Esbanjando superlativos, Super Time Force Ultra, desenvolvido pela Capy Games, é a mistura de um desenho animado alucinado, milhares de referências a ícones da cultura pop por pixel cúbico e muita, mas muita ação no espaço-tempo . Com a mecânica de um game de plataforma/shooter, o objetivo é salvar a terra atravessando diversos períodos históricos, corrigindo erros no tempo para criar um futuro melhor e incrível com o esquadrão autointitulado Super T.I.M.E. Force.
A história começa quando o doutor Repeatsky descobre a fórmula da viagem no tempo, alterando a realidade e permitindo a invasão de seres multidimensionais chamados Bloundbots, junto com o misterioso Doutor Infinity. Desesperado pelo fato, subitamente depara-se com o seu eu do futuro, o capitão do esquadrão do tempo, que avisa que, em ordem de parar o Dr. Infinity e seu exército, ele terá que voltar ao passado junto com seu esquadrão para consertar os acontecimentos e salvar o planeta da destruição. É com essa premissa nonsense que o jogo começa.
A princípio, o jogo consiste de uma jogabilidade no estilo de um shooter tradicional (corre, atira, pula, atira de novo). Um pequeno twist sacode um pouco as coisas: a mecânica de "rebobinar" o tempo, chamada de Time-Out, mistura jogos como Lost Vikings com uma pitada de Prince of Persia e Braid. Extremamente inteligente e dinâmica, o jogador pode parar o jogo e voltar para uma determinada parte que quiser alterar, jogando com outro personagem e salvando o herói morto em ação.
Pode-se escolher um personagem de ataque forte, por exemplo, morrer por uma bala disparada pelo inimigo, voltar no tempo e salvá-lo com alguém com um escudo que protege o herói antes que ele receba o tiro. Você pode até derrotar chefões de fase em questões de segundos se conseguir atacá-lo múltiplas vezes com vários heróis.
O termo “exército de um homem só” nunca caiu tão bem para um jogo do gênero. Há um limite de 30 vezes que se pode rebobinar o tempo, e, levando em conta que o personagem morre ao levar um único tiro, o jogador precisa equilibrar bem suas estratégias para conseguir passar da tela inteiro e no tempo certo.
A mecânica de tiro é bem simples: ao pressionar o botão de ataque, o jogador ativa seu ataque normal; ao pressionar o mesmo botão, dispara o ataque forte, seja uma rajada de metralhadora, um campo de força que envolve o personagem ou uma bala que atravessa a parede. Podendo atirar em todas as direções, o único problema é que ao pressionar o diagonal, o personagem se movimenta junto, o que prejudica na hora da ação tumultuada. Bem que o jogo podia ter pego emprestado a mecânica de Metroid e fazer o personagem disparar tiros diagonais apenas pressionando o gatilho.
Inicialmente há 3 soldados do esquadrão para escolha, cada um com seu estilo e arma de ataque: Jean Rambois, o tanker do grupo, tem uma metralhadora giratória capaz de múltiplas balas consecutivas; Aimy McKillen possui uma pistola que ricocheteia os tiros; e Shieldy Blockerson, que usa um escudo que protege tanto ele quanto tudo que estiver ao seu redor. Ao longo do jogo, você vai salvando e desbloqueando outros heróis, totalizando 19 personagens. De Jedis gordos até dinossauros com óculos de sol, todos são muito carismáticos e usam diferentes poderes eficazes na hora certa. Na versão Ultra, lançada para as plataformas Playstation, foram incluídos personagens como Sir. Galahad de The Order: 1886, Traveler de Journey e (pasmem) o diretor da SCEA, Shuhei Yoshida.
As fases são divididas ao estilo Mega Man. Depois de um rápido tutorial e a primeira tela, o jogador entra na nave-mãe do time e pode escolher entre 6 estágios, cada um se passando em um local e tempo totalmente diferente, sendo compostas por 3 fases e um chefão. É na nave-mãe também que se encontram a equipe, armas, coletáveis, etc. Meramente ilustrativas, porém, não oferecem muitas possibilidades de interação, estando ali apenas como uma vitrine de troféus, que vão sendo adicionados de acordo com seu progresso.
Da Atlântis até a Era dos Dinossauros, passando pela Idade Média e um futuro pós-apocalíptico, as fases são extremamente distintas. Ao final delas, o Dr. Infinity aguarda com algum robô mirabolante, o que pode cansar alguns jogadores pela repetição do mesmo chefão e de basicamente enfrentá-lo da mesma maneira (atira, atira, atira, volta no tempo, atira com outro personagem).
O visual pixelizado e o tom pastelão é o que faz o game brilhar. Com milhares de referências a inúmeros ícones da cultura pop: Rambo, Star Wars, Mad Max, De Volta pro Futuro, etc. Dá pra ficar horas e horas procurando todas as referências espalhadas nos cenários, nos diálogos e até nos troféus do jogo. Os cenários são recheados de easter eggs e piadinhas. Os gráficos coloridos esbanjam personalidade. Cada membro do esquadrão é extremamente carismático. O jogo constantemente apresenta situações em que o jogador pode e deve utilizar o máximo de personagens possível. E não só os protagonistas, mas há uma ótima variedade de criaturas por tela também, com inimigos e chefões exclusivos por estágio.
Mesmo nos momentos mais frenéticos e alucinantes de ação, os gráficos rodam perfeitamente no PS4 e no Vita, tendo pouca ou nenhuma queda de frames. Há também uma excelente tradução em PT-BR, adaptando competentemente bem as piadas, referências e bom-humor dos diálogos.
Para os interessados em maiores desafios, há um modo chamado Helladeck, que no estilo Virtual Mission de Metal Gear Solid, oferece desafios em uma realidade virtual onde o jogador tem um número limitado de replays e personagens para coletar todos os Glorbs. Zerando a campanha, o jogador desbloqueia o modo Super Hardcore, em que os personagens só podem ser usados uma vez por fase, e com uma versão Ultra de cada um, que aleatoriamente podem explodir ao tomar muito dano.
A trilha sonora, composta por Jason Degrot, famoso pelas músicas de Sound Shapes e Dyad, faz um trabalho que, mesmo não sendo memorável, acerta no ponto de dar ritmo às partidas. Às vezes é até sádico ver o massacre que foi feito na tela, com todo o sangue sendo expelido ao som de músicas de um desenho animado matinal.
One-hit kill; tempo extremamente limitado para passar de fase; múltiplos inimigos que preenchem toda a tela. Há uma frustração que tem de ser levada em conta com todos esses elementos. O jogo pode acabar sendo um pouco imperdoável com jogadores de primeira viagem. Mas com o tempo dá pra se acostumar e dominar as mecânicas, se tornando um verdadeiro lorde temporal. O Time-Out poderia inclusive ter sido usada de forma mais ambiciosa e melhor implementada no design das fases. Quem sabe em uma continuação.
Veredito
Super Time Force Ultra é um ótimo jogo de plataforma, com uma mecânica inovadora e inventiva que possibilita viagens no tempo com muito humor e estilo. Altamente recomendado por sua jogabilidade, milhares de referências e ação frenética. Você não irá perder seu tempo jogando.
Jogo analisado com cópia digital adquirida na PlayStation Store americana