[REDACTED] – Review

The Callisto Protocol pode ter sido recebido de forma morna em seu lançamento, apesar que gostei bastante por vários fatores que se mostraram acima de suas falhas. Entretanto, o universo em si sempre mostrou ter mais a explorar e teria sido triste não ter a possibilidade de aproveitar mais disso. Com sorte, a Striking Distance seguiu adiante e pode trabalhar mais na sua IP e arriscar em novos projetos, como [REDACTED] agora.

Derivado ainda dos acontecimentos da prisão na lua de Callisto, o novo jogo deste universo tenta uma abordagem diferente e arrisca sendo um roguelite com foco na ação e humor, aplicando ritmo acelerado e combate variável que promete diversas jogadas sempre apresentando alguma novidade.

No papel de um dos guardas da prisão que tenta correr para a última cápsula de fuga antes que tudo vá pelos ares, o jogador assume a disputa contra outros que também estão fugindo e encontra uma parceria inusitada no “Vigia” da estação que planeja algo mais. Avance por salas, colete equipamentos, defina sua próxima sala na busca de outras melhorias ou recursos e atravesse os 4 biomas para chegar na cápsula antes dos seus rivais.

Em resumo, o jogo é praticamente isso e se inspira na jogabilidade de títulos de sucesso lançados recentemente com o mesmo estilo, como Hades. O surto de adrenalina rápida e constante em pequenos encontros com inimigos que vão oscilar mediante suas escolhas iniciais, melhorias persistentes escolhidas e, principalmente, pela aleatoriedade das recompensas de cada sala.

[REDACTED] segue o que seria a melhor fórmula hoje para o estilo roguelite, entregando uma jornada curta (uma run até o final após algumas melhorias dura no máximo 30 minutos), separado em áreas que o jogador tem a possibilidade de escolher a sua recompensa e com uma variação de biomas que se intercalam para o senso de evolução.

Coletar recursos e ir investindo em busca de um estilo mais atrativo ao jogador é a grande sacada para prolongar a longevidade do jogo. Jogar e rejogar procurando opções melhores de upgrades e recursos para aprimorar os que já possui são os incentivadores para investir de 20 a 30 runs até conseguir uma fuga perfeita. Mesmo assim, tentar a fuga vai promover outras melhorias e itens, além daquilo que move o interesse do Vigia em ajudar os guardas a fugirem do local.

A dinâmica mais interessante é a batalha com os rivais para alcançar a cápsula antes e até mesmo os embates que isso irá proporcionar. Correndo contra até outros 3 interessados em também fugir da prisão, o jogador precisa acelerar o processo de eliminar inimigos e avançar entre chefes e biomas para chegar antes ao final. Entretanto, há diversas questões que vão interferir nesse processo.

Da mesma forma como o guarda pode usar artifícios da prisão para atrapalhar o progresso dos rivais, estes também vão usar isso contra o jogador. Enviar barris explosivos, abrir câmaras de gás, inundar de gelo as salas, apagar as luzes e muito mais são opções viáveis que serão usadas contra seu progresso. O jogador também poderá usar artifícios similares que irão causar dano ou atrasar o processo dos demais.

Além de tudo isso, eliminar seus rivais é o que move a campanha do Vigia e os segredos que o mesmo guarda, como uma das grandes recompensas possíveis. Essa dinâmica de duelos causará situações únicas e divertidas no processo, como se atrasar e perder a cápsula por tempo ou mesmo eliminar todos e sair sozinho sem muita preocupação. Toda aleatoriedade do combate e evolução no caminho vai ditar bastante o resultado final.

A Striking Distance consegue entregar uma percepção do seu trabalho aqui diferente do que vimos antes ao iniciar esse universo. Mais leve, recheado de humor e com visual cartunesco como revistas em quadrinhos, o visual do jogo e ambientação é totalmente desviado do clima sombrio para algo enfurecidamente colorido. A jogabilidade acelerada ainda é impactada pela trilha sonora agitada e com muitos toques de guitarra para formar efeitos sonoros, como por exemplo o som que surge ao receber algum dano. A junção de todos esses elementos cria um pacote variado e divertido, que usa bem do estilo roguelite para um bom jogo single player.

De toda forma, alguns pontos ainda são notados como negativos no decorrer do jogo e, principalmente, apenas algumas boas jogadas e horas investidas. A necessidade de sempre começar do zero e percorrer as mesmas salas e biomas, mesmo chefes e pouca variação nisso fica cansativo bem rápido. A estrutura geral do visual ambiente praticamente não muda e há um certo cansaço com o tempo, vide o exagero em cores e efeitos.

Além disso, a estrutura de chefes é algo que pode incomodar diversos jogadores. Após perderem 50% de vida há um exagero incrível em ações e eventos em tela, com diversos projéteis, golpes, efeitos e mais ao mesmo tempo. Isso claramente é para forçar o aprendizado e habilidade do jogador, mas muito ainda vai depender da evolução via diversos recursos e também da aleatoriedade dos aprimoramentos de armas que vão surgindo, tanto para longa distância quanto para as ações de golpe físico, chutes, dashs e mais.

Após mais de 10 horas de jogo e tendo praticamente resultado em praticamente boa parte do conteúdo do jogo já revelado, não havia muito mais motivação para tentar liberar alguns upgrades ou procurar algum outro segredo não visto. Apesar de uma curva de aprendizado que demandará uma dezena de tentativas, logo após isso há uma estagnada em progresso e a falta de um conteúdo maior a explorar que poderia reforçar isso.

Ainda que tenha problemas, [REDACTED] tem um estilo próprio e talvez seja um jogo mais direcionado para os amantes dos roguelites do que para os que gostaram da ambientação de The Callisto Protocol e gostaria de mais daquilo. É uma boa opção caso o estilo seja seu favorito, mas não espere que perdure por dezenas e dezenas de horas com novidades de peso como acontece em outros jogos assim.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Krafton.