Prince of Persia

Prince of Persia é uma franquia que dispensa comentários. Seja a versão original que marcou época em seu lançamento ou o retorno em grande estilo na geração passada com a repaginada de Sands of Time. Considerando-se o sucesso dessa revitalização e também seu rápido desgaste (com três jogos em três anos seguidos), uma nova reinterpretação a franquia se fez necessária. E a diferença dessa nova direção é, no mínimo, gritante.

Esqueça a trilogia das areias do tempo. Aqui, o herói sem nome conhecido apenas por Prince encontra Elika após uma tempestade de areia desviá-lo de seu caminho. Ele acaba a seguindo até um templo no centro do reino, onde testemunham o pai de Elika destruir a árvore da vida – o selo que imprisiona Ahriman, deus da destruição. Rompendo este selo, o rei causou a dispersão de trevas e corrupção por todo o reinado. Elika entende que, para salvar seu reinado e evitar que Ahriman liberte-se, ela deve percorrer todo o reinado em busca das terras férteis que podem reagir à corrupção. Com certa relutância, o Prince aceita juntar-se a moçoila em sua jornada para purificar a terra e, quem sabe, encontrar um ou dois tesouros no caminho.

 

 

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Sequências de plataforma elaboradas? Existem. Sistema de combate com combos? Claro. Personagem feminino indispensável para progressão da história? Também veio. Então, como pode um jogo que segue a mesma fórmula dos títulos anteriores ser tão diferente? Para aqueles que não tiveram a oportunidade de ver o novo Prince em ação, tentarei explicar. Como um todo, o jogo foi bastante simplificado. Navegando pelo mundo aberto do jogo em busca dos terrenos férteis, você ainda vai pular de parede para parede, escalar rachaduras e vãos, correr pelas paredes e tetos até cansar; mas todas essas ações foram um tanto automatizadas, exigindo menos precisão por parte do jogador o que acaba por tornar o jogo um tanto menos desafiador. Isso não significa que você nunca erra ou falha, e aí também entra outra mudança crucial.

Muitos jogadores alegam que o protagonista não morre neste jogo, mas é uma questão de ponto de vista. A Elika acompanha o Prince durante todo o jogo, e sempre vai usar seus poderes mágicos para evitar que seu aliado morra. Na real, ela não passa de uma evolução dos já consagrados checkpoints. A diferença entre Prince of Persia e, digamos, Uncharted, é que você retoma o jogo em uma fração de segundos exatamente do ponto onde falhou. Claro – você nunca sequer vê o Prince morrer, mas em minha honesta opinião, esse sistema é equiparável ao uso de areias para voltar o tempo nos títulos anteriores. Embora aqui ele seja ilimitado, é tão crível quanto e ajuda a manter o ritmo do jogo constante.

 

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Os combates contra múltiplos inimigos também foram descartados, dando lugar a lutas mano-a-mano. A variedade de inimigos é menor, existindo apenas quatro corruptos – um dominando cada região do reinado – e alguns soldados espalhados pelos arredores. Sempre que confrontado por um inimigo, você automaticamente entra no modo de combate, onde os quatro botões frontais representam diferentes tipos de ataques. O novo sistema de combos permite sequências extensas e bastante variadas, apesar de estar longe de ser perfeito. Os inimigos são derrotados ao terem sua barra de energia reduzidas a zero ou ao serem arremessados para fora da arena. Já o herói, bem, como explicado acima, ele sempre será salvo – durante os combates, o inimigo recupera um pouco de sua própria energia caso o Prince beire a morte.

A estética de Prince of Persia é fenomenal, utilizando-se muito bem da técnica cel shading para criar ambientes únicos e vastamente coloridos. Enquanto corruptos, os cenários apresentam pouco interesse, mas uma vez que o terreno fértil é localizado e curado, toda a locação recebe um revestimento rico em vegetação e vida. Partindo do fotorrealismo da geração anterior, essa é outra das mudanças que não foi muito bem recebida, e embora jogos como Assassin’s Creed II e Uncharted 2 demonstrem quão bom o fotorrealismo pode ser, a utilização do cel shading provavelmente tornou-se obrigatória neste jogo, visto que as sequências de plataforma e o uso de elementos mágicos provavelmente não atingiriam o mesmo resultado em formatos que tentam ao máximo simular a realidade.

 

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Ao completar a jornada, o jogador pode ser pego (ou não) de surpresa pelos eventos que culminam no fim do jogo. Os desenvolvedores deliberadamente optaram por um final aberto, tanto que alguns meses depois do lançamento do jogo um capítulo extra foi lançado via DLC pago na Playstation Store. No Epílogo, os jogadores retomam a história exatamente do ponto onde ela parou – e, curiosamente, a expansão consegue a façanha de deixar mais pontas soltas do que amarrar as que já estavam pendentes. Intencionalmente ou não, é algo que não faz sentido e de certa forma até pode ser visto como desrespeito aos fãs. Ignorando a questão da história, o epílogo oferece áreas totalmente novas e sequências de plataforma mais desafiadoras do que as vistas no decorrer do jogo.

Com tudo feito e dito, este é um jogo que tem seus trunfos. Os novos movimentos do Prince, o carisma do protagonista e sua acompanhante – a qualquer momento você pode conversar com ela e aprender mais sobre a história que serve de pano de fundo à trama do jogo -, a envolvente trilha sonora composta pelos já veteranos compositores da franquia, e até mesmo a adição de roupas extras que aludem à outras franquias da Ubisoft. A substituição da temática das areias pela magia também garante um novo sopro de vida e evita que este jogo seja mais do mesmo – afinal, nunca se tratou de uma continuação.

 

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Infelizmente, Prince of Persia acabou caindo em meio à vasta gama de jogos depreciados. Não obteve o retorno esperado e desapontou muitos fãs da série – seja pela direção tomada artisticamente ou pelas drásticas mudanças na jogabilidade -, mas não deixa de ser um ótimo jogo. Por si só, o jogo tem vida curta, podendo ser finalizado em cerca de 10 horas, porém a busca pelas 1001 sementes de luz e o epílogo podem tornar a experiência mais longa para os fãs que se encontrarem imersos nesta aventura. A Ubisoft optou por reabrir a trilogia Sands of Time e produzir um novo título baseado naquele universo, o que deixa no ar a grande dúvida – algum dia saberemos como a jornada de Prince e Elika contra Ahriman terminou?

Veredito

85

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