[PSN] Chronicles of Teddy: Harmony of Exidus

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Chronicles of Teddy: Harmony of Exidus, desenvolvido pelo estúdio LookAtMyGame e distribuído pela Aksys Games é um jogo no estilo action-adventure 2D, originalmente concebido como uma sequência de um jogo desenvolvido para celular. A história nos apresenta o Rei Tarant, soberano de Exidus, um mundo habitado por monstros e criaturas hostis. Cansado de viver naquele local solitário e rodeado por monstros, ele decide abrir caminho para o mundo dos humanos e buscar uma amizade e alguém que o entenda. Encontrando a solução de seus problemas em um inanimado ursinho de pelúcia de uma garota, Tarant então captura o bicho de pelúcia e volta para seu mundo, a garota vai em busca de seu amigo Teddy e o resgata do rei. Após o mal entendido, Tarant se torna amigo da garota e a paz retorna ao reino… por hora.

Após retornar ao mundo humano, a menina é chamada novamente ao mundo de Exidus para salvar seu amigo Tarant e seu reino das mãos do mago Anguis, que quer dominar a área e separá-lo definitivamente do mundo dos humanos. Tarant então entra no corpo do ursinho para pedir ajuda e auxiliar a garota em sua jornada para salvar o reino. O objetivo é reunir quatro ovos mágicos para reabrir o porto que conecta os dois mundos. Obviamente tais ovos estão muito bem guardados por monstruosidades e entidades sagradas, e assim é o início de uma jornada da menina e seu fiel ursinho a conhecer os mistérios do lugar e decifrar a linguagem nativa para alcançar seu objetivo e salvar o reino de Exidus.

Desde a tela inicial da história até o pôster encontrado no quarto da protagonista, o jogo é claramente inspirado nos primeiros The Legend of Zelda e jogos semelhantes, apresentando logo de cara o que o game faz melhor: a sensação de nostalgia e de transpor familiaridade. E a jogabilidade simples espelha esse pensamento. Com apenas um botão de ataque e defesa em guarda sempre que está se locomovendo, o jogo consegue ter um gameplay simples, mas eficiente. Porém, algumas decisões de gameplay incomodam ao longo do jogo, como a decisão de incluir a opção de correr não só nos botões L1 e R1, mas também quando o jogador aperta duas vezes o direcional da direita ou esquerda, o que em alguns locais de plataforma fazem o jogador que está tentando apenas ajustar o pulo, correr e acabar caindo em um abismo, ou até mesmo quando está tentando derrotar alguns inimigos.

O combate não é dos melhores, a diferença em cada inimigo fica em que forma ele defende seus ataques e a qual distância e direção ele projeta seu golpe. Defendendo, o jogador precisará estar próximo a ele para atingi-lo com sua espada, mas justamente por esse ajuste no direcional, o jogador pode acabar vacilando e, ao invés de atacar, correr em direção ao inimigo e receber um dano “gratuito”. Ao dar game over, a personagem perde metade da quantidade obtida de Orbs, que fornecem armas e upgrades de armadura, dando urgência para não morrer à toa.

A estrutura do jogo é bem familiar para quem já jogou algum game do gênero: encontrar uma área nova, descobrir a forma de acessar a dungeon do local, pegar a chave da área do chefão, derrotá-lo e adquirir o item-chave. Ao longo da campanha o jogador irá desbloqueando upgrades como um pulo duplo ou a possibilidade de nadar, que melhoram a personagem e assim possibilitam acessar locais antes inacessíveis do mapa e ativar portas com magias e selos.

Falando em magias, essa é talvez um dos grandes diferenciais do game. Através do Lexicom, um sistema linguístico em que cada runa é uma palavra, o jogador terá que conversar com moradores e ativar segredos por meio de certas combinações dessas runas, decodificando a língua dos nativos e assim entendê-los para ajudar nas quests. O jogo então faz jus a seu subtítulo por você estar sempre atento aos sons (e a harmonia sonora) ao seu redor.

Um exemplo são os diversos vagalumes espalhados pelo mundo de Exidus. Para encontrá-los, o jogador terá que ficar atento ao som ambiente e, caso ouça uma melodia, terá que repeti-la com as runas que tem em seu Lexicom para encontrá-los. Os puzzles que envolvem as runas são bem planejados e lembram o estilo de jogos como Fez, mesmo que não chegue nem perto da profundidade ou dificuldade dele.

Tais segredos são apenas um entre diversos que estão espalhados pelo mapa, além dos quatro ovos mágicos que precisam ser encontrados para abrir o porto entre Exidus e o mundo humano, há diversos segredos ao redor do mapa que enriquecem os cenários e dão motivos para o jogador retornar a locais anteriores para desbloquear itens e áreas antes inacessíveis, oferecendo quase 30 horas de gameplay no total. Como a protagonista é silenciosa, Teddy tem a mesma função que a "fada" nos jogos de Link, auxiliando a compreender e interagir com os objetos e segredos de Exidus.

Exidus passa a sensação de um mundo em ruínas, com locais inóspitos e que, combinados com a surpreendente boa trilha sonora, dão o ar melancólico e desolador. Estátuas antigas e dungeons que mais parecem templos abandonados criam um clima muito único e interessante para o jogo, que junto com a noção de escala de alguns cenários, afetam no design e layout das fases, que são bem desenvolvidas e distintas. Cada ambiente oferece certas dificuldades, seja em um pântano onde monstros se escondem em matas altas ou áreas alagadas com peixes carnívoros à espreita. Os gráficos pixelizados são bem detalhados, com um cuidado nos detalhes dos cenários e da movimentação dos personagens. Detalhes como a movimentação da grama ao balançar do vento e do pisar da personagem e o cuidado em particular com a iluminação dos objetos e dos inimigos integram muito bem os cenários.

Mesmo com a já citada trilha sonora, a ausência dela e de qualquer som também impacta, quando se ouve somente o gotejar da chuva na floresta e os passos das criaturas nos cenários. Há uma sensação de solidão e de um mundo antigo e em ruínas, onde os deuses há muito tempo caminharam, só restando rastros de suas presenças.

Mas o jogo apresenta erros graves que infelizmente atrapalham muito a experiência, uma delas sendo a péssima programação da tradução, que aqui se limita à versão Português de Portugal. Realmente desastrosa, ela corta da sentença toda palavra que tem acento. Um jogo no qual a linguagem é apresentada de forma já codificada e como um puzzle dentro de sua experiência, é algo que não se torna apenas um detalhe, mas um grande obstáculo, atrapalhando a experiência e até tornando alguns objetivos difíceis de serem compreendidos.

Outro problema são os constantes crashes e travamentos que o jogo apresenta, o que me impediu muitas vezes de prosseguir, travando ou depois de derrotar um chefão ou de entrar em uma nova área. Além de erros de programação de alguns menus, que aparecem fora da posição, como o Lexicom, que apareceu ou mais embaixo ou mais em cima dependendo da boa vontade do jogo.

Veredito

Chronicles of Teddy: Harmony of Exidus é uma experiência nostálgica que necessitaria de mais polimento para alcançar o status desejado. Tendo claras inspirações em games como The Legend of Zelda II e clássicos do gênero Metroidvania, acaba se arriscando pouco e entregando uma experiência que no geral não será tão memorável quanto suas inspirações. Vários bugs e problemas na tradução e programação do jogo frustram e quebram a imersão que os lindos cenários e a qualidade sonora providenciam, porém ainda apresenta um mundo muito belo e rico, se tornando um jogo a ser conferido para quem tem saudades do gênero.

Jogo analisado com o código fornecido pela desenvolvedora.


 

Veredito

70

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