Onee Chanbara é uma série de hack-and-slash na qual você enfrenta zumbis, organizações secretas e outros inimigos dignos de filmes B de horror em uma trama que, usualmente, não se leva a sério e fornece algumas boas horas de diversão sem muitas complicações. O jogo anterior, Chaos Z2, ficou marcado em minha memória como um Devil May Cry mais simplório e com um orçamento muito menor, então minhas expectativas em relação a Origins eram de uma experiência semelhante.
O jogo se inicia com Aya, uma caçadora de zumbis, em procura de seu pai e irmã que desapareceram anos antes do início do jogo. Após receber uma mensagem de sua irmã Saki, Aya finalmente tem uma pista sobre sua localização e resolve investigá-la. A jornada de Saki é então repleta de brigas familiares, organizações secretas, armas mutantes e outros elementos bizarros e tudo isso seria perfeito se o jogo mantivesse um tom de não se levar a sério.
Infelizmente, o jogo tenta fazer um esforço extremamente melodramático para que o jogador se importe com a situação familiar de seus inimigos e de Aya e sua irmã Saki. Em suma, isso tudo não funciona nem um pouco. Os desenvolvimentos dos personagens e acontecimentos são abruptos demais, a atuação é péssima, a escrita dos diálogos também não ajuda e muitos outros problemas que daria trabalho demais de listar. Em minha experiência, isso causou um sentimento de indiferença para toda a história e seus personagens. Chaos Z2, pelo menos, tinha uma história estúpida, mas justamente por isso conseguia divertir o jogador.
No entanto, o que mais me incomodou foi em relação ao gameplay, principalmente por minha experiência em Origins ser consideravelmente diferente da que eu me recordava em Chaos Z2. O combate de Origins tem ataques normais que, com um bom tempo de execução, causam dano extra aos inimigos e ataques especiais que utilizam de uma barra especial que pode ser preenchida derrotando inimigos ou desviando de ataques. Conforme as personagens se banham no sangue de inimigos, elas se transformam e podem causar ainda mais dano e até mesmo regenerar sua vida. Também é necessário “recarregar” suas armas, ou seja, limpá-las do sangue derramado, caso contrário seu dano será drasticamente diminuído. Até aqui são todas mecânicas semelhantes ao jogo anterior.
A diferença de Origins está no foco em atordoar seus inimigos com parries (defender no momento exato em que um ataque inimigo conecta com seu personagem) e com ataques fracos. Um inimigo atordoado leva mais dano e também permite que um ataque especial seja executado e que, particularmente, é bastante útil para lidar com inimigos menores. O confronto contra chefes funciona de maneira semelhante, sendo que a melhor estratégia é justamente realizar parries em seus ataques de forma consecutiva até que estejam atordoados ou abram espaço em suas defesas para ataques normais. Outra mudança que, inicialmente, pode parecer irrelevante é a existência de níveis para cada personagem, sendo que aumentar esses garante pontos para aumentar vida, ataque ou defesa.
Se Onee Chanbara Chaos Z2, título anterior, era um Devil May Cry com o orçamento baixo, Onee Chanbara Origins tenta ser um Sekiro de orçamento baixo. No entanto, a mudança de um jogo de pura ação para um RPG de ação fez com que as falhas do título se sobressaíssem ainda mais. De forma simples, os “sistemas legado” de ação presentes em Onee Chanbara simplesmente não foram bem adaptados para uma jogabilidade de um RPG de ação.
Por exemplo, alguns inimigos têm sinais de quando irão atacar para que o jogador possa ter uma ideia de quando utilizar o parry. No entanto, o tempo dos sinais e dos ataques varia tanto que o mesmo mais atrapalha do que ajuda. É como se fosse um jogo de ritmo, onde as notas estão mal posicionadas em relação a música. Outro exemplo são as transformações e os status que alteram tanto o balanceamento do jogo que é possível derrotar qualquer inimigo sem se preocupar com absolutamente nada além dos ataques normais. As mudanças no gênero, no final das contas, fez com que a parte ação característica da série se tornasse mais simplificada e a nova parte RPG ficasse sem complexidade alguma para justificar a mudança.
Além disso, Onee Chanbara Origins é um jogo extremamente raquítico em seu conteúdo em praticamente todos os aspectos. Existem duas personagens jogáveis (e uma secreta), sendo que cada uma tem apenas duas armas com poucos ataques. A campanha dura menos de seis horas e a variedade de inimigos é mínima. Além da campanha existe um modo missão que, essencialmente, são ondas de inimigos intermináveis até que o jogador seja derrotado e sem padrões ou mudanças interessantes que justifiquem a existência do modo. Para um título que ainda pede preço completo, não me parece uma quantia adequada de conteúdo.
Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela D3 Publisher.
Veredito
Onee Chanbara Origins é raquítico em relação a conteúdo e seu combate simplesmente não evoluiu bem com as novas mudanças. É um título que, talvez, venha a se tornar um fundamento para um jogo especial futuramente, mas, no momento, posso recomendar apenas para os fãs mais dedicados da série.
Onee Chanbara Origins lacks a lot in terms of content and its combat has simply not progressed well with the new changes. It’s a title that, perhaps, will become a foundation for a special game in the future, but for the moment, I can recommend only to the most dedicated fans of the series.
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