Ratchet and Clank é uma das franquias mais clássicas, duradouras e, até certo ponto, famosas do PlayStation. Com jogos que começaram lá na era do saudoso PS2, as aventuras do lombax e seu melhor amigo robô nunca me conquistaram de fato – inclusive, só fui ter algum contato com a franquia pelo remake/reboot (lançado em 2016) do primeiro jogo. O game tinha seu charme, mas ao mesmo tempo nada ali me conquistava ao ponto de aguçar minha curiosidade em relação aos outros títulos da série.
Foi só 2021, com Rift Apart no PlayStation 5, que dei outra chance pra franquia me convencer do que eu estava perdendo. Introduzindo novos personagens, mecânicas e funcionando como uma espécie de showcase do que o PS5 era capaz de fazer, esse jogo é uma delícia de jogar. Mesmo adotando um estilo visual puxado mais pro estilizado e cartunesco, os gráficos são pavorosamente bonitos, os controles são responsivos e o game em si é simplesmente bom.
A parte técnica, entretanto, foi o que mais me chamou atenção. No PlayStation 5, a Insomniac Games é conhecida por fazer absurdidades e verdadeiros milagres quando falamos do lado técnico de seus jogos. Um dos exemplos mais fáceis que posso dar é o quão bem Marvel’s Spider-Man roda no console, contando com diferentes modos gráficos – incluindo um com altas taxas de quadros e ray tracing ativado.
Em Ratchet and Clank: Rift Apart não seria diferente. Experenciar o game numa TV gigante no modo de 120 fps é uma das melhores escolhas de quem tem esse privilégio pode fazer. Logo, com o anúncio de que o game estaria chegando para o PC, a curiosidade de ver como um jogo que fez tanta propaganda do SSD do PS5 rodaria numa plataforma aberta foi, no mínimo, bem grande.
Ao iniciar o jogo, é possível conferir que todo o conjunto de configurações que a Nixxes (estúdio responsável pelo port de PC) trouxe em Marvel’s Spider-Man e Miles Morales também está aqui, com diversos recursos para customizar e ter um maior controle sobre como o jogo vai rodar e ser exibido. Ray tracing, tecnologias de reconstrução de imagem e outras firulinhas marcam presença.
Antes de comentar sobre minha experiência com o game, vale lembrar: essas são minhas impressões gerais, apenas joguei o game e testei algumas opções gráficas e de performance. Só possuo minha máquina pessoal para jogar, então tudo o que eu comentar aqui foi a minha experiência nela.
As primeiras impressões foram positivas e bem no que eu esperava de um port da Nixxes. Boa qualidade de imagem na resolução nativa do meu monitor e uma performance que flutuava entre os 70-50 fps, com tudo no alto, DLSS modo qualidade e ray tracing ativo com todos os efeitos também no alto.
A performance vez ou outra caía de acordo com o tanto de ação e partículas pipocando na tela, recorrentemente para os 40 fps. No segundo mundo, Sargasso, o alto volume de folhagem, sombras e efeitos foram bem pesados na placa de vídeo, que sofria para passar da margem dos 50-40 fps. Precisei fazer alguns ajustes na qualidade de imagem, principalmente no ray tracing – visto que os traçados de raio em relação as sombras apresentava alguns bugs gráficos (problema similar aconteceu com Marvel’s Spider-Man: Miles Morales).
Dito isso, precisamos falar sobre o elefante na sala: é necessário de um SSD pra jogar Ratchet and Clank: Rift Apart no PC? De forma resumida, sim, o uso de um dispositivo de armazenamento de alta velocidade se torna uma necessidade para uma boa fluidez do gameplay, em especial nos momentos que acontecem várias transições de mundo em pouco tempo.
O Digital Foundry, canal no Youtube que analisa tecnicamente jogos de console e PC, realizou uma bateria extensa de testes com diversos armazenamentos, incluindo NVMEs de 4a geração, SSD sata e até mesmo HDs antigos (incluindo o que estava presente no modelo original do PS4, com apenas 5400RPM de velocidade). Os resultados são bem interessantes e esperados: NVME de alta performance teve o resultado mais parecido com o do PS5, já o SSD sata apresentou alguns engasgos para carregar os níveis enquanto o HD passava segundos carregando, quase quebrando o jogo.
No meu PC, tenho um SSD NVME de 3a geração de 1TB, da Crucial. Esse SSD conta com velocidade de leitura de mais ou menos 1.9GB/s, o que é bem ok para um dispositivo dessa geração. Jogando, pude sentir pequenos e ligeiros engasgos quando as transições de cenário aconteciam muito rápido, mas longe de estragar minha imersão ou sequer me fazer considerar isso um problema.
No geral, achei que o port possui uma ótima estabilidade, mesmo que alguns probleminhas gráficos (como o ray tracing nas sombras) sejam notáveis vez ou outra. Os modelos dos personagens estão ótimos, os gráficos foram traduzidos de forma que não deixou nada a desejar para a versão de PS5 e a performance (na minha máquina mid pra high end) está bem satisfatória.
Depois da bomba que foi The Last of Us Part I no PC, fico aliviado em ver mais um bom port de um ex-exclusivo da Sony no Steam. Ratchet and Clank: Rift Apart é uma boa pedida para quem curte um jogo mais família que não deve em nada no quesito qualidade em comparação com os outros games PlayStation.
Concluindo, se você for jogar, minha única recomendação é essa: não jogue sem um SSD.
Jogo analisado no PC com código fornecido pela Sony Interactive Entertainment.
Veredito
Ratchet and Clank: Rift Apart estreia no PC de forma exemplar. Boas configurações gráficas, performance decente e um alívio em meio a tantos ports ruins.
Ratchet and Clank: Rift Apart debuts on PC in an exemplary way. Good graphics settings, decent performance, and a relief amid so many bad ports.
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