tempo em que o jogador para de jogar, abre o mapa para encontrar o ponto que deve chegar, fechar o mapa e retornar ao jogo, já vai aí mais uma adição artificial ao tempo. Como não foram capaz de adicionar um mini-mapa, ou pelo menos a opção, que ficasse na tela o tempo todo, eu não entendo.
Aliás, três anos depois do primeiro jogo, isso traz outro ponto a ser explorado. River City Girls 2, sendo lançado três anos após o primeiro jogo, além de aparentemente ter recebido mais atenção, é uma reciclagem descarada. Novamente, jogos desse gênero não são estranhos a essa prática, mas a prática em River City Girls 2 faz o jogo parecer mais um River City Girls 1.5. De inédito, há muito pouco no jogo.
E ligando outra questão, não faz tanto sentido o jogo ter tantos problemas de performance, em um hardware mais capaz como o PlayStation 5, em comparação ao PlayStation 4 que recebeu o primeiro jogo. Ao contrário, River City Girls 2 consegue engasgar em certos pontos e parecer lento, num gênero que prima pelo framerate.
A arte em si, como a história, é mais do mesmo. Não que era esperado que escolhessem outra direção de arte para a sequência, mas num jogo que recicla tanto, a arte é um dos primeiros pontos que deixa claro como não há tanto assim de novidade em relação ao seu antecessor.
O jogo continua sendo dublado, a trilha sonora possui faixas antigas e algumas faixas novas, entretanto o fato de um jogo, com tão pouco texto, não trazer a opção de linguagem em PT-BR em 2022, quando jogos de equipes muito menores trazem essa opção, é imperdoável.
Algo de novo que River City Girls 2 traz é o modo online. Era inacreditável que o primeiro jogo não tivesse um modo online para co-op, fato que foi corrigido pela sequência, porém apenas para dois jogadores. Em jogos do gênero, que permitem até quatro ou seis jogadores ao mesmo tempo, online ou co-op, dois jogadores é ainda um avanço muito pequeno.
Se você estiver em busca de um parceiro anônimo para encarar o jogo, também está sem sorte. A não ser que conheça alguém que tenha o jogo e esteja disposto a jogar contigo, os lobbies online estão desertos, míseros dias após seu lançamento. Talvez seja por conta de mais um ponto do jogo.
Seu preço. Por quarenta dólares americanos ou duzentos e quinze reais, o jogo está acima do padrão de preços do gênero. É possível comprar dois, três jogos tão bons quanto ou melhores por esse valor, isso sem estarem em promoção. Para cobrar o mesmo preço que o jogo original, esperava algo tão novo e divertido quanto, mas não foi o caso.
Inclusive, para jogadores que não tem medo de importar jogos, é possível encontrar uma coletânea física, que inclui tanto o primeiro como o segundo jogo, por menos do que o valor apenas do segundo jogo em sua forma digital em nosso país. Pagar mais de duzentos reais em um jogo que é um remix, para não chamar de reciclagem, do primeiro jogo, é melhor comprar o primeiro jogo, ou para quem já o tem, rejogá-lo várias vezes.
Acho que a moral da história é que, quem era fã do primeiro jogo e aguardou ansiosamente pela sequência ser lançada três anos depois, pode ter se frustrado bastante com a espera, por um lançamento que custa um valor alto e entrega muito pouco de novidade para quem esperou. Desse jeito, era melhor terem incluído o modo online após o lançamento no primeiro jogo e lançado uma expansão ou DLC, teria sido mais barato e a expectativa estaria no nível do que foi entregue.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela WayForward.
Veredito
Mais do mesmo, River City Girls 2 oferece uma expansão com valor de sequência. Faltou mais tempo no forno, seja para oferecer mais novidades aos jogadores ou para quebrar o molde e trazer algo totalmente inédito.
More of the same, River City Girls 2 offers an expansion for the price of a sequel. More time was needed in the oven, either to offer more novelty or to break the mold and bring something completely new.
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