Phantom Brave: The Lost Hero – Review

Poucos gêneros são tão “congelados” em seus padrões quanto RPGs de Estratégia. Desde que a sua fórmula básica foi basicamente construída por baluartes do gênero como Final Fantasy Tactics, Fire Emblem e Tactics Ogre, a esmagadora maioria dos jogos tem trabalhado em contar histórias melhor elaboradas e trazer diferentes sistemas fora do combate, mas sempre respeitando o bom e velho sistema de grids. E então veio Phantom Brave.

Lançado em 2004 para PS2 e desenvolvido pela Nippon Ichi Software, mais conhecida por um outro grande expoente do gênero, a série Disgaea, era um título que trazia uma pequena variação ao gênero, trazendo um sistema sem grid de combate, no qual os personagens podiam se mover relativamente livremente pelo mapa, limitados apenas pela quantidade de dm que eles possuíam. Era também um jogo com um plot bastante único, algo que é marca registrada da desenvolvedora japonesa, casando um tom mais leve e bem humorado com uma narrativa bem cativante.

Mesmo com alguns relançamentos ao longo do gênero, as aventuras de Marona, uma adolescente de treze anos capaz de ver fantasmas, e Ash, um fantasma que, enquanto era vivo, trabalhava com os pais de Marona e que recebe a missão de cuidar dela, enquanto ela é a única que pode vê-lo, parecia destinada a ser esquecida como um curioso clássico cult para os fãs mais hardcore do gênero. Surpreendentemente, não mais. A NIS retorna agora a esta ambientação na forma de Phantom Brave: The Lost Hero, novo título que chega agora aos consoles PlayStation.

Phantom Brave: The Lost Hero

Phantom Brave: The Lost Hero se passa seis meses após o jogo original, com Ash e Marona viajando pelos mares quando, surpreendentemente, são atacados por um lendário navio fantasma da Shipwreck Fleet. Ash e Marona então se separam quando ele se esforça para protegê-la e ela se vê em uma ilha totalmente desconhecida chamada Skullrock Island, onde, convenientemente, ela conhece vários outros marujos e uma garota fantasma chamada Apricot.

Apricot e seu pai também foram vítimas da Shipwreck Fleet e o sonho da jovem garotinha fantasma e se reunir novamente com seu pai e reconstruir sua tripulação. Sem ter muito outra solução, Marona e Apricot resolvem trabalhar juntas para criar sua própria frota pirata, navegar no navio reformado pelos mares de Ivoire e, com sorte, reencontrar tanto Ash quanto o tão falado pai da jovenzinha e destruir de uma vez por todas a Shipwreck Fleet.

Muito do quão gostosa é a jornada de The Lost Hero vem justamente do quão divertida e funcional é a dinâmica entre as duas protagonistas. Embora a relação entre uma jovem heroína ou personagem de suporte e um herói seja comum, ainda que originalmente Ash e Marona subvertessem um pouco isso, ver duas garotinhas lutando para destruir uma frota de piratas fantasmas é não só bem pitoresco, mas uma que ajuda demais a dar o tom leve e bem engraçado à narrativa, sem perder sua funcionalidade.

Phantom Brave: The Lost Hero

Parte disso é que Marona segue sendo uma personagem muito alegre e otimista, mas isso só funciona aqui porque o jogador tem em Apricot o completo oposto. Enquanto Marona evoluiu e se tornou uma verdadeira heroína depois dos eventos do jogo original, Marona é uma garotinha fantasma solitária e abandonada, insegura e tímida, mesmo que seja uma guerreira tão eficiente quanto Ash era. É um bom contraponto para os jogadores que viram uma dinâmica meio que invertida no original e faz com que a jornada como um todo e a evolução de ambas as personagens seja bem recompensadora.

Mesmo com todas essas menções ao jogo original de 2004, o qual, aliás, recebeu uma remasterização recente para PS5, jogá-lo não é tão necessário assim para a experiência com esse jogo. Isso vai, naturalmente, enriquecer a experiência, mas essa sequência faz um bom trabalho em te apresentar o básico sobre o que aconteceu com Marona no passado para que você entenda a jornada da protagonista, mas não depende em nada dela, sendo uma história bem isolada e auto-contida.

Em relação ao combate, tudo gira em torno da habilidade da Marona chamada Chartreuse Gale. Esse poder permite que ela invoque Phantoms para lutarem ao lado dela. Para isso, ela precisa não só fazer amizade com esses Phantoms (cujos modelos de personagem serão bem familiares para os jogadores mais versados nos jogos da NIS e podem ser customizados livremente em uma de mais de 50 classes dispníveis), mas invocá-los em batalha através de uma habilidade chamada Confine. Com ela, Marona consegue invocar esses fantasmas em praticamente qualquer objeto, atrelando o espírito a ele por uma quantidade determinada de turnos que, ao expirarem, removerão o Phantom completamente daquela batalha.

Phantom Brave: The Lost Hero

Grande parte do desafio do combate vem do funcionamento desse sistema. Marona, geralmente, só consegue invocar um Phantom por turno, então dificilmente você conseguirá invocar todos os membros da sua equipe de uma vez (Phantoms tem um “custo” de 1 ou 2 pontos dentro de uma pool de 15 pontos, a depender se possuem um item equipado ou não). Personagens têm um círculo de ação ao redor do qual eles podem se mover livremente e, então, usar uma habilidade, incluindo velhas conhecidas de jogos da NIS como pegar e arremessar seus aliados.

A partir daí, cabe ao jogador decidir quem invocar e vinculado a qual objeto, já que o item influencia nos stats do seu Phantom e, quando a batalha acabar, todos os Phantoms ativos receberão EXP. Ao mesmo tempo, derrotar inimigos os fará derrubar itens, que podem ser usados para confinar mais Phantoms ou serem pegos por Marona e usados por ela mesma. Caso seu personagem esteja perto de ser removido, Marona pode atrasar o Remove em um turno através de uma de suas habilidades.

Eventualmente, Marona ganhará também a habilidade de usar itens espalhados ao redor do mapa, através de uma habilidade chamada Confire ou até mesmo usar o Confine no próprio corpo, mudando totalmente sua aparência e suas habilidades através de uma habilidade especial chamada Confriend, a qual tem a sua própria barra que precisa ser carregada. É um sistema bem legal e bem divertido, com uma série de pequenas microdecisões momento a momento que conseguem mantê-lo bem funcional ao longo de toda a jornada.

Phantom Brave: The Lost Hero

No mais, o sistema de progressão do jogo é bem baseado, além do ganho de EXP em batalha, na criação de diferentes instalações ao redor da sua base em Skullrock Island chamadas de Facilities. Essas instalações são desbloqueadas com o decorrer da história e vão te dando acesso a vários bônus, indo de uma loja para comprar itens melhores até uma Marina, na qual você customizará o seu navio, cada um com seus próprios bônus, enviará frotas para coletar itens e até criar novas Dungeons para explorar. Vários dos sistemas que você encontrará aqui são familiares para os jogadores acostumados com Disgaea, mas uma insanidade um pouco mais controlada do que os excessos vistos por lá.

Tecnicamente falando, justamente por não ser dos jogos mais complexos, Phantom Brave: The Lost Hero funciona muito bem no PS5. O jogo não é dos mais impressionantes visualmente, mas é exatamente o que se esperaria de um jogo da NIS, reaproveitando alguns elementos visuais (como os já mencionados modelos de personagem) de Disgaea 7: Vows of the Virtueless, já que usa a mesma estética 3D adotada por lá, mas trazendo um sabor piratesco para a fórmula.

No geral, Phantom Brave: The Lost Hero é uma experiência imensamente divertida e, mesmo com algumas limitações advindas de um orçamento mais reduzido, ele entrega o que um fã do gênero mais gostaria dele: uma boa história cheia de momentos leves e divertidos e um gameplay que é, ao mesmo tempo, desafiador e recompensador de se executar. Se você gosta do gênero mas está cansado da repetitividade vista nele, esse é o RPG de Estratégia perfeito para você.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela NIS America.

Veredito

Phantom Brave: The Lost Hero traz sua própria abordagem para os SRPGs e, com isso, um frescor digno da melhor das brisas do mar. Com uma história leve e agradável, além de um gameplay engajante, temos águas muito boas de se navegar para os fãs do gênero.

80

Phantom Brave: The Lost Hero

Fabricante: Nippon Ichi Software

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: RPG de Estratégia

Distribuidora: NIS America

Lançamento: 30/01/2025

Dublado:

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

Comprar na

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Phantom Brave: The Lost Hero brings its own approach to SRPGs, and with it, a freshness worthy of the best sea breeze. With a light and pleasant story, as well as engaging gameplay, we have very good waters to navigate for fans of the genre.

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