[ATENÇÃO: O TEXTO ABAIXO CONTÉM SPOILERS DO EPISÓDIO 3. SE SE VOCÊ NÃO JOGOU, RECOMENDO LER APENAS O VEREDITO]
No quarto e penúltimo episódio da série do Batman da Telltale, Bruce Wayne se depara com a pior situação possível quando é enviado para o Asilo Arkham após ser drogado pela Senhora Arkham (com a revelação de que Vicky Vale é a líder do grupo denominado Filhos de Arkham), e espancar Coobblepot em seu discurso de posse da Wayne Enterprise. Agora, Bruce se vê preso em um lugar hostil que pode guardar grandes revelações sobre seu passado e futuro.
O capítulo tem um ritmo diferente dos anteriores, focando mais na construção do ato final e evidenciando a queda de Bruce nos aspectos físicos e morais. O capítulo não só mostra a decadência de Bruce mas da própria Gotham. Devido ao novo comando de Harvey Dent, a cidade mudou, agora controlada diretamente por uma força armada que muitas vezes obstrui as investigações até da própria policia local, capitaneada pelo Comissário Gordon.
Mais uma vez a Telltale se mostra primorosa em repaginar personagens e elementos clássicos da franquia sem perder sua essência. O Asilo Arkham é completamente diferente do visto nos jogos ou em alguns quadrinhos famosos, sendo bem mais próximo a um asilo comum, com uma sala recreativa onde os pacientes menos afetados podem circular. Alguns easter eggs são jogados aqui e ali para os mais atentos, mas o que mais é interessante de se notar é a apresentação do vilão mais icônico de Batman, o Coringa, apresentado aqui como o "João Ninguém", um paciente antigo do Asilo que guarda segredos do passado dos Wayne e de Senhora Arkham. A Telltale conseguiu apresentar uma nova visão para o personagem sem perder suas características principais. Ele ainda é um agente do caos, mas bem menos consciente disso.
Bruce luta constantemente com a droga que lhe foi injetada por Senhora Arkham no final do episódio anterior. A imagem se torna distorcida e cheia de veias para representar o vírus afetando Bruce. Em muitos momentos do episódio, ele quase perde o controle de suas ações e isso afeta também suas decisões dentro do jogo, e mesmo escolhendo formas mais moderadas, ainda resultam em respostas violentas por parte de Bruce.
Infelizmente, mais uma vez o jogo apresenta problemas com sua legenda, e dessa vez beira ao insuportável se você não estiver habituado com inglês, já que muitas frases importantes na trama foram mantidas na língua original. É frustrante notar que a cada novo capítulo do jogo diferentes problemas com a legenda são deixados pela desenvolvedora, evidenciando uma falta de teste de qualidade interno. A irritante mecânica de movimentar o analógico até o centro do círculo de ação retorna e, talvez pelas reclamações nos episódios anteriores, parece ter melhorado em seu tempo de resposta.
O final apresenta uma escolha que conclui o capítulo de forma bem distinta dependendo do que o jogador escolher, e apesar das animações do jogo serem um pouco duras na maior parte das cenas de ação, a luta final de ambas as escolhas não deixa a desejar e se torna uma boa resolução de um arco importante do jogo.
Veredito
Apesar de um episódio fora do padrão, Guardião de Gotham consegue avançar na história de maneira eficiente e apresenta novos elementos para o mundo criado pela Telltale que continuam a surpreender até mesmo os fãs fervorosos do herói. Sem dúvida a Telltale já deixou sua marca na história do cavaleiro das trevas com uma dinâmica de Bruce e Batman explorada de forma diferente do que em outras mídias e que funciona incrivelmente bem para um jogo em que suas escolhas importam. Resta saber se a história terá uma conclusão à altura de sua construção até agora.
Jogo analisado com o código fornecido pela desenvolvedora.
Veredito
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